“Skate não é apenas uma brincadeira sobre quatro rodas”
O skatista gaúcho Héricles Fagundes disputa vaga nas Olimpíadas de Verão de Tóquio deste ano
Entre as cinco novas modalidades olímpicas que irão estrear em Tóquio 2021 está o skate. Considerado mais do que apenas um esporte entre aqueles que o praticam, a inclusão do skate nos jogos, aprovada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), tem como objetivo rejuvenescer o público que irá acompanhar o evento.
O gaúcho Héricles Fagundes é um dos skatistas brasileiros que buscam a classificação para as Olimpíadas. Natural de Sapucaia do Sul, ele afirma que a disputa pela vaga está acirrada. “O ranking parou por conta da pandemia e iremos retomar a competição em maio. Provavelmente teremos apenas mais duas etapas, porque os jogos ocorrerão em julho”, explica.
Segundo Héricles, a seleção brasileira trabalha diariamente em cinco frentes: a academia, o funcional, a alimentação, o psicológico e o esporte em si. “Creio que chegaremos com uma equipe bem forte, pois o Brasil tem grandes chances de medalha nas Olimpíadas”, analisa.
O skatista revela que os treinamentos para os jogos de Tóquio foram impactados pela pandemia do novo coronavírus. “Mesmo sendo um esporte individual e que não exige muito contato físico com outras pessoas, há riscos de quedas e acidentes que poderiam tirar vagas hospitalares de infectados pelo vírus e que precisam de leitos”, aponta Héricles.
O gaúcho diz ainda que, com o retorno dos treinamentos, os protocolos de distanciamento estão sendo seguidos à risca pelos praticantes da modalidade.
Héricles vê com bons olhos a introdução do skate como esporte olímpico. De acordo com ele, o evento abrirá portas e despertará o interesse de futuros skatistas no Brasil.
O atleta defende, ainda, que o skate é muito marginalizado pela sociedade. “As Olimpíadas mostrarão que o esporte não é uma brincadeira sobre quatro rodas e que existem atletas e pessoas que trabalham com isso e mudam vidas com a prática do skate”, pontua.
Héricles espera que o skate cresça após os jogos de Tóquio e traga mais recursos financeiros para o esporte no Brasil. “Para que não só o skate em si possa prosperar, mas também os praticantes da modalidade possam viver deste esporte, que é uma filosofia de vida que nos ensina a seguir em frente e nunca desistir”, ensina.
Prática da modalidade e história
A atividade do skate consiste na realização de manobras deslizando sobre o solo e outras superfícies, com o atleta equilibrando-se em cima da prancha (shape). Na prática profissional são necessários equipamentos de segurança como capacete, tornozeleira e cotoveleira. O skate é considerado também um estilo de vida, já que os skatistas têm seus próprios costumes e moda característica.
Entre as diversas categorias de realização das manobras, as mais utilizadas são a Street, que consiste em um circuito com obstáculos como bancos, corrimões e escadas de ruas, e a Half Pipe, feita em uma rampa com o formato da letra U.
Esporte considerado jovem e radical, segundo o site do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o skate surgiu na década de 1950, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e foi trazido para o Brasil na década seguinte.
A estreia do skate no circuito olímpico ocorre no dia 25 de julho, às 21h no horário de Brasília (9h no horário de Tóquio).