Projetos voluntários confeccionam roupas através de doações

Comunidades de Parobé e Porto Alegre são beneficiadas por iniciativas desenvolvidas por grupos de mulheres

Felipe Silva
Redação Beta
4 min readMay 21, 2019

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Com o inverno chegando, pessoas se mobilizam para ajudar aqueles que não possuem condições para se agasalhar adequadamente. Além de iniciativas tradicionais, como a Campanha do Agasalho, as voluntárias do grupo Berta Siminovich, de Porto Alegre, desenvolvem o projeto Fios que Aquecem em Quadradinhos, enquanto mulheres de Parobé se dedicam à confecção de roupas destinadas à doação.

Segundo a consultora do Grupo Malwee Brasil, Bárbara Medlin, a prática da moda consciente incentiva as pessoas a utilizarem somente as roupas realmente necessárias, permitindo assim o repasse das peças que sobram no armário. “Não precisamos mudar o jeito que as pessoas gostam de se vestir, apenas entender que muito mais do que uma tendência, a moda consciente representa um estilo de vida”, afirma.

Integrantes do Projeto Fios que Aquecem recebem doações de lãs. (Reprodução/ Facebook)

Voluntariado como solução

Há três anos um grupo de mulheres de Parobé atua em um projeto que confecciona roupas a partir de retalhos de malhas. O material produzido é distribuído para a comunidade carente. Neste ano, a Secretaria de Assistência Social disponibilizou o Centro Profissionalizante do município para a realização do trabalho. Até o ano passado, o projeto ocorria de maneira improvisada na casa das voluntárias.

Agasalhos são produzidos através de doações de retalhos. (Foto: Felipe da Silva/Beta Redação)

Elaine Cadore Boligon, representante da Emater, entidade que desenvolve a atividade, explica que criou o projeto para atender às necessidades das pessoas do interior de Parobé que sofrem com a falta de políticas públicas. “Tudo começou quando percebi que a ajuda não estava chegando ao meio rural e que os grupos de mulheres deveriam se envolver com as questões sociais e com as vulnerabilidades dos menos favorecidos”, relata Elaine ao destacar a grande adesão ao projeto.

O grupo de voluntárias, formado por mulheres de diversas localidades do interior de Parobé, se reúne todas as quartas-feiras e já confeccionou, ao longo de três anos, cerca de 700 peças de roupa para adultos e crianças. A malharia Bonneterie, de Novo Hamburgo, é parceira do projeto e fornece retalhos para a confecção.

Fios que Aquecem

O projeto Fios que Aquecem em Quadradinhos é uma atividade voluntária desenvolvida pelo Grupo Berta Siminovich, que pertence ao Naamat Pioneiras atuante no Brasil, desde 1948. O projeto tem como o objetivo confeccionar mantas formadas por quadradinhos de crochê através de doações de lãs recolhidas pelo grupo.

“Organizamos oficinas de crochê para ensinar quem tem curiosidade ou vontade de colaborar com o projeto”, destaca a integrante do projeto, Jane Altschieler.

Jane, que também é psicologa, aponta como benefícios para quem participa a sensação de orgulho, além de lidar com seus próprios conflitos e sofrimentos. “Estar no grupo promove o sentimento de pertencer a algo, que remete ao fato de não estar só”, explica. Já para quem recebe a doação, a sensação é de acolhimento e carinho, sabendo que existe alguém que pense nela.

Ao todo, mais de 70 alunas já aprenderam a produzir os quadradinhos e muitas delas se tornaram voluntárias do projeto. Para participar, Jane afirma que não há nenhuma exigência, apenas vontade. Atualmente, mais de 70 pessoas estão diretamente envolvidas na confecção das mantas.

Mantas confeccionadas pelo grupo são doadas para instituições de caridade. (Reprodução/Facebook)

De acordo com Patrícia Fuentes, outra participante do projeto, no fim do ano passado o shopping João Pessoa decidiu apoiar o grupo, cedendo um espaço para a confecção das mantas. “Estamos realizando várias oficinas nos espaços do shopping. Além disso, fizemos uma grande festa para comemorar a confecção de 50 mantas doadas ao Abrigo Cônego de Nadal. Foi uma grande emoção”, comenta.

Integrantes do Abrigo Cônego Paulo de Nadal, durante o ato de entrega das mantas. (Foto: Reprodução/ Facebook)

Sandra Pacheco, diretora do Abrigo Cônego Paulo de Nadal, instituição que atualmente recebe pessoas com deficiência intelectual, afirma que todos se sentiram muito felizes com as doações. “Sem dúvida foi um ato de muito carinho e amor ao próximo. Estes anjos, além de ficarem bem quentinhos com as mantas, estavam muito felizes, pois poderão colorir os seus dias”, destaca.

Também receberam doações do grupo as entidades SOS Casa de Acolhida, a Casa Menino Jesus de Praga e o Asilo Padre Cacique.

Maneiras de ajudar o Projeto Fios que Aquecem em Quadrinhos. (Arte: Felipe da Silva/Beta Redação)

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Felipe Silva
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