Sushi sem peixe é tendência na Feira Vegana de Porto Alegre

Casal de Viamão abriu delivery que conta com um variado cardápio de opções veganas

Laura Rolim
Redação Beta
4 min readJun 28, 2023

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Encomendas podem ser feitas com um dia de antecedência, de quinta a domingo. (Foto: Arquivo Pessoal/Gustavo Spader)

Você já ouviu falar sobre sushi sem peixe? Essa é a proposta do delivery "Melhor Que Peixe", um empreendimento que oferece sushi vegano na região de Porto Alegre, Viamão e Alvorada. A ideia surgiu a partir das experiências dos donos, que, ao saírem para comer, não encontravam opções veganas nos restaurantes de sushi. O casal decidiu, então, montar o próprio negócio e, hoje, acumulam quase 4 mil seguidores no perfil do Instagram.

Gustavo Spader e Ana Carolina Silveira Martins são os proprietários do "Melhor Que Peixe". O casal conta que o delivery surgiu, em 2022, a partir da dificuldade que identificaram para encontrar sushi sem derivados animais nos restaurantes da região.

Casal expondo durante a Feira Vegana de Porto Alegre. (Foto: Arquivo Pessoal/Gustavo Spader)

“Íamos aos lugares e eles não tinham opções veganas. Apenas o que havia sobrado ou o que estava na geladeira. Eram sempre de pepino, tomate seco, essas coisas. Sentíamos falta, pois pagávamos pelo preço de um salmão”, relembra Spader.

A partir daí, o casal passou a elaborar o próprio sushi e os amigos deram a ideia de vender a novidade. Depois, Gustavo e Ana Carolina se especializaram e resolveram inaugurar o delivery de sushi sem peixe em Viamão e Porto Alegre. Para eles, o principal desafio é recriar a experiência do gosto do peixe. Entretanto, Spader ressalta que a proposta deles é outra.

“Ao invés da comida oriental tradicional, utilizamos insumos brasileiros. Nossa pegada é usar o que a gente tem perto. Para quem sente vontade de comer peixe, de ter o gosto do peixe, aí temos o atum vegetal. A gente não busca trazer tanto o gosto do peixe, porque quando a gente se torna vegano, criamos uma aversão ao gosto”, comenta.

Os principais ingredientes do cardápio do empreendimento são diferentes legumes em preparos variados, como tofu, pepino, berinjela, brócolis, couve, tomates secos artesanais e pimentão. Cogumelos também são bastante utilizados nas receitas.

Além disso, ingredientes ultraprocessados e industrializados também fazem parte dos insumos. “Estamos sempre inventando. O sushi dá uma flexibilidade gigante para usar o que quiser. Claro que tem que ficar gostoso”, afirma o empreendedor.

Apesar dos primeiros registros documentais datarem do ano 718, o sushi já era conhecido antes disso, mas o processo de preparo podia levar até um ano. (Imagem: Lucas Alves/Beta Redação)

Ingredientes frescos para os clientes

De acordo com Spader, quando participam das feiras veganas, o processo de preparo começa horas antes — tudo para oferecer um produto fresquinho aos consumidores. Quanto à qualidade do arroz a ser utilizado, há um procedimento para medir o pH, a fim de controlar o resultado e evitar a proliferação de bactérias.

“A gente não faz nada de um dia para o outro. Nas feiras veganas, a gente acorda às 5h da manhã para fazer todo o preparo do arroz e de tudo, para chegar o mais perto possível da feira, produzir e levar”, explica.

Os principais ingredientes do cardápio são legumes variados. (Foto: Arquivo Pessoal/Gustavo Spader)

Questão de saúde

O casal de empreendedores estuda Gestão Ambiental e considera o consumo baseado em plantas como uma questão de saúde e, também, de meio ambiente. “O sushi vegano não empanturra. Como o sushi com peixe é algo cru, o organismo começa a negar a comida e tu já ficas estufado. Do sushi vegano, consegues comer um monte, além de não ter os riscos dos peixes. Os salmões são artificiais, pois são criados em cativeiros, à base de ração, que faz com que fiquem mais avermelhados”, expõe Spader.

Segundo dados da Associação Brasileira da Psicultura (Peixe BR), em 2022, o Brasil atingiu 860.355 toneladas de peixe cultivados, com receita de cerca de 9 bilhões de reais. Além disso, nos últimos anos, também de acordo com a Peixe BR, a produção de peixes aumentou 48,6% no país. Em 2014, eram 578.800 toneladas, e, em 2022, 860.355 toneladas.

“Tem opção vegana?”

Quando não era adepta da alimentação vegana e sentia vontade de comer sushi, Letícia Oliveira, professora e moradora de São Leopoldo, apenas ia ao restaurante mais próximo e “matava” o desejo.

“Geralmente, não procurava novos lugares ou indicações, eu só ia. Atualmente, procuro lugares que tenham opção ou que sejam indicados por pessoas veganas, que já foram e conhecem as opções, além de sempre perguntar no estabelecimento sobre as opções veganas no cardápio”, conta.

De acordo com Letícia, os restaurantes não parecem se importar com as escolhas dos apreciadores de sushi vegano no momento de montar o cardápio. “Gostaria de mais variedades de sabores. O reino vegetal é tão extenso, dá para ser bem criativo na cozinha vegana”, sugere.

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