Transporte público é opção para os idosos de Porto Alegre

Assentos preferenciais e isenção da passagem facilitam a vida de quem está na terceira idade

Tina Borba
Redação Beta
4 min readJul 11, 2018

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Com Renata Simmi e Alessandro Sasso

Bancos preferenciais são sinalizados com adesivos e cores diferentes dos demais (Foto: Renata Simmi/Beta Redação)

Em 2018, o Estatuto do Idoso completa 15 anos. Garantido pela Lei Federal 10.741/2003, ele prevê uma série de direitos básicos das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, como: a proteção à vida, à saúde, à liberdade, à dignidade, e o direito à educação e ao lazer. Os repórteres da Beta Redação foram às ruas, mais precisamente ao transporte público, para conferir como funciona na prática esse serviço para os idosos.

Porto Alegre é a capital com mais idosos no país: conforme o censo do IBGE de 2010, 15% da população já passou dos 65 anos. O Artigo 39 do Estatuto do Idoso garante gratuidade no transporte público coletivo à terceira idade. Os porto-alegrenses que estão nessa faixa etária podem exercer o direito através do cartão TRI, modalidade de isenção — destinado também a deficientes. A Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) registra mais de 800 mil usuários atualmente.

Para contemplar esse número expressivo de consumidores, medidas especiais se tornam necessárias para que os direitos sejam respeitados integralmente. Em relação aos acidentes de trânsito envolvendo idosos, foram registrados 1.149 casos de 2016 a 20 de junho deste ano, segundo o relatório da EPTC. Desses, 72 caíram dentro do ônibus.

(Tina Borba/Beta Redação)

Com o objetivo de desenvolver atitudes preventivas, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) realiza o projeto Pedestre Idoso. A iniciativa surgiu em 2016, através da Comissão de Análises de Acidentes do programa Vida no Trânsito, composta por representantes do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), Secretarias Municipal e Estadual de Saúde e EPTC.

Segundo a agente de fiscalização da Coordenação de Educação para Mobilidade da EPTC, Luciana Pereira, as atividades são promovidas com os prestadores de serviço e consumidores do transporte. Em relação à esfera corporativa, relata: “Capacitamos operadores de transporte coletivo para que tenham o entendimento das necessidades da pessoa idosa em seus deslocamentos no espaço público”. Com os usuários idosos o trabalho é de prevenção: “Em nossas palestras mostramos a importância do autocuidado, além de atitudes preventivas no trânsito e comportamentos de risco em espaços públicos”. Nesse sentido, os esforços estão gerando resultados.

Numa noite gelada de segunda-feira e com chuva torrencial, Elisabete Freitas, 64 anos, aguarda a linha T6 no Terminal Triângulo, na zona norte da Capital. Ela diz que não tem problemas quando opta pelo ônibus dentro de Porto Alegre e que costuma utilizar esse meio para se locomover: “As pessoas me dão lugar para sentar. Mais as mulheres do que os homens”. Em respeito aos direitos defendidos, os idosos têm preferência pelo uso do transporte público.

Em comparação, Elisabete conta que a situação é um pouco diferente nas linhas intermunicipais, pois os passageiros não cedem seus lugares, como ocorre em Porto Alegre: “Acho os motoristas e cobradores bem eficientes na fiscalização para que os assentos prioritários fiquem à disposição dos usuários que se enquadram para os lugares”. Esse direito é previsto no 2º parágrafo do Artigo 39 do Estatuto do Idoso, que informa a reserva de 10% dos assentos para os idosos nos veículos de transporte coletivo.

Elisabete Freitas utiliza o Terminal Triângulo quase todos os dias para ir trabalhar e realizar as tarefas de sua rotina. (Foto: Renata Simmi/Beta Redação)

A moradora de Viamão Lídia Szinerevelski, 70 anos, não abre mão do transporte público, seja trem ou ônibus. Ela relata que os próprios passageiros auxiliam os idosos na entrada e saída do trem (por conta do vão entre o vagão e a plataforma) e também chamam a atenção quando alguém fora das categorias está utilizando os bancos preferenciais. “Eu tenho bastante sorte. Uso bastante o trem e alguém sempre dá lugar”, comemora.

Apesar da preocupação com a segurança devido ao número de assaltos nas linhas da Capital, Iara Medeiros, 74 anos, coloca o medo de lado e, sempre que pode, usa o ônibus em vez do carro. “É ruim de estacionar, e eu fiquei com mais medo de ser assaltada depois que roubaram o meu carro. Prefiro ir trabalhar de ônibus”, relata. Iara diz que a gratuidade da passagem facilita a sua locomoção diária. “Eu ia gastar muito se tivesse que pagar a passagem todo o dia. Desde que comecei a não pagar, tenho saído mais e fica mais fácil ir onde eu quero”, conclui.

A reportagem entrou em contato com a Trensurb, mas não obteve retorno até o fechamento dessa reportagem.

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Tina Borba
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