Trocas pelo conhecimento

Com o objetivo de promover a leitura e renovar os acervos bibliotecários, Feira de Troca de Livros de Porto Alegre chegou à 17ª edição no último sábado (29/9)

Leonardo Ozório
Redação Beta
3 min readOct 5, 2018

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Bibliotecas disponibilizaram de 100 a 150 títulos do seu acervo para fins de troca e renovação. (Foto: Thiago Greco/Beta Redação)

Assim como uma boa e velha obra literária, a 17ª Feira de Troca de Livros de Porto Alegre, realizada no último sábado (29/9), possibilita acesso a grandes histórias. Caso de cidadãos que, pelos mais diversos motivos, permitiram-se à programação sediada no Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues — que ainda promove oficinas, sarau, palestras, entre outras atividades.

Laura Vieira, 19 anos, por exemplo, é movida pelo interesse de “politizar-se” cada dia mais. Acompanhada do pai, José Francisco Vieira, 57, a jovem carrega dois livros “muito bem aproveitados” durante a infância e, com estes, perambula pelo saguão, por cada uma das cinco bancas — que representam as bibliotecas participantes — em busca de acervos voltados a direitos e deveres sociais.

“Usei eles (os livros) duas ou três vezes na época da escola. Ficaram um tempão guardados. A feira acaba reservando a oportunidade de amadurecer minhas leituras e oferecer duas opções a mais para as crianças”, compreende a estudante, justificando a conservação dos dois contos de fadas prestes a serem escambados.

Não bastassem as duas trocas, feitas com sucesso, Laura ainda foi contemplada pela sessão “Pegue e leve”, após avistar um exemplar da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, publicado há décadas.

“É uma relíquia”, considera.

Centro Municipal de Cultura abriu as portas para mais uma edição da feira — desta vez pelo terceiro ano consecutivo. (Foto: Thiago Greco/Beta Redação)

Por outro lado, Jussara de Abreu, 63 anos, procura por sugestões que acompanhem a sua mais nova etapa. Aposentada há cerca de três meses, cede preferência a poesias e romances que possam lhe oferecer sossego e reflexões. Questionada sobre os autores prediletos, não hesita em pensar:

“Clarice (Lispector). Só que geralmente é difícil encontrar obras dela por aqui”, lamenta, em sua segunda participação na feira.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Centro Municipal de Cultura recebe o evento, que é instituído pela Lei Municipal n° 9.716 , de dezembro de 2004 — garantindo, portanto, a promoção da feira em todos os anos, no último domingo de setembro. Cada biblioteca disponibilizou entre 100 e 150 livros para fins de exposição e/ou troca por outros títulos.

De acordo com a diretora da Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães, Renata Borges, foram registradas mais de 300 trocas ao longo do dia.

“O resultado da feira foi muito bom, pois significa que muitos títulos de qualidade entrarão para o acervo da nossa e das outras bibliotecas participantes. Dá pra dizer que a feira cumpriu o seu papel de renovar os acervos e promover a leitura”, avalia a bibliotecária.

Demais atrações

Atividades recreativas, reflexivas e de ensino-aprendizagem complementaram o cronograma da feira. Com o apoio de entidades e instituições, o público pôde prestigiar contação de histórias, poesias e sarau — proporcionados pelo Grupo Cataventus, Leitor de Rua e O Café Poético.

As oficinas, por sua vez, foram voltadas a dicas para preservação de livros e criação de cadernetas artesanais. No mezanino da Casa, foram discutidos assuntos como a essencialidade da literatura ao ser humano e a cultura dos Emirados Árabes. As mediações foram feitas pela bibliotecária Luciana Kramer e pela escritora Leila Pereira, respectivamente.

O projeto Bikeoteca, oriundo de uma parceria do Pedal da Inclusão com o Banco de Livros, foi outra atração que despertou curiosidades. Consiste, basicamente, em bicicletas personalizadas que rodam pela Capital com o intuito semelhante à feira: a troca de livros.

Bicicleta do Projeto Bikeoteca esteve estacionada pelo saguão do Centro Municipal de Cultura. (Foto: Thiago Greco/Beta Redação)

Participaram da feira as bibliotecas da Secretaria Municipal de Educação (SMEd), do Atelier Livre, da Rede de Bibliotecas Comunitárias, além das duas unidades da Josué Guimarães.

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Leonardo Ozório
Redação Beta

Graduando eterno em aprendizagem — em Jornalismo, até o final de 2018. Nas horas vagas, um assíduo por literaturas esportivas, históricas e bibliográficas.