Um líder que viveu para seu filho

Ilmar Ries Gomes (1967–2021)

ângelo gabriel santos
Redação Beta
2 min readApr 21, 2021

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Ilmar com seu filho Guilherme. (Foto: Arquivo pessoal).

Natural de Morrinhos do Sul, município do Rio Grande do Sul, Ilmar Ries Gomes era definido como “persistente” pelo seu único filho, Guilherme Gomes. O coordenador de retífica começou a vida trabalhando no interior e, aos 18 anos, mudou-se para São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre. Mais ou menos nesta época também começou a jogar futebol no time Torrense, do bairro Vicentina, no qual foi morar.

Foi através do esporte, inclusive, que conheceu sua esposa, Nelci Santos. Tornou-se amigo do filho dela enquanto jogava no Torrense e, aos poucos, aproximou-se daquela que seria sua primeira e única namorada oficial. Não demorou muito para que tivesse Guilherme, o único filho do casal Nelci e Ilmar.

“Eu escutei no velório, e também escutei depois, que meu pai vivia para mim. E eu sempre soube disso. Eu também escutei na firma dele que ele deixava de pedir lanche para guardar dinheiro caso eu precisasse”, conta o hoje estudante de Relações Públicas da Unisinos. O filho também lembra de sua infância, quando Ilmar o levava para a creche em cima de uma bicicleta.

Guilherme relata que o pai era durão e que só o viu chorar três vezes. A primeira, quando o avô paterno faleceu. A segunda, quando Ilmar o levou para estudar e morar na Universidade de Santa Maria e preocupou-se com o bem-estar do filho. E a última, minutos antes de ser intubado no hospital.

Mas os olhos do industriário brilhavam quando deixava o filho na faculdade. Isso o deixava feliz, já que estudou até a quinta série. A conquista de Guilherme era, na verdade, dos dois. Por isso, Guilherme reforça que não é justo reduzir a grandiosidade da vida de Ilmar ao acontecimento que o levou a morte, com o surto de Covid-19.

Fã de música sertaneja, Ilmar dizia reconhecer sua história na música de Zezé Di Camargo e Luciano. Sempre lembrava do dia em que saiu de casa e deixou seus pais rumo à cidade grande. Ele, que virou passarinho para voar, apaixonou-se pelos animaizinhos e os criava em casa. No seu tempo livre, gostava de cuidar deles e aproveitar a natureza — além de jogar futebol.

Ilmar se tornou um líder do bairro Vicentina, e era reconhecido pelos seus churrascos. Estava sempre disposto a ajudar seus vizinhos e familiares, era dedicado e passava segurança para os amigos e conhecidos.

Recentemente, não via a hora de se aposentar. Comprou um terreno em Morrinhos e pretendia voltar para sua terra natal para passar uns dias no local e descansar.

Ilmar Ries Gomes nasceu em Torres (RS) e faleceu em São Leopoldo (RS), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.

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ângelo gabriel santos
Redação Beta

aspirante a escritor e jornalista; escrevo sobre o que eu sinto e depois me arrependo.