Um lar para a música

Após 68 anos, Ospa terá espaço próprio para ensaios e apresentações

Érika Ferraz
Redação Beta
4 min readMar 24, 2018

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A capital gaúcha testemunhará um feito muito importante para a história da música: o concerto inaugural na Sala de Concertos da Casa da Música da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). A fase 1 das obras do complexo musical foi concluída e será o primeiro espaço próprio da orquestra.

Depois de 68 anos de história, a apresentação marca o início da temporada 2018 e de uma nova etapa da música para a Porto Alegre.

“Pessoas entraram na Ospa, se aposentaram, faleceram e não conseguiram tocar em uma sala própria do grupo”, afirma, com pesar, o maestro Arthur Barbosa, violinista da orquestra desde 1998. Ele comemora o que todos aguardavam ansiosamente: a Casa da Música da Ospa.

Regente Evandro Matté, acompanhado do Secretário da Cultura Victor Hugo e do superintendente administrativo da Ospa Rogério Beidacki. Crédito: Érika Ferraz/Beta Redação

Segundo o superintendente administrativo da orquestra, Rogério Beidacki, a Sala de Concertos teve seu primeiro projeto no Shopping Total. Naquela oportunidade, quando lançado o projeto, descobriu-se que a área era cedida e não poderia ser doada para Ospa nem financiada pelo Ministério da Cultura, que na época tinha disponibilizado verba para a obra.

“Mudou-se o projeto e fomos para o Parque da Harmonia, mas a empresa começou a apresentar problemas e rompemos o contrato. Quando chamamos a segunda empresa que venceu a licitação, ela faliu”, lamenta. Em 2003, a obra já estava com um custo estimado de mais de 40 milhões. “Havia este espaço no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF) e desde então foi estudado a possibilidade e deu certo. Acabamos entregando uma construção que custou 5 milhões”.

“A Ospa desde que foi fundada, em 1950, ensaia em um lugar e toca em outro. A acústica muda, as condições também. Então você prepara todo espetáculo, e tem que fazer de uma forma diferente por causa da troca de lugar”, destaca Evandro, maestro e diretor artístico da Ospa, regente na orquestra desde 2015.

Casa da Música da Ospa no CAFF

“Uma orquestra para ter a sua identidade, para poder se organizar na sua forma de tocar e ter um resultado musical de qualidade, ela precisa de um espaço, onde ela ensaie e faça os seus concertos”, explica Evandro.

“Tivemos o apoio de empresas gaúchas. A que fez as cadeiras é de Erechim, ela desenvolveu com um bom custo-benefício. Também contamos com uma empresa que fez a instalação do ar-condicionado, importante para a preservação dos instrumentos”, relatou o secretário de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Victor Hugo.

A sala de concertos conta com 1.100 lugares. No local, também haverá camarins, café, salas de estudos, saguão, entre outros espaços.

No teto, foram colocadas placas acústicas em orientações variadas, que projetarão o som da forma mais adequada para a apreciação da música. A grande maioria das poltronas terá visibilidade de 100%.

Uma apresentação, duas estreias

Aguardado pelos músicos e pelo público, o solista convidado para o concerto, Cristian Budu, primeiro brasileiro a vencer o 25º Concurso Internacional de Piano Clara Haskil, na Suíça, estreará o piano Steinway, a marca mais reconhecida e prestigiada entre os músicos de todo o mundo.

O instrumento também enfrentou entraves burocráticos até chegar a Casa da Música da Ospa. Budu relata que um piano foi comprado em 1997, mas a Receita Federal confiscou, pois a importadora não teria pago impostos na época. Agora, um novo foi entregue a orquestra.

“Em um momento em que a cultura não é prioridade, poder estar aqui e presenciar isto, não tem preço”, afirmou o solista Cristian Budu. Crédito: Érika Ferraz/Beta Redação

Em relação a parte técnica, o piano de cauda é mais longo do que a média, o que proporciona a melhor definição dos graves. “Esse é o melhor da marca que já vi e toquei. É uma conquista histórica para a Casa”, relata Cristian.

Concertos de Abertura da Temporada 2018 em Porto Alegre — Série Pablo Komlós

Programa:

-Arthur Barbosa: Mba’epu Porã (Abertura Sinfônica)

-George Gershwin: Rhapsody in Blue | Solista: Cristian Budu (piano)

-Antonín Dvorák: Sinfonia nº9 em mi menor — “Novo Mundo”

Regência: Evandro Matté

Quando: 24 de março (sábado) e 25 de março (domingo)

Horário: as duas apresentações ocorrem às 17h

Local: Sala de Concertos da Casa da Música da Ospa (Centro Administrativo Fernando Ferrari — Av. Borges de Medeiros, nº 1501/Centro, Porto Alegre-RS)

Ingressos: Bilheteria da Casa da Música. Venda online encerrada.

Valores: R$ 80 (camarote), R$ 40 (plateia) e R$ 30 (mezaninos e balcões), com desconto de 50% para estudantes e seniores.

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