Um pai para aqueles que o conheceram
Adair Linck (1950–2021)
O vermelho geralmente é associado ao sentimento de amor, sendo a cor que costuma representar o coração. Para Bruna Linck, filha de Adair Linck, a cor remete à maior paixão do seu pai: o Sport Club Internacional. “Ele usava roupa, boné, carteira e chaveiro do Inter. Suas coisas eram vermelhas. Se alguém não gostasse do Inter, ele começava uma longa conversa explicando os motivos de o time ser o melhor”, relembra ela.
Para Bruna, Adair era um ser humano com coração enorme, que estava sempre de bem com a vida e gostava de conversar. Um dos exemplos usados por ela é o fato de chegar nos lugares, iniciar diálogos e conhecer novas pessoas. “Ele dizia: ‘Tchê, toma um chimarrão’, ‘Na minha época não era assim’, ‘Os tempos estão mudando, sou muito feliz, pois vivi na melhor época’. Eram algumas das frases dele”, recorda a filha.
Há um ano e meio morando na Espanha, Bruna relembra a dificuldade de subir no avião e deixá-lo no aeroporto. “Realmente não imaginava que seria a última vez que iria abraçar ele.” Mesmo com a distância, as videochamadas foram a solução encontrada para os dois permanecerem próximos e compartilharem os acontecimentos cotidianos.
No período em que o pai esteve internado no hospital, Bruna fazia companhia e auxiliava a mãe direto do continente europeu. “Ligava para ele enquanto ela comia para bater um papo, antes de dormir, até o jogo que o Inter perdeu assistimos juntos por vídeo. Fazíamos orações juntos todos os dias”, conta, listando momentos que vivenciou com ele, pois mesmo distante fisicamente, encontrou alternativa para estar perto.
Um dos momentos mais marcantes que viveu com seu pai foi o dia do casamento. Quando ele esperava por ela na frente da igreja, uma frase se tornou inesquecível: “Estou orgulhoso de você”.
“Sempre digo que não fui a única a perder um pai. Ele era paizão de todos os meus amigos, aceitava as pessoas e amava ajudar. Era uma pessoa do bem. Por mais que a vida me dê motivos para ser triste, tenho que lembrar dele e que posso escolher ser feliz. Meu pai sempre será lembrado assim”, afirma Bruna.
Adair Linck nasceu e faleceu em Canoas, aos 70 anos, vítima do coronavírus.