“Vamos deixar um Estado bem melhor do que encontramos”, avalia Sartori

Em entrevista à Beta Redação, governador do RS diz que resultado das urnas foi um “reconhecimento por parte do povo gaúcho”, pois elegeu projeto semelhante. “A oposição foi rejeitada”, ressalta

Mainara Torcheto
Redação Beta
5 min readNov 29, 2018

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(Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini)

Às vésperas de passar o comando do Estado para Eduardo Leite (PSDB), seu adversário no segundo turno da eleição, o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (MDB) faz um balanço de seu governo em entrevista concedida por e-mail à Beta Redação.

Entre outros temas, Sartori falou dos motivos da derrota eleitoral — que atribui, em parte, à rejeição causada por “falar a verdade e não vender ilusão” — , do legado que sua administração deixa — “transformações” para “equilibrar as contas” —, do apoio dado a Jair Bolsonaro (PSL) e da postura do MDB em relação ao novo governo.

Leia, a seguir, a íntegra da entrevista.

Passados quatro anos, qual a avaliação que o senhor faz do seu governo?

Primeiro quero dizer que tenho muito orgulho, e tenho certeza que toda a equipe de governo também tem, de ter iniciado as mudanças e as transformações que vão fazer o Rio Grande do Sul voltar a ser grande.

Nosso governo foi desafiador. Nenhum outro estado fez tantas transformações quanto nós. E ninguém enfrentou, com tanta firmeza, a maior crise econômica da história do país, junto com a maior crise financeira da história do estado.

O Rio Grande do Sul foi o estado brasileiro que primeiro percebeu a crise e tomou as medidas mais duras para seu enfrentamento, sempre com responsabilidade e falando a verdade.

Por isso estamos deixando como legado ter promovido mudanças em áreas que vão determinar um novo futuro para o estado, para a sociedade e para as próximas gerações.

A que o senhor atribui sua derrota na eleição?

Ganhar ou perder uma eleição faz parte do processo democrático.

Desde a campanha de 2014 eu dizia que faria o que precisava ser feito para mudar o futuro do Rio Grande do Sul. Pegamos um Estado quebrado e o estamos transformando em um Estado sustentável. A previsão de déficit para quatro anos era de R$ 25 bilhões e reduzimos para R$ 8 bilhões.

Foi preciso muita coragem para enfrentar interesses individuais muito poderosos, para mostrar os números, para falar a verdade e não vender ilusão. E tudo isso causou muita rejeição.

Por isso entendi o resultado das urnas como um reconhecimento, por parte do povo gaúcho, do nosso esforço para recuperar o Rio Grande do Sul. Isso porque as duas propostas que disputaram o segundo turno das eleições tinham muitas semelhanças, eram de grupos políticos que fizeram parte do nosso governo. A oposição foi rejeitada.

Mas o povo mostrou que também a mudança precisa de renovação, e eu aceito essa decisão.

Imediatamente após a eleição, o pagamento de salários atrasou mais do que já vinha acontecendo há três anos. O senhor considera essa questão uma mancha negativa de seu governo junto ao funcionalismo e à sociedade?

Ninguém atrasa salários porque quer. Ninguém corta na própria carne se não for realmente necessário.

Essa situação nos foi imposta pela realidade financeira do Estado. Não foi uma decisão política, foi uma decisão material. Falta dinheiro para honrar todos os compromissos. E foi exatamente para equilibrar as contas do Estado que promovemos tantas transformações.

O senhor disse, em diversas oportunidades, que precisou tomar “medidas amargas” para tentar equilibrar as contas. Quais são os resultados positivos dessas medidas?

O resultado é que vamos deixar um Estado bem melhor do que aquele que encontramos. Vamos deixar um governo mais organizado e com as soluções para seus problemas estruturais encaminhadas.

A situação ainda é difícil? Claro que é. Mas seria ainda mais grave se não tivéssemos tomado as medidas amargas que tomamos.

O senhor fez uma campanha com ideias parecidas ao candidato Eduardo Leite. O MDB será oposição ao próximo governador ou o apoiará?

Durante todo o processo eleitoral fui transparente. Não tive medo de falar a verdade e nem fiz falsas promessas. Conheço a realidade do Rio Grande do Sul e desejo que o Estado ande para frente. Não sou de torcer contra meu próprio Estado. O MDB recebeu o governador eleito e isso será definido pelo partido.

Durante sua campanha, o senhor vinculou incondicionalmente sua imagem à de Jair Bolsonaro, pedindo o voto “Sartonaro”. Essa foi uma estratégia de campanha ou realmente o senhor acredita nas ideias do presidente eleito?

Assumi a posição indicada pelo meu partido. Tenho mais de 40 anos de vida pública e nunca deixei de me posicionar quando necessário, mas também sempre me mantive fiel a mim mesmo, aos meus princípios, ao meu jeito de ser e de encarar a vida, que é falando a verdade, com coerência, sem fazer demagogia, fazendo sempre a boa política.

E a boa política se faz ouvindo as pessoas, construindo, respeitando e tendo coragem para decidir.

A partir do dia 1º de janeiro de 2019, qual será a sua atuação na política?

Neste momento a nossa prioridade é terminar bem o governo, continuar servindo à sociedade gaúcha e tomando as atitudes que são necessárias.

Quais as suas expectativas para o governo Eduardo Leite?

Que continue com as mudanças que iniciamos, que dê continuidade aos bons projetos.

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