Vereadora gaúcha luta por maior espaço na política
Mesmo sendo maioria do eleitorado, mulheres ainda enfrentam o preconceito e são minoria em cargos políticos
As mulheres são maioria no número de eleitores, com 52,2%. Porém, sua representatividade ainda fica aquém, em números absolutos. A Câmara de deputados conta hoje com 10% de mulheres, sendo que 62 candidatas concorreram a uma vaga nas eleições de 2018, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No Rio Grande do Sul, a vereadora Karen Santos (PSOL), de Porto Alegre, desafia esta lógica e defende outras bandeiras como os negros e LGBTs.
Karen, também é professora e revela que está sendo desafiador estar nesta posição, pois, segundo ela, é um espaço de poder da elite brasileira. “Desde definição do perfil da nossa campanha, com quem que a gente queria dialogar, a condição das mulheres, das negras, de um Brasil com passado escravocrata e racista, culminou para a gente conseguir refletir sobre a figura pública, de quem vai representar a coletividade.”
A trajetória da vereadora começou quando ela se juntou à organização política composta por trabalhadores, juventude, movimento negro e popular, chamada Alicerce. “Faço parte dessas coletividades, sobretudo, do Alicerce. A gente definiu mesmo em 2016, ter uma campanha política, de disputar mesmo, então foi uma empreitada bem coletiva”, revela Karen.
Marielle se tornou parte da luta
Em 2018, após o assassinato de Marielle Franco, a Karen revela que o grupo da qual faz parte, começou a compreender que quando se combina discussões de raça, classe, gênero e sexualidade, se tem um potencial explosivo. Ela também destaca qual é, na sua visão, o papel da mulher na política. “Devemos servir mesmo de tribuna amplificar a voz das pessoas que estão no sufoco, buscando saídas coletivas para a resolução desses problemas.”
Já para a candidata não eleita a deputada estadual, Valéria Machado (PROS), as mulheres têm que se impor. “Temos o nosso lugar, apesar dos preconceitos. A mulher é muito discriminada, então, temos que nos defender. É um absurdo tudo que acontece”, revela a política, que ainda destaca a luta em defesa da comunidade LGBT. “Não dá para tolerar tanta violência contra os LGBTs e as mulheres”, finaliza.
Mulheres na política, em números
O Brasil está na 161ª posição, entre 181 países, em um ranking sobre a quantidade de mulheres na política. No pleito de 2014, foram eleitas 50 deputadas. Em 2018, o número subiu para 71. O aumento foi de 42%. Nessa eleição, foi constatado a primeira candidatura de uma mulher trans, como senadora. Duda Salabert concorreu a uma das duas vagas ao senado por Minas Gerais.
A lei eleitoral mudou e agora é obrigatório que 30% das verbas sejam destinadas as campanhas femininas. Segundo o TSE, 31,4% das candidaturas foram de mulheres. Nos cargos majoritários o número cai. Foram 15,4% dos nomes que concorrem à presidência e 14,6% para os governos estaduais.