Em 2010, o pôquer foi reconhecido como um esporte da mente, pertencendo a mesma categoria que o xadrez e o gamão (Foto: Michał Parzuchowski/Unsplash)

Vida de apostas

Natan Cauduro
Redação Beta
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3 min readNov 23, 2020

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Jogador profissional de pôquer, Carlos Mavca relembra carreira em entrevista exclusiva para a Beta Redação

Carlos Alberto Marques Freire Caputo, 44 anos, conhecido como Carlos Mavca, é um dos melhores jogadores de pôquer do país. Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, atua profissionalmente desde 2007. Mavca vive em Portugal com o filho de 5 anos, mas planeja retornar ao Brasil por conta da pandemia do novo coronavírus, cuja segunda onda de infecção já assola o país ibérico.

Ele não recorda quantos torneios de pôquer já venceu, especialmente por também praticar o esporte online, mas algumas das competições e títulos mais memoráveis são: Bicampeão do Ranking Carioca; Campeão Rio Poker Tour (RPT); técnico da Seleção Carioca campeã brasileira do Brazilian Series of Poker (BSOP); e já foi um dos melhores classificados no torneio World Series of Poker (WSOP);

Outra conquista foi a escrita do livro Poker — A Essência do Texas Hold’em, título publicado pela editora Elsevier que vendeu mais de 5 mil cópias. Mavca lembra do período de escrita do livro. Teve dificuldades para que a empresa aceitasse a proposta de publicar um livro sobre pôquer, mas uma vez convencidos, a obra foi um sucesso.

Ator Mel Gibson no filme Maverick, obra que inspirou o pseudônimo de Carlos, Mavca (Foto: reprodução)

A Beta Redação preparou um Podcast sobre o bate-papo com o jogador. Acompanhe abaixo:

Entrevista com Carlos Mavca, jogador profissional de pôquer. Duração do Podcast: 19min e 41s.

Pôquer é um esporte

Em 2010, a International Mind Sports Association (IMSA) reconheceu o pôquer como um esporte da mente. A partir do documento divulgado, o jogo entrou na mesma categoria que outros já consagrados no gênero, como xadrez e gamão.

Não é crime

No ano de 2012, em texto publicado na revista da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), o promotor de justiça Leonardo Araujo Marques traz uma completa argumentação dos aspectos legais do pôquer no Brasil.

Os principais pontos são os seguintes:

Artigo 50 da Lei de Contravenções Penais: as máquinas de caça-níquel, as roletas, o “vinte e um”, o “jogo do bicho”, dentre outros, são exemplos incontestáveis de jogos que dependem exclusiva ou principalmente da sorte e, portanto, são proibidos em nosso país. O Poker, contudo, não se enquadra nesse rol.

O Ministério dos Esportes, no dia 26 de janeiro de 2012, reconheceu o Poker como esporte intelectual e registrou, oficialmente, a Confederação Brasileira de Texas Hold’em em seus quadros. Na prática, isso permite que os eventos de Poker possam ser incluídos no calendário esportivo oficial do país

Na redação expressa dos §§ 2º e 3º do artigo 814 do Código Civil: As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.

Aliás, é preciso deixar bem claro que no Brasil não existe regramento legal para os chamados esportes intelectuais, bem como sobre a possibilidade de uma sociedade empresária explorar economicamente essas atividades.

Organizações

No Brasil, a Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH) é responsável por auxiliar a disseminação do esporte no país, seja via torneios ou nos próprios clubes de pôquer. No Rio Grande do Sul, uma das principais entidades é a Federação Gaúcha de Pôquer.

A Beta Redação entrou em contato para obter dados sobre a situação do pôquer no Brasil e no estado gaúcho, mas até o fechamento da matéria, não houve resposta.

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Natan Cauduro
Redação Beta

Jornalista e estudante de Relações Internacionais.