As três modalidades do voleibol estão na fase preparatória para os Jogos Olímpicos (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Voleibol ganha visibilidade no Instagram

Amigas apaixonadas pelo esporte criam perfil “2 Toques”, focado em notícias e curiosidades sobre a modalidade

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Faltando pouco mais de um mês para o início dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a seleção brasileira de futebol já enfrenta equipes de outros países em partidas amistosas transmitidas pela TV. Porém, mesmo o Brasil sendo o segundo país com mais medalhas Olímpicas no voleibol, a modalidade não recebe a mesma visibilidade durante o período pré-olímpico.

Totalizando dez medalhas nas duas categorias, a seleção masculina de voleibol é a maior campeã nos jogos olímpicos com seis medalhas, sendo três de ouro. Já o time feminino é o quinto maior medalhista dos jogos, totalizando quatro medalhas, duas delas de ouro. Somando as categorias de vôlei de quadra e de praia, os brasileiros conquistaram 23 medalhas no total.

A escassez de notícias sobre um esporte tão vencedor motivou a educadora física formada pela UFRGS, em 2019, Camila Corletto Farias, e a estudante de educação física da PUCRS, Theresa Machado Flores Azevedo, a criarem a página “2 Toques” no Instagram. O nome do perfil brinca com uma jogada proibida no esporte, que caracteriza a condução da bola através de dois toques seguidos pelo mesmo jogador, e traz notícias, vídeos das partidas e curiosidades sobre a modalidade e suas três categorias competitivas: Quadra, Praia e Sentado.

Apaixonadas pelo esporte desde a infância, as duas amigas se conheceram em 2010, quando jogavam pelo time de vôlei do colégio La Salle Santo Antônio, em Porto Alegre. “Desde pequena eu sempre me identifiquei muito com o vôlei. Meu pai jogava e eu aprendi bastante com ele. Meus tios e minha prima também jogavam, então o esporte sempre esteve presente na minha vida. Fui acostumada a ver os jogos na televisão e lembro de acompanhar os jogos olímpicos com uns 8 anos. Era meu esporte preferido para jogar nas aulas de educação física”, revela Camila.

Theresa e Camila tiveram a ideia de criar a página após notarem a pouca visibilidade do esporte na mídia. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Theresa, sua conexão com o vôlei surgiu por influência da mãe que acompanhava as partidas, em casa, pela televisão. Já no colégio, apesar de gostar muito de praticar todos os esportes, foi chamada pelo treinador de vôlei para integrar o time feminino da escola. “Eu dava a vida jogando qualquer esporte e foi, a partir desses anos jogando vôlei, que o amor só cresceu”, destaca.

Com sua primeira publicação datada em 30 de agosto de 2020, a página acumula hoje 2.1 mil seguidores, entre jogadores da seleção masculina e feminina de vôlei, como o jogador de quadra do time Taubaté, Raphael Vieira, que já jogou na seleção. Ele acompanha o perfil desde o início e apoia o trabalho das idealizadoras.

Segundo Camila, há muitos jogadores do vôlei de praia que seguem o perfil, incentivam o trabalho da dupla e agradecem pela visibilidade que a página proporciona à modalidade. A Confederação Brasileira de Vôlei Sentado também segue a página na rede social, além de atletas da equipe masculina e feminina.

Quase metade dos seguidores do perfil possuem entre 25 e 39 anos e estão espalhados pelo país, apesar de Porto Alegre concentrar a maior quantidade de seguidores. O perfil também é visualizado por seguidores de estados do nordeste, como Fortaleza e João Pessoa, e da região sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, a página conta com seguidores de outros países, como Estados Unidos e Austrália.

A Internacionalista e pós-graduanda em Gestão de Marketing e Vendas, Anna Luiza Monteiro Barreto, acompanha o projeto da dupla desde as primeiras publicações e, mesmo seguindo outros perfis e atletas do vôlei, ressalta que nunca encontrou uma página com uma linguagem tão acessível e conteúdo amplo como o “2 Toques”. Para a estudante, as melhores publicações apresentam trechos das partidas, os chamados “rallys”. Contudo, Anna também valoriza o espaço oferecido na página às publicações sobre atletas paraolímpicos, pois representa um incentivo a uma modalidade com pouca visibilidade midiática.

“É muito legal ver esse crescimento do perfil e saber que elas têm como objetivo tornar mais acessíveis as informações sobre campeonatos, regras, jogadas, e qualquer conteúdo relevante que seria muito fácil achar sobre futebol, mas que ninguém vinha fazendo com o vôlei”, afirma Anna.

A página traz notícias sobre as principais competições que a seleção brasileira participa (Foto: Arquivo Pessoal)

Dividido em publicações sobre “História da Modalidade”, “Doping”, “Atletas”, “Você Sabia?”, “Jogos Olímpicos/Paralímpicos”, “Premiações” e “Campeonatos”, as idealizadoras do projeto colhem as informações sobre a modalidade através dos sites de referência sobre vôlei. As páginas oficiais da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) e da Confederação Brasileira de Voleibol para Deficientes (CBVD) são referências importantes para abastecer o perfil, garantindo a veracidade dos conteúdos publicados. Além disso, elas se valem de livros e artigos que abordam histórias e curiosidades sobre o esporte.

Preparativos para os Jogos Olímpicos

Com a chegada das Olimpíadas e das Paraolimpíadas de Tóquio, o “2 Toques” garante que, mesmo com uma diferença de 12 horas em relação ao Brasil, o perfil realizará a cobertura dos jogos de vôlei das seleções feminina e masculina. “A gente vai acordar, assistir e gravar. A Theresa tem um celular com boa memória, capaz de gravar a tela, então consegue registrar os lances dos jogos de onde estiver transmitindo. Vamos acompanhar de madrugada, postar nos storys do Instagram e, provavelmente, durante o dia vamos fazer um post falando sobre tudo o que aconteceu”, explica Camila.

Enquanto isso, o perfil vem fazendo publicações atualizadas sobre a situação dos Jogos Olímpicos, como um card de contagem regressiva para o início da competição. A imunização das delegações com a vacina contra a Covid-19, assim como a proibição da presença do público estrangeiro nos estádios de Tóquio são temas reportados na página.

Apesar da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) ainda não ter divulgado as convocações do vôlei de quadra e sentado, as estudantes têm suas apostas. Camila acredita que os atletas Fernanda Garay e o Lucão, ambos gaúchos, terão vagas na seleção feminina e masculina, respectivamente. Já Theresa tem grandes expectativas que o país conquiste bons resultados nas Olimpíadas, pois os times feminino e masculino estão apresentando boa evolução nos treinos e jogos preparatórios. Contudo, ela sublinha que o Brasil irá enfrentar adversários tradicionais na modalidade como França, Itália, Polônia, China e Estados Unidos.

“Da praia, eu vejo chance de pódio somente do time Ágatha e Duda, que é a dupla com mais constância e que foi campeã brasileira em 2021, além de ter alcançado o pódio em quatro etapas do circuito mundial. Já a situação das duplas masculinas está bem difícil. Bruno Schmidt, que faz dupla com Evandro — já classificados para Tóquio — teve Covid-19 e chegou a ir para a UTI, mas está voltando agora. No vôlei sentado, acreditamos que o Brasil tem chances de medalhas nos dois naipes", comenta Theresa sobre as expectativas da seleção brasileira para as Olimpíadas.

Na quarta-feira, 9 de junho, as idealizadoras do projeto foram convidadas pela Nissan para participarem de uma mesa redonda com atletas olímpicos e paraolímpicos que estarão em Tóquio ou que buscam uma vaga. Entre os esportistas que integram o grupo da marca estava a jogadora do vôlei de praia, Ágatha Bednarczuk, que conversou com a dupla.

Foi a primeira vez que Camila e Theresa foram chamadas para representarem o “2 Toques” em um evento oficial. Na chamada virtual, Ágatha contou para a dupla sobre as expectativas para os Jogos Olímpicos em relação às equipes estrangeiras, ressaltando que muitos times que estavam no pódio estão enfrentando dificuldades. Do mesmo modo, equipes que antes nem chegavam a uma final agora estão evoluindo cada vez mais.

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