Vozes de um Legado emociona com repertório nativista

Grupo folclórico estreou peça musical de teatro voltada ao tema do tradicionalismo gaúcho

Laura Rolim
Redação Beta
5 min readNov 25, 2022

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Grupo tradicionalista reestreiou espetáculo no mês de novembro. (Foto: Marcos Quintana/Divulgação)

Uma apresentação que mistura música, cultura gaúcha e que é capaz de despertar emoção com a atuação dos dançarinos. Assim é o espetáculo Vozes de um Legado, do grupo folclórico Vozes do Porteira, de Novo Hamburgo. Em cerca de uma hora de show, os cantores, músicos e dançarinos contam a história do gaúcho Matias, retratando as várias etapas de sua vida, desde a infância até a maturidade. Matias, com o apoio de outros personagens, reflete sobre as experiências vividas e o mundo que está sendo deixado para as novas gerações.

O grupo reestreou, no mês de novembro, o espetáculo que já havia sido lançado no final de 2019, mas por conta da pandemia precisou pausar as apresentações. No Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno, em Novo Hamburgo, com a presença de familiares e amigos, os dançarinos e músicos puderam sentir a emoção do público, que já não se experimentava há muito tempo.

O repertório conta com canções nativistas, tanto do Rio Grande do Sul como da América Latina, entre elas, Céu, Sol, Sul, Terra e Cor e Homens de Preto; além das danças tradicionais, como a chula e a dança dos facões. Os 24 cantores, seis músicos e 12 dançarinos apresentam a identidade cultural do Rio Grande do Sul. Através do canto coral, a música instrumental e a interpretação, o grupo entrega um roteiro único, apoiado em estrutura de palco e roupas produzidas para cada um dos personagens.

O espetáculo dura cerca de uma hora. (Foto: Marcos Quintana/Divulgação)

A ideia de mesclar a dança com o teatro surgiu de outro espetáculo, realizado de forma independente. De acordo com o instrutor e roteirista Anilton Squena, o show não tinha um andamento adequado. Para ele, a maior dificuldade nisso tudo era conseguir adaptar a história em cima das coreografias já criadas por eles. “O mais difícil era essa dinâmica de palco, de dançar, trocar de roupa, encarar um personagem, sair, trocar de figurino, fazer o grupo inteiro trabalhar com os personagens que ele faz na história. Então, organizar essa logística de tudo o que fica dentro do espaço de palco, de microfones, acho que essa foi a maior dificuldade até aqui”, explica.

Nos ensaios de duas a quatro horas por semana, o grupo aperfeiçoava a coreografia, encenação, as vozes e tudo aquilo que era necessário para que o espetáculo acontecesse. Além de pensar na indumentária e na estrutura de palco que acompanha o show. Para suprir os gastos que envolvem as apresentações, além da mensalidade paga pelos integrantes, o grupo se inscreveu em um edital da prefeitura de Novo Hamburgo, no qual foram contemplados para auxiliar nos valores com figurinista, iluminação, cenário, roteiro e direção.

O responsável técnico pelo grupo musical, José Ronei Pehls, que canta desde os nove anos de idade, conta que está há 16 anos à frente do coro do Vozes da Porteira, e que a ideia de integrar as vozes e o instrumental às danças surgiu dele. “No início, o nosso repertório era dentro do que era possível a gente fazer. Depois, aí sim, a gente foi pensando numa sequência das músicas. Em 2019, começamos o Vozes de um Legado, que fala um pouco da história do gaúcho em si”, relata.

Além dos dançarinos, 24 cantores, seis músicos fazem parte da apresentação. (Foto: Marcos Quintana/Divulgação)

De acordo com o regente, há um preparo específico antes dos ensaios e das apresentações. “Fazemos o relaxamento inicial, depois a gente faz um aquecimento vocal para trabalhar a respiração. Tudo o que é necessário para o canto. Sempre temos o aquecimento para o cantor depois desenvolver o repertório já com a voz empostada, para preservar também a própria voz, para que ele não saia do ensaio rouco e nem cansado”, conta Ronei.

Inserida no meio tradicionalista há quase 32 anos e também coordenadora do grupo Vozes do Porteira, Alicia Port Endres relembra que a criação do canto coral surgiu em uma reunião de alguns associados do CTG. “Falamos na possibilidade de criar um grupo de canto coral, pois sociedades de canto são tradicionais em regiões colonizadas por alemães, mas não são comuns em Centros de Tradições Gaúchas. Esta ideia foi criando corpo e evoluindo, até a criação do Vozes do Porteira, primeiro Coral a pertencer à uma invernada artística de um CTG”.

Para a coordenadora, mesmo com as responsabilidades de despesas com trajes, deslocamentos e profissionais envolvidos para realização de apresentações, fazer algo que lhe satisfaz é recompensador. “Dificuldades não tenho, pois quando nos dispomos a fazer algo que nos traz satisfação, as dificuldades desaparecem”, garante Alicia. A coordenadora define como um sonho tudo o que tem vivido com o grupo. “Sou agradecida a Deus e às pessoas que sempre estiveram comigo na realização deste projeto, fazendo este sonho se tornar realidade”, finaliza.

Anilton descreve com muito orgulho o sentimento de ouvir os aplausos da plateia ao final do espetáculo. “É muito legal esse reconhecimento. Depois dos shows, as pessoas sempre vem nos agradecer pelo nosso trabalho. Ficam emocionadas e contagiam demais a gente. Esse é o principal combustível, e que faz valer a pena todas as horas de ensaio. Ouvir das pessoas que tu tocou o coração delas é demais”, revela o instrutor.

O espetáculo conta com cenário e troca de figurinos. (Foto: Marcos Quintana/Divulgação)

A mesma emoção toma conta de Ronei ao fim da música. Para ele, ver as pessoas com os olhos marejados é o ponto mais tocante. “Cantar bem muitos grupos fazem. A diferença é aquele grupo que, além de cantar, interpreta bem, faz a parte musical da melhor forma possível, e consegue tocar o coração das pessoas”, completa.

Próximos objetivos do grupo

O espetáculo Vozes de um Legado pretende circular com o show por outros lugares do país. “Ele deu bastante trabalho, bastante despesa, a ideia é jogar ele para a estrada e oferecer em vários lugares”, afirma o instrutor do grupo. A meta da invernada artística é levar o show para Minas Gerais no ano de 2023.

Onde assistir ao espetáculo

10/12 — Natal dos Anjos, em Dois Irmãos

17/12 — Natal na Praça, em Sapiranga

20/12 — Natal dos Sinos, em Novo Hamburgo

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