Warriors x Raptors: o que você precisa saber sobre as finais da NBA

Beta Redação conversou com Ricardo Bulgarelli, dos canais ESPN, sobre os times e jogadores finalistas da competição

Lorenzo Panassolo
Redação Beta
9 min readJun 4, 2019

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Golden State Warriors e Toronto Raptors disputam a final da NBA 2018/19. (Ilustração: Mario Alfaro)

A s finais da principal liga de basquete do mundo — National Basketball Association (NBA) — começaram na última quinta-feira, 30 de junho, em um duelo entre o atual bicampeão da competição, o Golden State Warriors, e Toronto Raptors, primeiro time canadense da história a chegar tão longe em 72 anos de liga.

Liderados pelo armador Stephen Curry, os Warriors terminaram a temporada regular em primeiro lugar na conferência oeste, totalizando 57 vitórias e 25 derrotas. Já os Raptors acabaram em segundo lugar na conferência leste, com 58 vitórias e 24 derrotas, desempenho acima do seu adversário nas finais.

Até chegarem à final, os dois times se enfrentaram duas vezes. Em ambas as ocasiões os Raptors venceram as partidas: 131 a 128, na primeira, e 113 a 93, na segunda.

Como os dois times chegaram às finais

Os Warriors tiveram seu primeiro confronto nos playoffs da NBA contra o Los Angeles Clippers. A série terminou 4 a 2 para o time da Califórnia, que perdeu o jogador DeMarcus Cousins devido a uma lesão. Logo depois, enfrentaram o Houston Rockets. Mesmo com a série empatada em 2 a 2 e perdendo Kevin Durant no jogo 5, os Warriors venceram por 4 a 2.

Nas finais da conferência oeste, os Warriors enfrentaram o Portland Trail Blazers, time que terminou em terceiro lugar na temporada regular. Apesar de sair atrás em pontos em quase todos os jogos da série, o time de Golden State “varreu” o adversário por 4 a 0 e se classificou para sua quinta decisão consecutiva na NBA.

Tabela mostra os playoffs da NBA 2018/19. (Ilustração: NBA)

Já o Toronto Raptors teve como primeiro adversário nos playoffs o Orlando Magic. Jogando com facilidade e mostrando um jogo coletivo, os canadenses venceram a série por 4 a 1. Depois, enfrentaram o Philadelphia 76ers, série totalmente diferente da primeira. Desenrolada por sete jogos, os Raptors se classificaram de maneira dramática, protagonizando uma jogada histórica da NBA: uma cesta no último lance da partida em que a bola quicou quatro vezes no aro antes de entrar.

Nas finais da conferência leste, os Raptors enfrentaram o Milwaukee Bucks, melhor time da temporada regular. Liderados pelo principal candidato à Most Valuable Player (MVP), Giannis Antetokounmpo, os canadenses começaram perdendo por 2 a 0. Depois, com a série indo para o Canadá, os Raptors empataram em 2 a 2 e surpreenderam os Bucks ao conquistar a terceira vitória na casa do adversário. Com o sexto jogo acontecendo em Toronto e com o apoio da torcida, os Raptors conquistaram a série por 4 a 2, carimbando pela primeira vez presença nas finais da NBA.

Resumo do primeiro e segundo jogo

Na primeira final da NBA, os Raptors venceram os Warriors por 118 a 109, abrindo 1 a 0 na série. O jogo, realizado em Toronto, no Canadá, foi palco para uma incrível atuação do camaronês Pascal Siakam, autor de 32 pontos, oito rebotes, cinco assistências e dois tocos.

Siakam comemora sua atuação no primeiro jogo das finais. (Fonte: Twitter/Toronto Raptors)

Com apenas 25 anos, o jogador chegou a converter 11 arremessos seguidos, apresentando o melhor desempenho de um atleta em decisão nos últimos 20 anos. Além disso, a quantidade de pontos marcados pelo jogador na primeira partida da final quebrou uma marca que persistia desde 2012, quando Kevin Durant somou 36.

Resumo do jogo:

  • 1Q — Raptors 25 x 21 Warriors
  • 2Q — Raptors 34 x 28 Warriors
  • 3Q — Raptors 29 x 32 Warriors
  • 4Q — Raptors 30 x 28 Warriors

Na segunda partida, realizada no dia 2 de junho, novamente em Toronto, os Warriors venceram os donos da casa por 109 a 104, com grande atuação de Klay Thompson, que marcou 25 pontos antes de deixar a quadra lesionado. A primeira metade do jogo acabou 59 a 54 para os Raptors, que depois do intervalo não conseguiram conter a arma “não tão secreta” dos Warriors: o poder do terceiro quarto, característica comum nessa sequência de cinco finais consecutivas na liga pelo time da Califórnia. O período terminou 34 a 21, totalizando 88 a 80 no geral.

Andre Iguodala faz cesta de três pontos e carimba vitória dos Warriors no Canadá. (Fonte: Twitter/ NBA)

No último quarto, com apoio da torcida, os Raptors esboçaram uma reação no final do jogo. Contudo, Andre Iguodala, após acertar um arremesso de três, assegurou o triunfo com 5s9 para o fim do duelo. DeMarcus Cousins, escalado como titular, anotou 11 pontos, dez rebotes e seis assistências pelos Warriors, enquanto Draymond Green somou 17 pontos, dez rebotes e nove passes para cestas, ficando a uma assistência do seu quarto “triple-double” consecutivo.

Resumo do jogo:

  • 1Q — Raptors 27 x 26 Warriors
  • 2Q — Raptors 59 x 54 Warriors
  • 3Q — Raptors 80 x 88 Warriors
  • 4Q — Raptors 104 x 109 Warriors

Os dois times voltam a se encontrar no dia 5 de junho, em Oakland. A terceira e quarta partida ocorrerá na casa dos Warriors, que pode utilizar sua torcida para abrir 3 a 1 na série. O jogo irá ocorrer às 22 horas, horário de Brasília, e pode contar com a volta de Kevin Durant, que sofreu um estiramento muscular na série contra o Houston.

Confira abaixo a programação completa das partidas:

Caso a série ficar empatada em 3 a 3, o jogo 7* decidirá o campeão da temporada 2018/19 da NBA. (Ilustração: Lorenzo Panassolo)

A opinião de quem conhece

A Beta Redação conversou com o comentarista Ricardo Bulgarelli sobre as finais da NBA entre Warriors e Raptors. “Bulga”, como é conhecido, cobre a NBA e o NBB (Novo Basquete Brasil) pelos canais ESPN, sendo uma das vozes mais importantes do basquete nacional.

Ricardo Bulgarelli trabalha na ESPN desde 1995. (Foto: Arquivo Pessoal)

Confira, na íntegra, a entrevista com o comentarista realizada antes da série entre os dois times começar:

Beta Redação: O time do Warriors está mais descansado e o Raptors com ritmo constante de jogos. Como isso influencia na chegada dos dois times para as finais da NBA?

Ricardo Bulgarelli: Eu estou fazendo as finais do NBB e conversei bastante com os jogadores do Franca e Flamengo, times que tiveram algo bem semelhante com Warriors e Raptors. O Flamengo venceu uma série difícil contra o Botafogo em quatro jogos, e o Franca “varreu” o Mogi das Cruzes, tendo tempo para descansar.

No primeiro jogo das finais, o Flamengo entrou voando e eu perguntei para os jogadores do Franca: “Os caras entraram voando por quê? Eles estavam em ritmo de jogo, com facas nos dentes, e vocês entraram com o freio de mão puxado por conta da semana de descanso?”. Eles disseram que não. Então, eu acho que a grande questão é o querer mais dos atletas, é algo mental.

Essa situação pode mudar de caso a caso. Pode ser que para a gente de fora tenha um peso diferente do que para alguns jogadores que preferem estar em ritmo de jogo ou descansados. No caso da NBA, a temporada regular é muito desgastante, longa e com muitas viagens. E nas finais, uma série como essa, entre Toronto e Califórnia, a distância das cidades é grande. Então, eu acho que para o primeiro jogo, o que vai impactar vai ser a presença histórica dos Raptors em uma final de NBA, tendo o país ao seu lado. Não vai ser só o cara que mora em Toronto ou que gosta do time que vai torcer, é o país inteiro.

Poderia ser o Toronto com uma semana de folga e o Golden State terminando agora sua série na conferência oeste. Mesmo assim, eu acho que não interferiria muito essa questão no desempenho dos jogadores. Depois desse papo que eu tive com os jogadores de Franca e Flamengo, eu achava que interferiria mais. Hoje, acho que interfere menos, principalmente devido a cada caso, de jogadores que possuem suas preferências. O Klay Thompson (Warriors) falou que tem feito muita meditação, que isso tem ajudado ele muito depois que ficou depressivo no ano passado. O Jamal Murray (Denver Nuggets) é um cara que faz yoga antes dos jogos. Então, às vezes, mesmo que o jogador esteja cansado, o momento que ele tem de relaxamento faz com que se estabilize fisicamente, mentalmente e psicologicamente para uma série final.

A motivação de estar em uma final como é o caso do Toronto, e fazer parte de uma dinastia como é o Golden State, acho que já é suficiente para o cara entrar pilhado e da melhor maneira possível, independente se está descansando 10 dias ou se acabou se vir de uma série duríssima.

Beta Redação: Você aposta em qual placar para a série e por quê?

Beta Redação: Em sua análise, quais dos dois times possui o melhor elenco para a disputa? Principalmente, considerando os atletas vindo do banco de reservas.

Ricardo Bulgarelli: É difícil de falar, pois o Golden State está dizimado. Se o Kevin Durant não jogar nenhuma partida, nem o DeMarcus Cousins, eu acho que ainda fica equilibrada a série. O banco do Toronto ano passado foi muito forte, ao contrário desse ano. Nessa temporada, a rotação do Nick Nurse (técnico) é de oito jogadores, sendo os cinco titulares (Lowry, Danny Green, Kawhi, Siakam e Gasol). Do banco, vem o Ibaka, Norman Powell e VanVleet. Esse banco comparado com o Warriors é mais forte.

Se a gente colocar o Golden State completo, eles também tem uma rotação de oito jogadores ou mais, como o Shaun Livingston, Iguodala, Kevon Looney. Você tem pelo menos oito caras importantes, com o Livingston na meia distância, com experiência, um cara que pode levar a bola também. Looney é muito importante nos rebotes ofensivos e Iguodala, que já foi MVP de final vindo do banco, é um cara muito forte mentalmente, campeão olímpico e do mundo. Mas o fato dos Warriors não terem à disposição o Kurant e DeMarcus Cousins para o primeiro jogo e tendo que colocar o Iguodala no quinteto titular, o Toronto leva vantagem por ter esses jogadores inteiros para a série.

Mas isso não quer dizer nada, porque a gente sabe dos ajustes que são feitos de um jogo para o outro. Você tem, por exemplo, o Alfonzo McKinnie, um cara que é muito bom na bola de três, assim como Jerebko e Quinn Cook também. Então, são jogadores que com minutagem reduzida contribuem para os Warriors de alguma maneira nesse pouco tempo de quadra.

Se fosse para apostar, o banco do Toronto tende a ser mais eficiente por ter mais impacto com menos jogadores. Já o Golden State vai ter mais jogadores, fazendo uma rodagem maior, como foi contra o Portland. Esse fator vai passar pela presença, ou não, do Kevin Durant e DeMarcus Cousins no quinteto titular dos Warriors.

É um fator importante para a série essa manutenção do banco do Toronto jogando com intensidade e regularidade, principalmente. Para o Toronto ganhar os dois jogos que eu acho que eles vão ganhar, esse banco vai ter que contribuir sempre. O Danny Green, por exemplo, é um titular que não está ajudando. Ele foi muito mal na série contra os Bucks, com 17% de acerto nos arremessos de quadra. É muito pouco para quem é chutador, ajuda na defesa e tem esse status de campeão com o San Antonio Spurs no passado.

Agora, se você falar do elenco em geral, não tem nenhum elenco melhor do que ter um time com cinco All-Stars. O quinteto com Curry, Thompson, Green, Durant e Cousins briga para ser o maior quinteto da história da liga em todos os tempos. É o primeiro time desde o Boston dos anos 60 a contar com cinco All-Stars. É difícil você ter um elenco melhor do que o Golden State Warriors.

Beta Redação: Qual jogador você analisa que pode se sobressair nas finais? Ou seja, quem você acha que será o MVP das finais?

Beta Redação: Projeção para a pós-temporada: Durant sairá do Warriors? E Kawhi, fica nos Raptors?

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