O poder da comunicação na construção de um universo de Diversidade e Inclusão

Afterverse
Beyond
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6 min readSep 21, 2022

As estratégias de diversidade e inclusão da Afterverse para promover transformações por meio de uma linguagem inclusiva e representativa dentro e fora do ambiente de trabalho.

A língua é mutável e tem acompanhado mudanças históricas e sociais ao longo dos séculos. Hoje, promover igualdade por meio das palavras, comunicações e interações é fundamental e parte do trabalho que tenho desenvolvido até aqui.

Sou jornalista e na minha formação em Estudos Literários desenvolvi conhecimento sobre a questão de gênero na literatura, o que me proporcionou conhecer um pouco desse universo.

Dentro da área de Engagement and Belonging (Engajamento e Pertencimento) é parte da nossa rotina fazer com que o nosso ambiente seja inclusivo, já que um dos nossos principais valores é Embrace All Players, que significa acolher e abraçar a diversidade de todas as pessoas.

A linguagem como ponto de partida

Quando falamos sobre ter como objetivo a construção de um ambiente inclusivo de fato, isso acaba passando pela linguagem, e como nos direcionamos como marca e como pessoas.

Por isso, sugeri a criação de um manual de boas práticas para aplicação da linguagem neutra e inclusiva, buscando garantir que Bravers — como chamamos nossas pessoas colaboradoras, entendam a importância dessa aplicação, a importância de não usar o masculino como universal e de remover da nossa linguagem toda e qualquer expressão que perpetue racismo, sexismo ou capacitismo. Através disso, conseguimos mostrar que estamos vivendo em um mundo plural, onde as pessoas não só trazem soluções inovadoras, mas que também sabem usar a comunicação como ferramenta de diversidade e igualdade.

O manual é necessário por aqui pois fomenta boas práticas e faz com que as pessoas pensem em seu vocabulário e como podem evoluir, já que a maioria ainda não possui um repertório inclusivo.

A implementação da linguagem neutra e inclusiva é um trabalho multidisciplinar

Nosso propósito vai muito além da criação do manual. Na Afterverse apresentamos uma série de ações e estratégias para que todas as pessoas do nosso universo estejam envolvidas nesse universo:

  • Todos os comunicados são revisados pela equipe de comunicação interna, para garantir que estejam com o uso correto da linguagem neutra;
  • Além disso, realizamos um trabalho de conscientização e educação, para que todas as pessoas, independente de qual área atuem, consigam aplicar essas boas práticas;
  • Revisamos também, contratos junto à equipe jurídica. Não é porque estamos falando de documentos e uma linguagem mais formal, que eles não precisam necessariamente ser inclusivos;
  • Temos o AV Talk, um fórum que acontece por aqui em que trazemos pessoas convidadas para falarem sobre assuntos relacionados à temática de DE&I;
  • E como acreditamos que a mudança começa aqui, temos também o Braver Talk, em que Bravers dialogam e compartilham sobre a temática com toda a empresa;
  • Possuímos um canal no Slack sobre DE&I, que alimentamos constantemente com conteúdos para estimular as pessoas a questionarem seus vieses;
  • Temos um guia rápido sobre DE&I, onde compilamos todos os principais termos relacionados à pauta para que as pessoas possam consultar e encontrar significados que colaborem para uma melhor compreensão do tema;
  • As novas pessoas colaboradoras passam por treinamentos obrigatórios para que haja um nivelamento de conhecimento, além de criar desde o início uma conexão com a temática.

E, claro, estamos sempre disponíveis para esclarecer dúvidas e orientar da melhor forma possível!

Vaipe x Afterverse: a transformação é um movimento que se cria em parceria

Além de todas as ações que listei acima, fazemos um mapeamento de clima e cultura, que consiste em algumas perguntas enviadas pela Vaipe, uma das empresas parceiras que realiza um trabalho de gestão ativa de engajamento de pessoas.

Através de pesquisas enviadas semanalmente, o trabalho visa dar voz às pessoas colaboradores e empoderar lideranças diretas com dados assertivos, para que possam ser tomadas decisões mais eficazes.

Aqui, funciona assim: toda segunda-feira disparamos uma pergunta, que pode ser respondida somente com sim ou não. Nelas, Bravers também podem enviar comentários se quiserem.

E quando digo que a jornada de DE&I é feita em conjunto, eu posso provar: quando fomos implementar o serviço da Vaipe por aqui, percebemos que as perguntas não estavam com linguagem neutra e não faria sentido trabalharmos dessa forma, já que sabemos da importância desses valores na nossa cultura organizacional.

Por isso, levamos propostas de novas formas de perguntar as mesmas coisas, aplicando a linguagem neutra para que eles pudessem ver a diferença. E o resultado não poderia ter sido melhor: além de abraçarem a nossa ideia, a Vaipe resolveu mudar sua linguagem para toda a sua base de clientes!

Imagina só quantas empresas e pessoas não foram impactadas com essa mudança? Quantas pessoas entenderam que ela não tem só um líder, mas que podem ter uma liderança?

Por onde começar? Algumas dicas para implementar a linguagem neutra na sua empresa e na sua vida.

  • Não use o pronome masculino como absoluto. Fale com pessoas e escolha conjugar verbos e pronomes no feminino e plural. A frase “Quero falar com os(as) funcionários(as)”, por exemplo, pode ser mais simples e inclusiva se for alterada para: “Quero falar com todas as pessoas que trabalham aqui”.
  • Se não encontrar uma alternativa para sair do binarismo ele/ela, mude a frase! Muitas pessoas não conseguem aplicar a linguagem neutra pela falta de flexibilidade ao se comunicar. Um exemplo: “Fique atento(a) ao prazo” pode ser “Atente-se ao prazo” ou “Preste atenção ao prazo”.

*Binarismo é o termo designado para a classificação de duas formas distintas de identidade de sexo e gênero, sendo eles: a mulher/feminino/ela e o homem/masculino/ele. Hoje, o masculino é adotado como linguagem genérica no português.

  • Não use X e @. Esses recursos linguísticos foram muito importantes e ampliaram a discussão sobre linguagem neutra, mas além de não serem acessíveis, pois não são lidos por aplicativos que garantem acessibilidade ao texto para pessoas com deficiência visual ou baixa visão, também dificultam a leitura para pessoas com diferentes configurações de atenção, como dislexia.

A linguagem neutra e acessível cabe em qualquer ambiente

As pessoas acreditam que é impossível falar de linguagem neutra em determinados ambientes, como o corporativo, mas basta abrirmos o nosso olhar e termos disposição para ampliar o nosso vocabulário.

Estamos numa sociedade que reproduz diversos tipos de microviolências na fala, e a partir do momento que naturalizamos isso, começamos a reproduzir e colaboramos para a criação de um ambiente que não é inclusivo com todas as pessoas.

Quando viramos essa chave e mostramos que sim, essas expressões estão naturalizadas mas que não são as melhores e há espaço para mudar, nos tornamos agentes de transformação e criamos um ambiente verdadeiramente diverso, inclusivo e respeitoso para todas as pessoas.

É incrivelmente recompensador estar em um ambiente onde qualquer pessoa sente-se acolhida e apta para expor suas ideias e opiniões. Onde todas as pessoas se sentem seguras para ser quem são e trazer tudo de si para o ambiente de trabalho.

E assim, criamos ciclos cada vez maiores. A partir do momento que você aprende e começa a aplicar isso no seu ambiente de trabalho, você começa a levar para a sua família, para o seu ciclo de amizades e para a criação das próximas gerações.

Não é sobre ter a fala perfeita, mas sobre entender a importância e ter vontade de ser parte desse movimento. Por aqui, seguimos estudando, pesquisando, escutando e buscando maneiras de colaborar com ele. A gente faz e refaz até ficar incrível, e buscamos construir um ambiente inclusivo todos os dias.

Michelle Lopes — People Coordinator

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