O universo dos games como ferramenta a educação através da criação de experiências sociais positivas

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6 min readSep 21, 2022

A era digital mobiliza desde o público infantil até o adulto, existindo a necessidade de olhar para seus hábitos, diferenciais e limitações no momento da criação de um produto.

PK XD após mudanças no aniversário de 3 anos

Fui uma criança jogadora que levou a paixão dos games para a carreira: me formei em design de games em 2008, e trabalho no mercado desde então.

No início, trabalhava testando jogos — algo que exigia menos requisitos técnicos, principalmente para quem está iniciando carreira, e depois, enxerguei na área de programação uma oportunidade de crescer e me especializar.

Durante esse período, desenvolvi jogos para o público infantil, onde trabalhei na maior fabricante de brinquedos do mundo. Naquela época, não olhávamos nem trabalhávamos baseados em metas, o nosso objetivo era entreter e fazer com que as crianças ficassem o maior tempo possível jogando em frente ao computador.

Com o tempo, fui desenvolvendo outras habilidades na área, o que me fez ter um grande entendimento sobre as necessidades e limitações das empresas.

Em 2016, expandi minha área de atuação e fui para o segmento de jogos para um público mais velho, que engloba pessoas a partir dos 13 anos. Deixei de trabalhar com jogos que tinham o objetivo de entreter, para trabalhar com jogos onde o objetivo é vencer.

Já na Afterverse, comecei como Tech Art Manager, mas minha experiência me levou a assumir o cargo de Head of Art, onde lidero as equipes de Concept Art, Tech Art e 3D. Participo de todas as etapas, desde o direcionador estratégico até a implementação final.

O panorama do mercado de games atualmente

Como tudo o que faz parte do universo digital, o nosso mercado também está em constante mudança. Até 2019, por exemplo, tínhamos uma visão sobre os hábitos de consumo, que mudou totalmente com a chegada da pandemia.

O isolamento social fez com que as pessoas buscassem alternativas para socializar, o que causou uma explosão nas buscas por jogos desse segmento.
Foi uma janela de oportunidade para os produtores, que aproveitaram esse momento para testar, criar e expandir suas empresas e produtos.

Mas, como disse, o mercado está em constante mudança e é diretamente impactado pelos âmbitos social, político e econômico. Se durante a pandemia as pessoas ficaram muito mais conectadas a jogos, atualmente, com a retomada das atividades presenciais, enfrentamos uma queda na procura por esse tipo de produto e estamos analisando e buscando entender a melhor forma de lidar com essas mudanças.

Jogar é brincar, entreter e competir

Quando estamos tratando de pessoas jogadoras de até 7 anos, entendemos que elas buscam interagir com um brinquedo que oferece diferentes tipos de estímulos visuais e sonoros.

Quem lembra do tamagotchi, o bichinho virtual? Ele é um exemplo clássico de brinquedo que buscava entreter e interagir com a pessoa jogadora, não há o que chamamos de core loop, uma trajetória que tenha começo, meio e fim.

Já o PK XD, por exemplo, busca criar uma experiência social, com diferentes níveis, formas de comunicação e interação, pois está conversando com um público que já apresenta um entendimento diferente. É o que chamamos de jogo social, como os que explodiram no período pandêmico.

Já para o público adulto, é possível criar jogos com o objetivo de competir, com foco na vitória, como os jogos de tiro e ação, por exemplo.

A habilidade técnica é a maior diferença entre as pessoas jogadoras, já que seus níveis de entendimento, agilidade e velocidade e coordenação motora são diferentes.

Nossas estratégias para criar uma experiência inesquecível e segura para a nossa comunidade

O PK XD é hoje um jogo que possui um público amplo, qualquer pessoa pode jogar, mas parte da nossa base tem de 7 a 13 anos, e temos o cuidado de direcionar a nossa comunicação de forma simples e segura prioritariamente para esse público.

Nossa comunicação, por exemplo, é feita majoritariamente por emojis ou diálogos simples, para que elas consigam entender e interagir com facilidade.

Isso não quer dizer que o jogo fique menos interessante para o público adulto, pois no nosso universo é possível criarmos histórias complexas e experiências únicas com a possibilidade de interagir socialmente dentro de um universo ilimitado.

Conseguimos abrir portas para que pessoas diferentes criem laços e trocas relevantes. Ao mesmo tempo que isso é incrível, nos chama atenção para a interação entre um público mais jovem com um público adulto.

Algumas medidas são tomadas para garantir a segurança de todas as pessoas da nossa comunidade, como por exemplo, a limitação de interações no chat, impedindo que informações pessoais sejam compartilhadas. Proteger esses 80% da nossa base é nossa prioridade e estamos sempre olhando atentamente para quem está jogando e como as interações estão acontecendo.

Além disso, disponibilizamos esclarecimentos em todos os nossos canais para que pais ou guardiões possam entender o propósito do nosso jogo, além de contarmos com o maior termômetro de segurança possível: os feedbacks. Nossa comunidade é engajada e compartilha suas experiências dentro do nosso universo, nos ajudando a construir credibilidade e fortalecer nossa marca no mercado.

Os jogos como fator positivo na construção social e desenvolvimento intelectual

É comum entrarmos no embate se os jogos atuam como heróis ou vilões e acredito que cada um tenha a sua opinião em relação a isso.

Eu, particularmente, acredito no poder dos jogos como acelerador e estimulador do desenvolvimento cognitivo e intelectual.

Jogos podem ensinar, alfabetizar e auxiliar a pessoa jogadora a desenvolver diversas habilidades, ainda mais falando sobre um público mais jovem, que parece já nascer acostumado e pronto para mexer em qualquer dispositivo.

Vivemos na era digital, onde as telas farão cada vez mais parte da vida das novas gerações, por isso, buscamos estimular de forma positiva nossa comunidade para que elas ingressem nesse ambiente de maneira segura, mostrando que é possível ser quem quisermos e que somos seres livres para mudar a qualquer momento.

Utilizamos o poder da nossa marca para sermos agentes transformadores, criando maneiras de falar sobre assuntos relevantes de formas sutis, contribuindo para a educação através da criação de experiências sociais positivas.

A experiência de jogar é positiva também para pessoas mais velhas, pois a construção de universos digitais ilimitados mostra a importância da diversidade e inclusão, quebrando paradigmas e incentivando mudanças.

Para ilustrar, trago a história do Wanderley, que recebemos através do nosso time de CX.

Seu filho, William , relatou que o pai sofria de depressão e o nosso jogo foi parte importante do seu processo de recuperação. Hoje, aos 67 anos, ele joga diariamente PK XD junto com o seu neto.

Além de exercitar seu intelecto e criatividade, ele estreitou laços com a família e interage com dezenas de pessoas todos os dias.

Como disse, o universo dos games ultrapassa o jogar e é parte importante na construção de relações sociais.

O que vem a seguir? As tendências e movimentos no mercado de games

A era digital evolui rapidamente e é importante estarmos acompanhando de perto essas movimentações.

E a palavra do momento é: metaverso. Provavelmente você já deve ter lido ou ouvido falar dela por aí!

O metaverso sempre existiu, mas está em alta pois é uma ferramenta que fortalece um movimento que busca criar experiências incríveis em qualquer lugar, permitindo que todas as pessoas sejam quem elas querem ser, com foco em conexões sociais em ambientes virtuais e coletivos.
Você quer ser um dinossauro e dirigir um carro numa cidade futurista? Você pode.

Indicação de filme: Player One (Jogador nº1)

Imagem do filme Jogador Nº1 — IMDb (2018)

Para quem tem interesse em entender melhor sobre o tema, o filme dirigido por Steven Spielberg, aborda de forma magnética e simples a construção e possibilidades do universo digital.

Na AV, entendemos o poder do metaverso e estamos olhando estrategicamente para esse universo e para essa comunidade que está na constante busca por viver histórias autênticas e únicas, sem julgamentos e com possibilidades ilimitadas. Afinal, ser quem queremos e podemos ser é a tendência.

Cheny Schmeling — Head of Art

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