Síndrome do Ovário Policístico: entenda os fatores envolvidos

Pedro Perim
BF Eventos
Published in
2 min readOct 31, 2019

Autores: Bruna Rodrigues e Pedro Perim

A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma doença crônica, caracterizada por um distúrbio hormonal nos ovários das mulheres que estão em idade fértil, sendo que no Brasil, estima-se que haja 2 milhões de mulheres com essa condição. Sobre seu diagnóstico, a SOP tem sido diagnosticada, principalmente, por uma combinação de sinais e sintomas como: hiperandrogenismo, principalmente aumento de testosterona; disfunções na ovulação;menstruações irregulares ou inexistentes; acne; excesso de pelos; presença de cistos nos ovários e até infertilidade.

Além do mais, evidências crescentes sugerem que a SOP pode ser um distúrbio multigênico complexo, com fortes influências epigenéticas e ambientais, incluindo dieta e outras questões de estilo de vida, porém, apesar da causa principal da SOP ainda ser desconhecida, na literatura vem sendo bastante discutido a sua relação ao hiperandrogenismo, no qual está presente na maior parte dos indivíduos com a SOP, e é hipotetizado de ser a causa principal do desenvolvimento e manutenção da doença.

No que diz respeito a etiologia da doença, também é discutido que a existência do hiperandrogenismo estaria associada ao aumento da adiposidade abdominal e à resistência insulínica nessas mulheres, de maneira que, o hiperandrogenismo agiria nos adipócitos causando o ganho de gordura abdominal e a consequente produção de adipocinas pró-inflamatórias, como TNF-alfa e IL-6. Mais detalhadamente, tais citocinas estimulariam diretamente a glândula adrenal a produzir mais hormônios androgênicos sexuais, que também seriam responsáveis pela criação de uma resistência nos receptores insulínicos, presentes nas células-alvo dos tecidos. Essa resistência criada nos receptores insulínicos, levaria a um quadro de hiperinsulinemia plasmática, na qual no momento que essa condição é instalada, o ovário, de forma frequente, seria estimulado a produzir cada vez mais hormônios sexuais, e assim, acionar de forma persistente, a glândula adrenal a produzir hormônios. acarretando portanto em um possível ciclo vicioso por de trás da causa da síndrome.

A partir de seu correto diagnóstico, o tratamento deve ser orientado de acordo com os sintomas, sendo a longo prazo, de forma dinâmica, e adaptado às mudanças das circunstâncias, necessidades e expectativas pessoais de cada paciente. Ademais, as abordagens terapêuticas devem visar modular o hiperandrogenismo, as consequências de disfunção ovariana e / ou distúrbios metabólicos associados.

Por fim, muitas vezes só a perda de peso e/ou mudanças no estilo de vida já ajudam a reverter o quadro. Caso contrário, de fato, a atenção se volta para o controle da produção de hormônios sexuais, o que se consegue, na maioria dos casos, por meio de pílulas anticoncepcionais.

● doi:10.1038/nrendo.2018.24

https://doi.org/10.1016/j.arcmed.2019.04.004

https://doi.org/10.1155/2018/6869705

--

--