Juliana Batista
Biblioteca das Ancestrais
3 min readAug 16, 2019

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Como comecei a mestrar RPG

Sendo essa minha primeira publicação aqui na Biblioteca das Ancestrais, vou começar me apresentando. Meu nome é Juliana, tenho 34 anos e jogo RPG à aproximadamente seis.

Comecei a jogar por influência do meu namorado que joga e mestra desde a adolescência. Sempre que ele voltava pra casa depois da sessão ele me contava oque tinha acontecido. Eu adorava as histórias e criticava as decisões dos jogadores até que decidimos montar a nossa mesa. A mesa está viva até hoje, com muito orgulho os personagens acabaram de chegar no 20º nível (D&D5Ed) e estamos há um mês de finalizar nossa saga!

Com o passar do tempo comecei a pensar sobre a possibilidade de mestrar. Mas eu tinha muito receio de não conseguir criar uma aventura balanceada, interessante, com variedade de encontros, com plots que surpreendessem os jogadores, dentre outras tantas dúvidas.

Nessa mesma época (início de 2018), já conhecia a iniciativa da Biblioteca das Ancestrais e já estava começando a me engajar na luta por mais mulheres no RPG. Então decidi montar uma mesa só de mulheres e que nunca haviam jogado RPG, então elas aprenderiam a jogar enquanto eu aprenderia a mestrar!

Considerando minha inexperiência como mestre e minha insegurança, resolvi começar com uma aventura pronta. Escolhi a aventura Lost Mine of Phandelver (A Mina Perdida de Phandelver, tradução livre), aventura que acompanha o Start Set da 5ª Edição de Dungeons & Dragons. A aventura tem aproximadamente 50 páginas e algumas pessoas comentaram que era possível concluir a aventura em 6 a 10 sessões. Achei uma quantidade de sessões razoável para uma mestre iniciante como eu, mas para minha surpresa o jogo durou 8 meses, jogamos aproximadamente 25 sessões e foi uma experiência incrível.

Com a aventura pronta nas mãos eu li várias vezes todos os capítulos, grifei as partes que deveriam ser descritas para as jogadoras, destaquei aquelas que não deveriam ser faladas para não acontecer por engano, estudei os monstros, as armadilhas e os NPC’s/PdM’s. Ter tudo isso pronto me deu segurança para que se pudesse focar na interpretação e na descrição, porque eu sabia que tudo que eu precisava mecanicamente estava ali.

As jogadoras criaram personagens com personalidade forte, elas se dedicaram à história do personagem, elas aceitaram e cumpriram todas as missões extras passadas pelos NPC’s/PdM’s, desenvolveram a história criando laços entre os personagens e com os NPC’s/PdM’s. Elas lutaram pela vida dos personagens verdadeiramente.

Todo o engajamento delas com o jogo me fortaleceu como mestre. O retorno, os comentários, críticas e sugestões foram de grande importância para que a cada sessão eu pudesse melhorar na interpretação, na narração e na descrição.

Foi uma mesa muito marcante pra mim, fiz lindas amizades e nos divertimos muito! Muitas das minhas meninas, como as chamo carinhosamente, já estão mestrando também e eu fico muitíssimo feliz por isso.

Então, se você está com algum receio de começar a mestrar, comece com uma aventura pronta, beba água (dica importantíssima da minha amiga Isa Gimenez) e relaxa, vai dar tudo certo!

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Juliana Batista
Biblioteca das Ancestrais

Formada em Direito, estudando Arquitetura e dona de bar. Entusiasta, jogadora e mestra de RPG. Louca por café, yorkies, música, streams, board games e pessoas.