Sua organização “fala dados”?

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5 min readAug 27, 2020
Unsplash. Por @hostreviews

por Roberto Nalon, cientista de dados na Big Data, e Murilo Henrique Soave, estagiário em ciência de dados na Big Data.

Introdução

A capacidade de lidar com dados é uma característica extremamente importante para uma companhia se tornar ou manter vencedora no longo prazo. As respostas para perguntas como “qual produto (ou mix de produtos) ideal para oferecer ao cliente?”, “qual deve ser o preço adequado de determinado produto para maximizar as vendas?”, ou ainda, “como escolher o próximo local de um ponto de venda para maximizar o potencial durante a expansão da rede?”, podem ser obtidas através da receita correta, cujo principal ingrediente é o dado disponível.

Ao contrário do que pode parecer, soluções desse tipo não pertencem apenas aos filmes de ficção científica e não estão disponíveis apenas para grandes empresas de tecnologia que atuam exclusivamente online. Esses são problemas reais e que aparecem frequentemente na operação de centenas de empresas. Se valer de soluções baseadas em dados para tomar decisões mais informadas, frente a esses e diversos outros problemas, é um ponto chave para não deixar dinheiro na mesa. Daí a pergunta do título: sua organização “fala dados”?

Data literacy

Data literacy, é o termo usado para se referir a essa habilidade de “falar dados” ou, de maneira mais literal, ser “letrado em dados”. Essa metáfora de dados como uma linguagem em que se pode ser instruído, faz referência à capacidade de comunicação usando esse “idioma”. Ser letrado em dados não significa dominar uma linguagem de programação, ter conhecimentos específicos de coleta e processamento de dados ou ser capaz de detalhar algoritmos de machine learning e inteligência artificial. As ferramentas são fundamentais para criação de soluções, assim como mapeamento do problema e entendimento do negócio. O ponto fundamental está em compor de maneira adequada esses conhecimentos para transformar dados em ações que gerem valor. Para isso acontecer, a comunicação na linguagem de dados precisa ser fluente entre as pessoas e não pode estar restrita somente a área de tecnologia da empresa.

A Gartner, empresa de consultoria em tecnologia, inclui no termo “data literacy” competências como ler, escrever e comunicar dados em contexto¹. Assim como alguém que domina um segundo idioma, ser fluente em dados está relacionado a se sentir confortável em conversar usando essa linguagem quando for necessário: compreender a informação quando apresentada, fazer as perguntas corretas e ser capaz de argumentar, sempre pautado nos dados. A verdade é que vivemos rodeados por uma abundância de dados e frequentemente usamos essa fluência para tomar decisões em diversas situações cotidianas.

Imagine, por exemplo, que você quer comprar um determinado produto. Pense em todos os passos que você costuma trilhar entre a ideia de adquirir o produto e a efetivação da compra. Provavelmente você começa a ter mais exposição ao produto. Procura ler sobre seu funcionamento e vantagens frente aos similares. Conversa com pessoas que já compraram esse mesmo produto para coletar mais “dados”. Inconscientemente você cria uma espécie de pontuação para cada vantagem e desvantagem mencionada. A seguir, você conversa com pessoas que descartaram a possibilidade de compra desse mesmo produto e alimenta o seu modelo mental com essas informações adicionais. Faz uma pesquisa de preços. Compara as diversas condições. Por fim, compra o produto que otimiza as dimensões analisadas.

Naturalmente, não tem uma receita pronta para essa tomada de decisão e provavelmente você não segue os mesmos passos sempre. Neste caso, a capacidade de lidar com todas as informações disponíveis, avaliar, comparar e tomar a melhor decisão é ainda mais relevante. No ambiente corporativo é preciso ter essa mesma fluência, aplicada aos problemas de negócio. O desafio está em transpor essa habilidade para um ecossistema mais complexo, em que as decisões vão afetar diretamente os resultados.

Uma organização fluente em dados

O caminho para se tornar uma empresa fluente em dados vai além da imersão e treinamentos em linguagens de programação, estatística e machine learning. Listamos abaixo alguns passos anteriores que são fundamentais e vão ajudar a começar uma cultura de dados dentro de casa.

1. Mudança na maneira de pensar e tomar decisões. Esse costuma ser o passo mais difícil, em que as decisões deixam de depender puramente do conhecimento no domínio de atuação da companhia para se basear também nos dados, abrindo espaço para possíveis quebras de expectativa. Essa mudança não tira a relevância que o conhecimento do negócio tem, principalmente no mapeamento dos principais problemas, mas pode colocar as duas vertentes em conflito.

2. Alinhamento das responsabilidades. A mudança do passo anterior, em geral, exige uma nova estrutura de responsabilidades. É preciso definir as áreas que serão intérpretes do novo idioma. Como regra de bolso, as áreas de negócio costumam ser as mais indicadas. O entendimento do que acontece na ponta da operação é fundamental para o sucesso dos projetos futuros. No fim do dia, não vai adiantar ter o melhor algoritmo de machine learning se o que ele retorna não vai ser utilizado da maneira adequada. É importante porém que esse time seja o mais ágil e menos burocrático possível, e com o DNA da inovação.

3. Constante aprimoramento dos processos. A mudança não precisa acontecer de uma só vez, mas precisa começar já. O importante é elencar algumas áreas estratégicas e dar a partida. Áreas que lidam com os problemas mais tradicionais e que impactam os resultados da empresa são fortes candidatas.

4. Comprometimento e escala. Embora a consistência seja muitas vezes mais importante que o tamanho inicial, o ponto de partida precisa ter uma escala que gere comprometimento. Naturalmente essa escala varia a cada empresa, mas é preciso que a motivação de fazer funcionar tenha o mesmo tamanho do resultado potencial.

Conclusão

As organizações que vão se sair melhor no longo prazo e sobreviver ao atual ritmo acelerado de mudanças são aquelas capazes de se adaptar rapidamente. Estar confortável com lidar com dados e usar esse ativo a seu favor é uma vantagem competitiva extremamente relevante, tanto em negócios que operam no mundo físico quanto digital. Falar dados de maneira fluente permitirá cada vez mais otimizar decisões, explorar novas oportunidades de negócios, medir adequadamente resultados e direcionar as mudanças sempre que necessárias.

A missão desse blog

Parte da missão da Big Data é inserir dados, ciência e experimentação como os eixos principais da operação das empresas que somos parceiros. Para expandir essa missão, decidimos criar esse espaço com objetivo de trazer bastante conteúdo associado a esses eixos fundamentais, de um jeito simples e informativo. Nosso foco é auxiliar na tradução dessa linguagem para os mais diversos públicos, para que tenhamos cada dia mais pessoas fluentes nesse idioma, nas diversas áreas de atuação dentro das organizações.

Referências

¹ https://www.gartner.com/smarterwithgartner/a-data-and-analytics-leaders-guide-to-data-literacy/

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