ÁRVORES ILUMINANDO CIDADES?

Joanne Silva
BioBlog ESEM
Published in
4 min readAug 13, 2018

Escrito por Joanne Silva, Alison Oechsler e Ian Castro.

Com certeza você já observou um vaga-lume brilhando durante a noite, mas você sabe porque eles brilham? Esse processo é denominado bioluminescência e é característico de um ser vivo capaz de produzir luz fria e visível. A luz é gerada graças a uma enzima chamada de luciferase, por meio de uma reação exotérmica. Na realização desse processo é liberada energia que emite luz.

A bioluminescência ocorre em variados organismos (bactérias, fungos, algas, celenterados, moluscos, artrópodes, peixes), especialmente no ambiente marinho. No ambiente terrestre ela ocorre em fungos, anelídeos, moluscos e insetos. Ela serve principalmente para finalidades de comunicação biológica.

Charles Darwin, o pai da Teoria da Evolução, foi um dos primeiros cientistas modernos a documentar o processo. Na noite de janeiro de 1832, próximo à costa de Tenerife, na Espanha, o jovem Darwin olhava distraído para o mar quando foi surpreendido por um brilho sobrenatural vindo de dentro do oceano. Darwin estava quase certo ao descrever a luz emitida pelos minúsculos organismos marinhos chamados dinoflagelados.

A análise do pai da Teoria da Evolução sobre o fenômeno foi trazida à tona anos depois pelo professor Anthony Campbell. Depois de Darwin, demorou mais de um século até que um experimento prático fosse feito para estudar a bioluminescência.

Com base nesse sistema, o cientista Alexander Krichevsky, em parceria com a Universidade do Estado de Nova York, iniciou estudos direcionados na criação de plantas geneticamente modificadas capazes de emitir luz própria.

Isso seria possível? Trata-se de uma manipulação genética, o método consiste em juntar o DNA de bactérias marinhas luminescentes ao genoma de uma planta comum, sendo que os genes foram modificados de maneira a poderem ser inseridos em um genoma. Dessa forma, tanto o caule quanto as folhas conseguem emitir luz, similar à produzida por vagalumes e águas-vivas.

Imagem Ilustrativa

Assim como Alexander, o holandês Daan Roosegaarde, especialista em microbiologia, influenciado pela biotecnologia, área da ciência que se inspira na natureza para desenvolver funcionalidades úteis aos seres humanos, passou também a estudar essa metodologia. “Quando uma água-viva vai ao fundo mar, ela cria sua própria luz, não há bateria, painel solar ou conta de energia, ela simplesmente brilha, o que podemos aprender disso?”, declarou Roosergaarde. Assim, ele se aliou a Krichevsky e sua empresa de biotecnologia Bioglow que trabalha com plantas como alternativas às fontes de luz que consomem eletricidade.

A investigação simultânea dessas áreas científicas estimulou o desejo de criar uma fonte de luz mais limpa e sustentável. Desse modo os pesquisadores objetivam um futuro em que não haja a necessidade de queimar combustível fóssil para a produção de luz, contribuindo de modo sustentável com o planeta terra. Roosegaarde está trabalhando para usar essas plantas em larga escala nas ruas, como substitutas da iluminação pública, o que ainda não é permitido em seu país de origem, já que a regulamentação da União Europeia proíbe plantas geneticamente modificadas.

A Bioglow planeja aplicar em árvores já existentes uma fina camada de tinta bioluminescente que é carregada durante o dia, por meio dos raios solares, e emite luz por até oito horas durante a noite.

Vale ressaltar que o projeto necessita de grande investimento e ainda é recente e, embora a possibilidade de criar grandes árvores a partir dessa modificação genética exista, os resultados só serão obtidos a longo prazo.

O esforço não é o primeiro do tipo. Alguns anos atrás, um grupo de uma universidade americana criou uma planta de tabaco incandescente através da implantação de genes de uma bactéria marinha que emite luz. Mas a luz era tão fraca que poderia ser percebida somente se a planta fosse observada por pelo menos cinco minutos em uma sala escura.

Atualmente, cientistas já usam substâncias similares para visualizar melhor processos microscópicos, como o funcionamento de células. No entanto essas proteínas fluorescentes “acendem” somente quando expostas à luz, o que pode matar o organismo observado.

Talvez a parte mais interessante do projeto de plantas incandescentes seja explorar novas formas de iluminação sustentável e o que isso poderá significar para o futuro. E aí, você trocaria seu abajur por um exemplar da Bioglow?

Imagem Ilustrativa

ARTIGO CIENTÍFICO:

http://www.biochemist.org/bio/03806/0030/038060030.pdf

REFERÊNCIAS:

https://www.designboom.com/technology/bioglow-light-producing-plants-require-no-electricity-01-09-2014/

https://www.dezeen.com/2014/01/13/worlds-first-glow-in-the-dark-plant-genetically-engineered/

http://eqstl.com/disrupting-indoor-lighting-with-plant-genomics-and-alexander-krichevsky/

https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-bioluminescencia.htm

http://www.painelflorestal.com.br/noticias/lado-b/arvores-que-brilham-no-escuro-poderao-substituir-a-iluminacao-publica-no-futuro

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