A Desmitificação Antagônica do Tubarão.
Nas mídias, frequentemente, os tubarões são representados por uma imagem negativa e antagônica. Um exemplo disso é no filme Tubarão, de Steven Spielberg, em que o foco se detém nos ataques sanguinários e mortais do animal e nas tentativas de capturá-lo. Entretanto, essa ideologia reforçada é equivocada e intensifica os estereótipos negativos acerca desses animais. Tal imagem dificulta a disseminação dos ideais de sua preservação, pois, apesar de sua importância para o equilíbrio ambiental, os únicos dados que se elevam com passar do tempo são a extinção e o finning, que é a prática de extração das barbatanas.
Essa atividade é a maior causa da morte desses animais, uma vez que a barbatana é uma iguaria disputada pelos comerciantes nos países asiáticos. Os praticantes de finning capturam os tubarões, extraem suas barbatanas e descartam o resto do corpo ao mar, o que leva à morte dos animais por asfixia.
Enquanto mais de 100 milhões de tubarões são mortos anualmente, apenas de 5 a 15 casos de humanos mortos por eles são registrados nesse mesmo período de tempo. Existe, também, uma ideia retrógrada de que a cartilagem desses animais possui substâncias capazes de curar doenças ósseas. Essa concepção é falsa, no entanto muitos tubarões ainda morrem devido a esse fato.
Essas práticas estão provocando a extinção em massa dos tubarões, o que é comprovado por pesquisas atuais que mostram a existência de 456 espécies, com 11 em perigo crítico, 15 ameaçadas de extinção e 48 vulneráveis, como dito pelo site Ciência Hoje. A prática ilegal de sua pesca está gerando um distúrbio ambiental, aumentando a população carniceira dos mares e daqueles que eram suas presas.
Mas qual a importância dos tubarões?
Há uma contribuição significativa por parte desses animais para o seu ecossistema, pois regulam as populações de presas, além de manterem a saúde nos oceanos por meio da ingestão de animais doentes, feridos e mortos. Atualmente estão sendo produzidas em laboratórios, e experimentalmente testadas, células de tubarão que parecem ser um poderoso antibiótico no tratamento de doenças humanas.
Os tubarões são de extrema importância, pois eles se encontram no topo da cadeia alimentar marítima garantindo, assim, um equilíbrio ambiental. Porém, infelizmente, o interesse econômico acaba colocando-se em detrimento da preservação ecossistêmica. Um exemplo disso foi a construção do Porto de Suape, em Pernambuco, onde ignorou-se a biodiversidade local e levou-se em consideração apenas o lucro. As consequências disso não foram agradáveis, pois diversos animais (entre eles os tubarões) acabaram ficando sem alimento e precisando avançar para a costa em busca da sobrevivência. Logo, os ataques aumentaram, principalmente, na praia de Boa Viagem em Recife que agora ocupa o ranking mundial em ataques de tubarão.
Com a ampliação de iniciativas, como a do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Tubarões e Raias Marinhas Ameaçados de Extinção produzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o objetivo é reduzir o índice de caça aos tubarões e evitar um desastre da biodiversidade no ecossistema dos oceanos. Tal evento afetaria não somente as espécies aquáticas, mas a nós também. Afinal, sem o tubarões não teríamos um equilíbrio ambiental favorável.
Para que a situação apresentada mude e não cheguemos a um colapso em nossa cadeia ecológica, precisamos de uma mudança no pensamento social em geral com relação a essa espécie tão importante, já que essa imagem negativa construída ao longo dos anos não faz jus à realidade.
É necessária a criação de novos movimentos e intervenções governamentais -ou não- que criem novas campanhas de conscientização e medidas que possam mudar essa realidade, como a criação de leis para a proteção dos tubarões. Afinal, ao analisarmos os dados apresentados anteriormente percebemos claramente que os tubarões são apenas vítimas dos seres humanos e não o contrário.
