Rafael Rievers
BioBlog ESEM
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3 min readApr 13, 2018

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A transformação das formigas-zumbis: Seria esse um fim apocalíptico?

Written by: Laura Fernandes, Mauri Dutra, Naiara Schmitz, Rafael Rievers e Vinicius Magalhaes

Alexander Fleming, o descobridor da penicilina — remédio provido a partir de um fungo — já dizia: “Eles podem ser mais poderosos e perigosos do que você imagina”. Os fungos são formas de vida macroscópicas ou microscópicas simples, e apesar de não serem organismos tão complexos, podem ser considerados heróis ou vilões entre os organismos vivos e não-vivos, visto que ao mesmo tempo são usados como ingredientes de bebidas e alimentos — como o vinho e o pão — e são causadores de doenças — como a Histoplasma capsulatum ou histoplasmose, cujos vetores são as aves e os morcegos.

Já entre as formigas, alguns fungos conseguem protagonizar um bom filme apocalíptico. Os fungos parasitários já são conhecidos desde o século XIX. Nessa época apenas uma única espécie era conhecida, a Ophiocordyceps unilateralis que era responsável por infectar formigas, alterando seus hábitos, fazendo com que elas deixassem de realizar tarefas nas colônias e vaguem sem objetivo, longe da sua colônia. Algumas vezes são até retiradas de seus ninhos pelas próprias formigas, a fim de impedir a propagação do fungo nas outras operárias.

No ano de 2011 foi realizada uma expedição na mata atlântica em Minas Gerais, coordenada pelo pesquisador britânico Harry Evans; Tal pesquisa contribuiu com novas descobertas sobre esses fungos parasitas. A partir disso, quatro novas espécies foram descobertas, cada uma delas responsável por parasitar uma espécie de formiga, o que também nomeou cada espécie de fungo, são elas: Ophiocordyceps camponoti-rufipedis, Ophiocordyceps camponoti-balzani, Ophiocordyceps camponoti-melanotic e Ophiocordyceps camponoti-novagrandensis.

No ano de 2013, Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos, pesquisador e biólogo do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC- encontrou o que aparentemente seria outra espécie de fungo parasitário, isso porque as amostras teriam sido coletadas em uma região muito diferente da qual Harry Evans teria coletado.

Um fato curioso é que mesmo ocorrendo vários efeitos colaterais e formações de estruturas que comprometem várias partes da formiga (sistema nervoso, entre outros), as formigas e os fungos conseguem viver juntos, mesmo que por pouco tempo. Quando tal fenômeno ocorre tem-se as chamadas formigas-zumbis. Essa formiga é parasitada por meio da aspiração e/ou ingestão do fungo e isso resulta na ação de metabólitos secundários que agem no sistema nervoso da formiga. Sem rumo, as formigas deixam de realizar suas tarefas e migram em busca de um lugar melhor para os fungos se desenvolverem, esse processo ocorre por cerca de dez dias até a morte do hospedeiro. Após a morte da formiga, o fungo mantém todo o exoesqueleto da formiga intacta para impedir que outros organismos a usem como forma de obter energia. Com o esgotamento de nutrientes da formiga, o fungo precisa reproduzir-se, assim fora da formiga o fungo produz uma estrutura parecida com uma antena, e na ponta da antena são liberados os esporos. Esses esporos parasitam outras formigas continuando o ciclo.

Contudo, não é necessária preocupação em relação a esses efeitos nos seres humanos. Segundo Elisandro Drechsler dos Santos, esse fato é apenas uma espécie de controle populacional das formigas e a probabilidade de esse tipo de fungo parasita afetar um ser humano, mesmo doente, está completamente descartada, posto que o sistema imunológico de um humano é mais desenvolvido/evoluído do que o sistema imunológico de uma formiga, assim o biólogo afirma e completa com tal citação: “A evolução se encarregou de ajustar um modo em que todos sobrevivam”.

Fontes consultadas:

http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/2164/n/insetos_a_deriva

https://www.infoescola.com/biologia/formigas-zumbis/

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