Afinal, o que é uma espécie?

Emanuel Armando II
BioBlog ESEM
Published in
6 min readApr 7, 2018

Escrito por Bethânia Marques de Carvalho, Emanuel Armando II, Luca Mendonça, Pablo Henrique e Rahab Seixas

Não é apenas a aparência que determina se indivíduos são ou não da mesma espécie. Diversos fatores são usados para indicar uma espécie e nem sempre eles são muito claros, dificultando a definição desse conceito. Isso quer dizer que, para organismos serem considerados de uma mesma espécie, eles devem ter capacidade de reproduzir-se em ambiente natural. Perceba que em nenhum momento a aparência é usada como critério decisivo. Um dos motivos para que a aparência não seja utilizada com esse propósito é a existência daquelas espécies que apresentam machos e fêmeas bastante distintos, como é o caso do papagaio-ecletus, em que macho possui plumagem verde e a fêmea possui plumagem vermelha e azul. Além disso, existem muitas espécies muito semelhantes que são incapazes de cruzar.
Entretanto, muitas vezes o fator semelhança (até mesmo de DNA) de indivíduos podem gerar equívocos e causar dúvidas. Uma publicação da Scientific American Brasil trouxe um exemplo da dificuldade que se têm em relação à definição de espécies: “Os lobos do sudeste dos Estados Unidos são considerados uma espécie à parte, o chamado lobo-vermelho (Canis rufus). Muito se tem feito para salvar essa espécie da extinção, com programas de reprodução em cativeiro e projetos de reintrodução ao seu hábitat natural. Cientistas canadenses, entretanto, argumentam que o lobo-vermelho é, na verdade, apenas uma população isolada de C. lycaon do lado sul.Se for assim, então o governo não está, de fato, salvando uma espécie da extinção, já que milhares de animais pertencentes à mesma espécie, C. lycaon, ainda prosperam no Canadá.

Como ficou demonstrado, no caso dos lobos do Parque de Algonquin, definir espécie pode ser muito importante para as medidas de preservação ambiental, tanto no que diz respeito às espécies ameaçadas quanto em relação a seus hábitats. “Podemos dizer que, por um lado, trata-se de assunto esotérico, de outro, de problema prático; e, talvez, de problema legal”, avalia Alan Templeton, da Washington University em St. Louis.”

Espécie se originou do latim: species, que significa “tipo” ou “aparência. Porém, seu conceito é um pouco mais complicado. De acordo com o biólogo Ernest Mayr, espécies são agrupamento de populações naturais que são capazes de reproduzir-se naturalmente e são reprodutivamente isoladas de outros grupos. Porém, para Darwin, espécies são como os gêneros, “meras combinações artificiais feitas por conveniência”. O conceito de espécie ainda é muito amplo, porém, é basicamente um conjunto de indivíduos muito semelhantes, capazes de cruzar entre si e gerar filhos férteis.

Há outros conceitos de espécies para complementar o conceito biológico: o conceito morfológico de espécie que define uma espécie pela sua semelhança, conceito ecológico de espécie define analisando seu nicho ecológico e conceito filogenético de espécie que define uma espécie como o menor grupo de indivíduos que apresenta um ancestral comum.

Apesar de geralmente as espécies serem parecidas, nem todas são. Os organismos podem parecer uns com os outros e serem de espécies diferentes. Por exemplo, cotovias ocidentais (Sturnella neglecta) e cotovias orientais (Sturnella magna).Organismos também podem parecer diferentes e ser da mesma espécie. Por exemplo as formigas da espécie Pheidole barbata.

São inúmeras as espécies existentes em nosso planeta, cada um com suas características, seus habitats e etc, porém cada vez mais essa diversidade vem sendo ameaçada pelo processo de extinção. O processo de extinção está relacionado ao desaparecimento de espécies em um determinado ambiente. Normalmente o processo de extinção é um evento extremamente lento, que dura milhares de anos, porém, ao longo do tempo o homem vem acelerando muito a taxa de extinção de espécies. São muitas as causas de extinção, por exemplo, queimadas, caça, poluição, aquecimento global, urbanização, desmatamento, tráfico de animais, entre outros motivos.

Segundo o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), no Brasil, temos, aproximadamente, 750 espécies de animais em risco de extinção, incluindo espécies terrestres e aquáticas, sem mencionar aquelas espécies que já foram extintas, como a Arara-azul pequena e o Tubarão-lagarto. Espécies ameaçadas são aquelas cujas populações e habitats estão desaparecendo rapidamente, de forma a colocá-las em risco de tornarem-se extintas.

Diante deste triste e preocupante cenário atual, pesquisadores, empresas e ONGS têm desenvolvido projetos de preservação de espécies e também ações de conscientização acerca das causas deste problema, como por exemplo, a caça ilegal. Um dos mais conhecidos e bem sucedidos projetos de conservação da vida marinha é o Projeto Tamar.

Há poucos dias tivemos a morte do último rinoceronte-branco do norte macho, o Ceratotherium simum cottoni, aos 45 anos. O principal fator de extinção de sua espécie foi a caça ilegal estimulada pela demanda de chifres de rinoceronte.

Uma borboleta bate as asas em São Paulo e um tufão atinge Pequim. A conhecida frase é uma popularização do “efeito borboleta”, termo que se refere às condições iniciais dentro da teoria do caos, e significa que um evento, por menor que seja, pode alterar significativamente o curso natural das coisas.

Apesar do meio ambiente estar no centro dos debates hoje em dia, recheando noticiários e cobrindo as capas do jornal, ainda poucas pessoas se preocupam realmente com a ecologia. É como se a ecologia fosse algo bucólico, romântico e distante, e não algo real e urgente. Por isso é comum ouvir por aí frases como “por que eu preciso me preocupar com os ursos polares lá no Ártico?”, ou “o que eu tenho a ver com as baleias jubarte?”. Segundo Chris Bueno, todos nós temos muito a ver com essas espécies e com as muitas outras ameaçadas de extinção.

Microrganismos como Espécies:

A maioria dos trabalhos relacionados ao conceito de espécie sempre foi direcionada a animais e plantas. Hoje, porém, os cientistas sabem que a grande maioria da diversidade genética está no mundo invisível dos microrganismos, e eles são o maior desafio quando o assunto é a natureza das espécies. Os microrganismos — principalmente bactérias e arquéias — são em geral muito parecidos entre si. Para distinguir duas bactérias com forma de bastão, os microbiólogos desenvolveram experimentos relacionados ao metabolismo delas.

Virou confusão quando os cientistas tentaram calcular a diferença entre o DNA de duas espécies. Para surpresa de todos, as diferenças podiam ser imensas. Bactérias de uma mesma espécie são capazes de apresentar modos de vida radicalmente distintos.

“A variação genética dentro de uma mesma espécie é tão grande que o termo ‘espécie’ parabactérias e arquéias não tem o mesmo significado que para plantas e animais multicelulares”, considera Jonathan Eisen, da East Carolina University.

Alguns pesquisadores argumentam que, talvez, os microrganismos se adaptem ao conceito biológico de espécie, mas de uma maneira peculiar. As bactérias não cruzam como os animais, mas fazem intercâmbio de genes.

Existem evidências de que linhagens próximas permutam mais genes que linhagens distantes. Alguns cientistas têm apontado certos problemas quanto a isso. Embora animais e plantas possam intercambiar genes toda vez que se reproduzem, os microrganismos raramente permutam dessa maneira. Durante um período de milhões de anos esses microrganismos adquiriram novos genes não apenas de seus parentes mais próximos, mas também de outros microrganismos que pertencem a reinos totalmente diferentes. Eles insistem que esse fluxo de genes ajuda a minar qualquer conceito de espécie para o caso dos microrganismos.

Referencias:

Mayr, Ernst, 1963. Animal species and evolution. XVI + 797 pp. Editora Harvard University Press, Cambridge.

http://queconceito.com.br/especie

http://www.ib.usp.br/evosite/evo101/VA1BioSpeciesConcept.shtml

http://www2.uol.com.br/sciam/aula_aberta/o_que_e_uma_especie_.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie

https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-especie.htm

https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/especie.php

https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/bioclassifidosseresvivos1.php

https://www.tapatalk.com/groups/antfarm/carrizo-plain-nat-l-monument-5-24-03-t3890.html

http://www.topmidianews.com.br/geral/morreu-o-ultimo-rinoceronte-branco-do-norte-macho/86822/

http://escolaclasse27.blogspot.com.br/2010/05/texto-para-reflexao-extincao-de-uma.html

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