Amanita, beleza ou veneno?

Rafaela Fradique
BioBlog ESEM
Published in
6 min readJul 2, 2018

Escrito por: @alexandracastro @karengabriela Rafaela Fradique

Todos devem conhecer o jogo do Super Mario, o qual é um ícone. Porém, será que todos sabem que o famoso cogumelo do game, aquele mesmo, vermelho de pintinhas brancas, é perigoso e se proliferou por todo lugar? Vamos saber mais sobre esta espécie que é um tanto quanto interessante.

Informações da espécie e seu nome

Seu nome científico é Amanita muscaria. Este fungo é pertencente ao reino Fungi (família Amanitaceae), que vive em associação ectomicorrízica, isto é, associações simbióticas entre fungos e raízes de plantas. As ectomicorrizas são encontradas em 10% de todas as famílias de plantas vasculares, sendo comuns em eucaliptos, pinheiros e roseiras. Neste tipo de associação, as hifas do fungo, as quais têm função de crescimento (expansão) e nutrição, não penetram as células da raiz da planta (ecto = externo).

Foto explicativa das micorrizas

Em muitos locais do mundo esse fungo ganhou nomeações que remetem ao seu poder inseticida, retratando sua capacidade de matar moscas. Embora esta noção seja algo enraizada na cultura popular de alguns locais, na verdade isto é contestável — estudos demonstram que moscas expostas aos fluidos do cogumelo não morrem, ficam intoxicadas. É possível, também, que a associação com as moscas tenha outra origem: na Idade Média acreditava-se que esses insetos podiam entrar na cabeça das pessoas e provocar loucura, algo porventura semelhante ao poder alucinógeno deste cogumelo.

E para não ficar apenas no senso comum e poder ter conhecimento acerca desse fungo, vamos explicar o que acontece com ele a seguir.

Origem

Esses fungos, originários do Hemisfério Norte, são bastante conhecidos na Europa e na América do Norte. No Brasil, foi encontrado pela primeira vez na região metropolitana de Curitiba — PR, pelo botânico A. Cervi, da Universidade Federal do Paraná, em 1982.

São nativos de locais onde o clima é extremamente frio como, por exemplo, as Florestas de Coníferas. Estes cogumelos necessitam desse tipo de habitat para cumprirem seu ciclo reprodutivo.

Como obtém seus nutrientes?

A espécie Amanita, como todo fungo, não apresenta atividade fotossintética. Seus nutrientes são obtidos através da decomposição de matéria orgânica morta.

Durante o seu ciclo de vida, esse fungo desenvolve um corpo de frutificação, o cogumelo, que contém numerosos esporos, seus elementos reprodutivos. As Amanitas pertencem ao grupo dos Basidiomicetos e, por isso, produzem esporos chamados basidiósporos, que, por sua vez, levam à formação de um cogumelo conhecido como basidiocarpo.

Um basidiocarpo apresenta na face inferior de seu “chapéu” muitas lamelas dispostas radialmente. Na superfície dessas lamelas, encontra-se um grande número de microscópicas estruturas produtoras de esporos denominadas basídios, que, por meio de meiose, produzem esporos basidiósporos haploides. Ao caírem em local adequado, isto é, um solo ou outro local rico em matéria orgânica, os basidiósporos se desenvolvem em novas hifas, ainda haploides, formando um micélio.

Quando hifas de dois micélios diferentes se encontram, pode ocorrer a fusão entre elas, processo chamado de plasmogamia, o que constitui uma forma de reprodução sexuada. Como resultado da plasmogamia, são formadas as hifas dicarióticas, que apresentam dois núcleos em cada célula. Essas hifas irão formar um novo micélio que, no momento adequado, constituirá novos corpos de frutificação e assim o ciclo se fecha.

Note que a fusão dos dois núcleos haploides, voltando à condição diploide, ocorre somente no interior dos basídios. Logo após, acontece a divisão meiótica que produz esporos (meiose espórica). Esses fungos apresentam o mesmo tipo de alternância de gerações já descrito para as macroalgas, sendo que nos basidiomicetos, a fase diploide é representada pelo basidiocarpo; e a fase haploide pelas hifas mais simples, de células mononucleadas.

Ciclo de reprodução do fungo

·Espécies de Amanita

Abaixo apresentamos algumas espécies desse gênero de fungo.

Amanita abrupta

Amanita aprica

Amanita banningiana

Amanita bisporigera

Amanita breckonii

Amanita brunnescens

Amanita ceciliae

Amanita citrina

Amanita cokeri

Amanita farinosa

Amanita flavoconia

Amanita flavorubescens

Amanita franchetii

Amanita fulva

Amanita gemmata

Amanita jacksonii

Amanita lanei

Toxinas da Amanita

Amanita phalloides também é popularmente conhecido como fungo da morte. O cogumelo Amanita mais temido e venenoso é o Amanita phalloides. Ele é responsável pela maioria das mortes e envenenamentos causados por cogumelos.

As principais vítimas de envenenamento são jovens que fazem uso destes cogumelos na esperança de obter efeitos alucinógenos, não sendo essa uma das suas propriedades.

A Amanita phalloides possui três grupos de toxinas identificados: as falotoxinas, as amatoxinas e as virotoxinas:

Falotoxinas: são um grupo de pelo menos sete substâncias, todas heptapeptídeos (compostos com sete aminoácidos) bicíclicos isolados a partir do cogumelo venenoso.

Amatoxinas: são mais tóxicas que as falotoxinas, podendo prejudicar o fígado, causando sua necrose, e os rins. A concentração de amatoxinas, que estão presentes em outros cogumelos, pode variar. No caso da A. phalloides, estas toxinas encontram-se em concentrações de 2 a 7.3 mg por grama de tecido de cogumelo e são potencialmente fatais.

Virotoxinas: são peptídeos monocíclicos que não atuam por via oral.

Percebemos ao longo da pesquisa que as aparências enganam e nem tudo que é bonito necessariamente é algo bom. É interessante também percebermos a importância do conhecimento para sairmos do senso comum e assim temos propriedade para afirmamos, por exemplo, que algo é venenoso, como mostrado ao longo desse artigo. A relação das moscas com o cogumelo também é um bom exemplo da reprodução do senso comum, mostrado no início, quando acreditavam que as moscas entravam na cabeça das pessoas, provocando alucinações.

Em junho de 1996, a Seção de Micologia Fitopatológica do Instituto Biológico foi consultada sobre a possibilidade de utilização, como alimento, de um cogumelo que crescia fartamente em um bosque de Pinus sp. existente em uma propriedade situada em Grajaú, na parte Sul do município da Cidade de São Paulo.

Tratava-se de um cogumelo de “chapéu”, com aspecto bastante atrativo e coloração escarlate com pontos brancos: a Amanita muscaria, que vive em associação micorrízica com várias coníferas, inclusive do gênero Pinus.

Posteriormente, o cogumelo foi também encontrado no Rio Grande do Sul e em São Paulo na região de Itararé. Nesse sentido, este artigo torna-se um alerta sobre o perigo de intoxicação pela ingestão de cogumelos que crescem espontaneamente em campos e florestas do Brasil.

Referências bibliográficas:

http://www.rc.unesp.br/biosferas/Art0090.html

http://ambientes.ambientebrasil.com.br/florestal/artigos/amanita_muscaria_-_amanita_sp.html

https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/705

http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigil

ancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/toxinas/cogumelos.pdf

https://teonanacatl.org/threads/todas-as-esp%C3%A9cies-amanitas-de-acordo-com-mushexp.2714/

https://www.altillo.com/medicina/monografias/amanita_falloide.asp

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