Antibióticos

Guilherme Levi
BioBlog ESEM
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5 min readNov 9, 2018

Escrito por Guilherme Levi e Luíza Helena

Muitas pessoas já ouviram falar sobre os “antibióticos”. Contudo, muitos não entendem significado dessa palavra em sua totalidade.

Antibióticos (antibacterianos) são substâncias químicas utilizados pela medicina para tratar de infecções bacterianas, matando ou inibindo o crescimento desses microrganismos. Essas substâncias podem ser tanto de origem natural, quanto produzidas por fungos ou bactérias, como também podem ser total ou parcialmente sintéticas.

Cultura de Bactérias, em que as pilulas brancas são algum tipo de antibiótico. Exemplo da situação observada por Fleming

O primeiro antibiótico da história — a penicilina — foi descoberto, acidentalmente, em 1928, pelo médico e bacteriologista Alexander Fleming. Durante um experimento, ele observou que suas culturas de Staphylococcus aureus¹ foram contaminadas com mofo, e que ao redor dos locais onde os fungos se encontravam, existiam halos transparentes, indicando que não existiam bactérias naquela região. Ao estudar as propriedades desse bolor, categorizado como pertencente ao gênero Penicillium, Fleming percebeu que o fungo produzia uma substância capaz de inibir o crescimento dessas bactérias e até eliminar as mesmas.

Os antibióticos são medicamentos que devem ter a chamada toxicidade seletiva. Isso significa que elas devem ser tóxicas apenas para o agente causador da doença — e não para o ser humano — pois eles atuam em etapas do metabolismo do micro-organismo e não do indivíduo infectado. Os antibióticos podem ser categorizados de acordo com dois tipos de ação: Aqueles que matam os microrganismos (bactericidas) e os que inibem o seu crescimento (bacteriostáticos).

Os principais mecanismos de ação dos antibióticos sobre as bactérias são:

1- Inibição da duplicação cromossômica bacteriana (impede a reprodução do micro-organismo) ou inibição da transcrição do DNA em RNA mensageiro (fonte de informação da síntese proteica);

2- Imitação de substâncias usadas pela célula bacteriana e ligação dessas a enzimas que inibem as bactérias;

3- Modificação da permeabilidade da membrana plasmática da bactéria, fazendo com que metabólitos — produtos intermediários das reações metabólicas — importantes sejam perdidos através da mesma;

4- Inibição da síntese de proteínas bacterianas- como existe uma diferença estrutural entre os ribossomos de bactérias e os de humanos, esses medicamentos não afetam a produção protéica humana;

5- Impedimento da formação completa do peptidoglicano, substância que forma a parede celular e envolve a membrana plasmática bacteriana.

Qualquer tipo de antibiótico deve ser tomado somente com prescrição médica, respeitando os horários e doses prescritas, pois quando usado de maneira incorreta e/ou equivocada esses antibióticos podem fazer mal e também podem eliminar bactérias que trazem benefícios ao nosso corpo. Um exemplo seria a eliminação das bactérias existentes nos nossos intestinos e em nossa pele, causando o surgimento de problemas como candidíase, diarréia ou infecções de pele ou até pode tornar as bactérias mais resistentes — através da adaptação por seleção natural² — , tornando o tratamento da doença mais difícil.

De acordo com uma análise feita em diversos países, o uso de antibióticos ao redor do mundo aumentou cerca de 65% por volta de 15 anos até os dias atuais. Esse aumento ocorre principalmente em países onde o saneamento básico é precário e a tendência de desenvolver doenças são maiores. O uso dessas “drogas” fizeram com que houvesse uma melhora nos indicadores socioeconômicos. A curto prazo esse aumento nos indicadores é considerado uma boa (?) notícia, mas a longo prazo esse aumento pode ser maléfico pois as bactérias podem parar de reagir aos antibióticos e se tornarem “superbactérias”.

Superbactérias são uma ameaça à saúde, pois não respondem mais aos antibióticos disponíveis nos dias atuais, criando um tipo de “escudo” e causando infecções muito graves e difíceis de curar. No Brasil, essas superbactérias são responsáveis por 23 mil mortes por ano e pesquisas dizem que “10 milhões de pessoas morrerão por uso excessivo e descontrolado desse medicamento até 2050”.

O tratamento das superbactérias é difícil e consiste em uso de antibióticos, algumas vezes combinados, contudo são necessárias medidas de controle da disseminação. Essas bactérias têm a capacidade de passarem os mecanismos de resistência entre si e isso acontece muito rápido. Enquanto a ciência leva anos para criar antibióticos, elas tornam-se resistentes em minutos. Portanto, se você tem usado qualquer tipo de antibiótico com frequência, mesmo que seja aquele que você está acostumado e acha que não está afetando nada em seu organismo, consulte um especialista para que não esteja correndo nenhum tipo de risco.

Conceituando:

¹ — bactéria esférica, do grupo dos cocos gram-positivos, frequentemente encontrada na pele e nas fossas nasais de pessoas saudáveis. Entretanto pode provocar doenças, que vão desde uma simples infecção até infecções graves .

² — A seleção natural é um dos principais mecanismos da evolução. De uma maneira bastante simples, podemos dizer que a seleção natural é um processo em que os organismos mais aptos são selecionados, sobrevivem no meio, reproduzem-se e passam suas características aos seus descendentes.

Para que a seleção natural ocorra, são necessários alguns fatores:

  • Variabilidade entre os indivíduos: Os organismos de uma mesma espécie precisam ter variações em suas características. Sem essas diferenças individuais, a seleção não poderia atuar.
  • Reprodução diferenciada: Os organismos mais adaptados a uma região reproduzem-se com maior frequência que os outros. Características desvantajosas podem levar indivíduos à morte antes mesmo de sua reprodução.
  • Hereditariedade: As características vantajosas são passadas para os descendentes, aumentando sua frequência em uma população. Essa característica, caso continue a garantir vantagem evolutiva, será passada para várias gerações até que a característica desvantajosa torne-se rara.

Bibliografia:

https://www.ebah.com.br/content/ABAAABo4cAL/antibioticos

https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/antibi%C3%B3ticos/antibi%C3%B3ticos

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/bact%C3%A9rias-e-drogas-antibacterianas/vis%C3%A3o-geral-dos-antibacterianos

https://farmacia.hc.ufg.br/up/734/o/Guia_de_Antimicrobianos_do_HC-UFG.pdf?1409055717

https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/a-descoberta-penicilina.htm

https://www.infoescola.com/microbiologia/origem-dos-antibioticos/

https://super.abril.com.br/saude/uso-mundial-de-antibioticos-aumentou-65-em-16-anos-e-isso-e-um-problemao/

https://www.tuasaude.com/antibiotico/

https://esquadraodoconhecimento.wordpress.com/ciencias-da-natureza/biologia/como-os-antibioticos-combatem-as-bacterias/

https://experienciasdeumtecnicodeenfermagem.com/classes-de-antibioticos-2/

https://pt.slideshare.net/RenatoSantos40/antibiticos-13589976

https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/selecao-natural.htm

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