Antocianina: o protetor solar das plantas

Marcos Vinicius
BioBlog ESEM
Published in
3 min readJun 28, 2018

Escrito por: Marcos Vinicius, Samuel Vinícius e André Vitor

Plantas usam protetor solar? A resposta é sim: as plantas, principalmente, de tons vermelho e azuis possuem um pigmento que protege as folhas dos raios ultravioleta. Esse corante é chamado de antocianina e detêm todas as propriedades de um filtro solar. Ademais, esse protetor apresenta outras finalidades, tais como o tingimento das plantas, a transmissão de mensagens aos animais e ação antioxidante, tornando-se assim essencial para o organismo das plantas.

Bico-de-papagaio: pigmento que tinge de vermelho as folhas também as protege dos danos da radiação solar Foto: Léo Ramos

Desde o século XIX, começaram a surgir idéias de que a antocianina protegia as plantas do excesso de luz solar. Alguns pesquisadores possuíam dúvidas sobre esse efeito protetor, pelo fato de eles se localizarem nas células vegetais dentro de bolsas chamadas vacúolos, que na época eram consideradas depósito de lixo celular. A mudança mediante esse pensamento se modificou no início dos anos 90, no momento em que cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Superior Técnico de Lisboa, em Portugal, acumularam evidências em experimentações mostrando que o funcionamento da fotossíntese nas folhas avermelhadas resiste melhor ao excesso de radiação solar.

Mesmo a fotossíntese tendo um papel exclusivo na produção de compostos orgânicos, o excesso de luz ainda pode danificar ou até mesmo matar algumas plantas. Quando isso ocorre, a vegetação sofre um efeito chamado fotoinibição. E é nesse caso que as antocianinas funcionam. Elas estabilizam as folhagens, fazendo com que essa vegetação não sofra nenhum tipo de irradiação e transformam o excedente da energia solar em calor.

Flores de gengibre-azul-brasileiro, ricas em antocianinas Foto:Frank Quina

Muitas vezes, a antocianina é comparada ao ácido acético, já que esse pigmento também é um ácido fraco. O funcionamento do composto em questão é bem simples: a energia que foi captada pelo pigmento faz com que haja uma mudança na composição do ácido e ele se transforma em um ácido forte que pode ser até equiparado ao ácido clorídrico. Essas mudanças nas propriedades físico-químicas ocorrem em menos de 200 trilionésimos de segundos.

Pesquisadores da USP também descobriram outras proteções que as antocianinas oferecem às plantas. Os radicais livres que são produzidos pelo metabolismo vegetal acabam danificando as células dos vegetais, pelo fato de eles serem compostos ricos em oxigênio altamente reativos. As antocianinas agem neutralizando esses radicais. Por isso, hoje, elas são consideradas moléculas antioxidantes. Esse é um dos motivos pelos quais os nutricionistas recomendam uma dieta rica em verduras como o repolho-roxo e frutas como a uva e o açaí, todos ricos em antocianinas.

A estrutura química da antocianina é baseada em uma estrutura policíclica de quinze carbonos, mostrada na figura a seguir.

Estrutura Geral das Antocianinas: R1 e R2 podem ser H ou açúcares e R pode ser OH ou H

Com base nesta análise, fica evidente que esses pigmentos são essenciais para a sobrevivência das plantas. Com isso, podemos avaliar que a antocianina tem uma papel significativo na reestruturação e manutenção dos vegetais, fazendo com que eles resistam à matéria que é mais importante para sua subsistência: a luz.

Referências:

http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/12/10/os-guarda-sois-coloridos-das-plantas/

http://www.ufrgs.br/agronomia/materiais/userfiles/Leticia.pdf

http://www.abq.org.br/simpequi/2013/trabalhos/2092-12945.html

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