CO2: o novo inimigo do arroz
Escrito por: Marcos Vinicius e André Victor
O CO2 (gás carbônico) além de ser liberado por vários seres vivos na respiração, é um dos gases do efeito estufa, que contribui para o equilíbrio térmico da terra. No entanto, pesquisas da FAPESP demonstraram que o aumento significativo dos níveis de gás carbônico -parte disso por ação humana- pelo mundo já está afetando os nutrientes de um dos cereais mais consumidos do planeta: o arroz. Devido a isso, surge uma pergunta: como isso afetará as próximas gerações?
Nesse contexto, entre 2010 e 2014, um grupo de pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, cultivou 18 linhagens de arroz em fazendas na China e no Japão a fim de conferir o percentual de gás carbono concentrado no alimento nos dois países. E o resultado foi unânime, pois demonstraram que o arroz que estava exposto às mais altas concentrações de gás carbônico apresentou 10% menos de proteína, 8% menos de ferro e 5% menos de zinco, além da redução no teor de vitaminas do complexo B.
Esses dados preocupantes, mostram o risco de cerca de 2 bilhões de pessoas que o usam como principal alimento. A epidemiologista Kristie Ebi, também da Universidade de Washington, apresentou informações dos níveis atmosféricos desse gás, nos dias atuais, que já passaram de 280 partes por milhão (ppm), antes da Revolução Industrial, para 410 (ppm) na atualidade. Contudo, caso não haja mudanças significativas no padrão de emissão por parte dos países, esses números podem chegar até a 2100 (ppm).
É importante salientar que as altas taxas de CO2 na atmosfera acaba diminuindo a concentração de nitrogênio, que é fundamental para a formação da vitamina do complexo B, pelas plantas. Essas vitaminas são essenciais para a absorção de outros nutrientes e o funcionamento do sistema imunológico nos seres humanos.
Há uma vitamina do complexo B, chamada folato (ácido fólico ou vit B9) que é fundamental para o desenvolvimento cognitivo do sistema nervoso do feto. A diminuição dos nutrientes do arroz pode causar danos diretamente nesse parte do sistema nervoso, pois essas substâncias estão diretamente ligadas à saúde materna e infantil dos seres humanos, acima de tudo nos países mais pobres que dependem desse cereal, tais como a África do Sul e Bangladesh.
Dado o exposto, podemos afirmar que as altas taxas de queimas de gás carbônico por parte dos seres humanos está afetando diretamente a nutrição da população mundial. Dessa forma, é necessário que o homem comece a pensar no futuro a fim de que sejam aplicadas medidas mais sustentáveis e efetivas por parte dos governos, tais como a criação de novos acordos internacionais, para que o presente seja transformado e o futuro seja consolidado com práticas adequadas.
REFERÊNCIAS:
http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/07/19/arroz-perde-nutrientes-com-mais-co2-no-ar/
