Como beijar pode aumentar as chances de desenvolver patologias.

Beatriz Donato Leandro
BioBlog ESEM
Published in
3 min readMay 3, 2018

Escrito por Anna Karolina Freitas, Beatriz Donato Leandro, Gabi Santos, Lara Coelho e Yasmin Konceição

Os vírus desempenham um papel importante nas doenças autoimunes, atuando como etiopatogênicos. Um dos mais recorrentes desencadeantes de patologias autoimunes é o vírus Epstein-Barr (EBV). A associação entre a doença do beijo (mononucleose infecciosa) e doenças autoimunes tem ganhado espaço nas pesquisas científicas devido à considerável ocorrência de doenças autoimunes quando o paciente possui a doença do beijo.

A mononucleose infecciosa é causada pelo vírus Epstein-Barr e atinge cerca de 80% da população brasileira, os mais afetados são adolescentes entre 14 e 20 anos. Tem como sintomas dores musculares ao engolir, calafrios, fadiga, febre, fraqueza, mal-estar, perda de apetite, suor noturno ou suor e pode ser transmitida diretamente através fluidos corporais, como saliva, sêmen e sangue; exposição a tosse e espirro; bem como o compartilhamento de talheres, copos e garrafas.

O prognóstico da mononucleose infecciosa é leve em 95% dos casos, apresentando-se, geralmente, de forma assintomática ou com sintomas leves como febre alta, inflamação com dores na garganta, náuseas, entre outros que duram entre duas a quatro semanas. No entanto, 4% dos casos podem evoluir para um estágio mais grave, que pode se manifestar através de esplenomegalia (aumento do volume do baço), causando a ruptura do órgão, logo o desenvolvimento de uma anemia hemolítica é eminente. E, em 1% dos casos pode-se ocorrer uma meningite de líquido claro, com amplos sinais neurológicos e de envolvimento cerebelar.

As patologias autoimunes fazem com que o sistema imunitário fique desorientado, ocasionando ataques ao próprio corpo, ao invés de protegê-lo. Exemplos de doença autoimunes são o Lúpus Eritematoso Sistêmico (SLE), alguns tipos de Esclerose Múltipla e Artrite Reumatoide.

Popularmente conhecido como Lúpus, o Lúpus Eritematoso Sistêmico (SLE), a patologia ainda sem cura, causa dores nos músculos, fadiga, dores nas articulações, febre, falta de apetite, feridas na boca, inflamações nos rins e muitos outros sintomas. Os mais afetados pela enfermidade são afro-americanos e mulheres de até 65 anos.

A associação entre infecção pelo EBV e SLE foi descrita através da comparação da reação de anticorpos contra o EBV nos pacientes com SLE. Assim, constatou-se que a infecção da mononucleose antecede as alterações autoimunes.

A comprovação dessa associação foi feita por meio de um estudo do Instituto Nacional das Ciências da Saúde Ambiental (NIEHS), analisando cerca de 230 pacientes recentemente diagnosticados com SLE, de variadas idades, sendo 90 por cento mulheres e 60 por cento afro-americanos. Os afro-americanos tiveram uma predominância maior de anticorpos do vírus Epstein-Barr do que os brancos, conclui-se assim que os afro-americanos possuidores do vírus Epstein-Barr são os mais suscetíveis a contrair o Lúpus Eritematoso Sistêmico.

Como em todas as doenças infecciosas, a primeira forma de prevenção é a higiene pessoal e do ambiente. Principalmente quando há contato com um paciente, deve-se evitar o compartilhamento de utensílios, como copos e talheres, alimentos, etc. Também é necessário evitar beijar a pessoa infectada nos dias seguintes ao final das manifestações clínicas. O benefício da terapia antiviral não tem sido comprovado. Os ensaios com vacinas mostram que não há nenhuma proteção contra a contaminação, porém há uma redução nos sintomas.

Os estudos que relacionam a doença do beijo com o desenvolvimento das doenças autoimunes levam a ‘pensar sobre a sucessão genética e a interação entre risco genético e o meio ambiente ’ levando a conhecimento que fatores ambientais como infecções, podem alterar o risco genético tornando alguns indivíduos mais suscetíveis a algumas patologias do que outros.

Referências:

O PAPEL DO VÍRUS EPSTEIN BARR NA ETIOPATOGENIA DO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO. KOMINSKY, Samuel; AMORIM,Roberto; MONTEIRO,Elaine; ABOUHANA, Rui e COÊLHO, Maria Rosângela Cunha Duarte. Revista Paraense de Medicina, 2006. Disponível em www.scielo.br

O vírus de Epstein-Barr pode aumentar o risco de lúpus. Disponível em www.news-medical.net

INFECÇÃO ATIVA POR HERPESVÍRUS EM PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES). PEIGO, Murilo de Freitas. Disponível em repositório Unicamp.

Instituto Nacional das Ciências da Saúde Ambiental (NIEHS)

www.doencadobeijo.com.br

onlinelibrary.wiley.com

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