CORAIS NA AMAZÔNIA: UM BIOMA QUE PODE SER EXTINTO

Marcos Vinicius
BioBlog ESEM
Published in
4 min readApr 23, 2018

Escrito por Marcos Vinicius, Vitória Povala Theisen e Arthur Victor.

Em 2016, cientistas brasileiros descobriram a existência de um grupo de corais na foz do Rio Amazonas, um dos maiores rios do mundo. Utilizando câmeras, eles detectaram a presença destes recifes na região do Amapá. Interessados pela descoberta, os pesquisadores começaram os trabalhos para estudar o novo sistema recifal, chamando a atenção da ONG GreenPeace, que se juntou à pesquisa neste ano. Com isso, nos dias 12 e 13 de abril de 2018, o barco Esperanza foi lançado ao mar, e descobertas incríveis já foram feitas.

O que se acreditava inicialmente era que os Corais do Amazonas cobriam uma área de 9,5 milhões de km², mas com as novas imagens e amostras conseguidas até agora, estima-se que essa área é 4 vezes maior (pode chegar a 56 milhões de km²), que vão desde a bacia da Foz do Rio Amazonas, até a divisa com a Guiana Francesa.

Os corais são fundamentais para a preservação da biodiversidade do planeta. Mesmo que ocupe uma área de 1% dos oceanos, eles hospedam 25% da vida marinha e 35% dos peixes. Os cientistas acreditam que o bioma esteja imune aos efeitos do aquecimento global, e pesquisadores dizem que eles podem ser grandes protagonistas na preservação de outras espécies de corais. Mas como assim? Bom, acredita-se que recifes em águas profundas (como é o caso dos descobertos no Amazonas), não sofrem impactos do aquecimento das águas, ou seja, estão ainda “intactos” das mudanças globais. Mas corais de águas rasa, como os da Austrália, correm sério risco de morrer, já que estão totalmente expostos na parte rasa e sofrem muito mais com o aquecimento das águas.

Juntando um que não sofre com os efeitos do aquecimento global, com outro que sofre diretamente desses efeitos, tem-se uma auto-ajuda: o plano é para que à longo prazo, os corais de zonas rasas sejam repovoados por estoques profundos que não são afetados pelas mudanças. É claro que não é tão simples assim, mas vários pesquisadores já estudam a hipótese e estão ficando cada vez mais entusiasmados com os resultados.

UMA DAS PRIMEIRAS IMAGENS CAPTADAS DOS CORAIS DA AMAZÔNIA (FOTO: GREENPEACE/DIVULGAÇÃO)

Apesar das visíveis contribuições e de sua importância, esse ecossistema corre perigo: a petrolífera Total tem projetos desde 2017 para explorar o local, que fica a menos de 8 km de onde se encontram os recifes. Os corais ainda não haviam sido confirmados na época em que foi feito o EIA (Estudo de Impacto Ambiental) da empresa, portanto não existem planos por parte da empresa que visam manter o novo bioma intacto. Nesse mesmo estudo, a empresa afirma que existe uma possibilidade de 30% de haver vazamento durante a exploração, que portanto iria atingir a área, causando um enorme impacto não só ecológico, mas também social e econômico, já que esses corais servem de moradia para diversas espécies de peixes, muitos em extinção, e que estão diretamente ligados aos estoques pesqueiros de diversas comunidades na região.

Segundo Thiago Almeida, uma das cabeças à frente do projeto “Defenda os Corais da Amazônia”, o fato de haver uma possibilidade de vazamento já é motivo para o projeto ser barrado. “Imagina que um derramamento atinja a costa, não existe tecnologia para limpar os mangues. Estamos falando de ameaçar povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, que dependem da saúde do mar, da costa, para sobreviver”, disse.

Por isso, se o processo de licenciamento ambiental para a exploração e execução de poços de petróleo na região da foz do Rio Amazonas for aprovado, consequentemente acarretará em um imenso prejuízo para esse bioma.

OURIÇOS-DO-MAR BRANCOS E RODOLITOS PRESENTES NOS CORAIS DA AMAZÔNIA (FOTO: GREENPEACE/DIVULGAÇÃO)

Muitos dos pesquisadores e ambientalistas ficaram alegres com a pressão que a população local colocou ao ficar sabendo desses estudos científicos. Essas análises discorrem sobre como a entrada dessas empresas petrolíferas podem provocar uma grande extinção de espécies nesse bioma, e a esperança é de que com os diversos argumentos juntados pela equipe de cientistas, que vai desde a quantidade de corais até a importância deles para outras espécies, o projeto de exploração petrolífera seja desconsiderado, ou pelo menos muitas mudanças no EIA da empresa sejam feitas.

Referências:

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/04/corais-da-amazonia-sao-observados-em-area-de-exploracao-de-petroleo.html

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/07/corais-da-amazonia-podem-ajudar-salvar-outros-do-aquecimento-global.html

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/04/ciencia-e-maior-esperanca-de-para-salvar-os-corais-da-amazonia.html

https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/ato-cultural-defende-protecao-de-corais-na-foz-do-amazonas-mapeados-ha-um-ano.ghtml

http://www.geocities.ws/lavmbr/corais_a_importancia_dos_recifes.htm

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