Droga alucinógena com futuro medicinal
Autoras: Barbara Sousa Nunes, Karoline Vieira, Victória Cabral
Substâncias alucinógenas são aquelas que alteram a percepção de realidade do indivíduo, podendo causar confusão mental, perda de memória e desorientação em relação ao espaço e ao tempo. Apesar de todos os malefícios, algumas podem ser usadas em questões medicinais. Um exemplo disso são os cogumelos alucinógenos que possuem uma substância chamada psilocibina que afeta diretamente o cérebro e os sentidos, causando alucinações e delírios.
Tal substância é um composto psicodélico que se encontra em centenas de espécies cogumelos alucinógenos pertencentes em maior parte aos gêneros Psilocybe, Panaeolus e Pluteus, como por exemplo: Psilocybe allenii, Panaeolus cinctulus, Pluteus salicinus.
A psilocibina é um alcaloide com estrutura similar à da serotonina (hormônio que atua regulando o humor, sono, apetite, ritmo cardíaco, temperatura corporal, sensibilidade e funções intelectuais) e seu uso resulta em euforia, alucinações visuais e distúrbios sensoriais. A psilocibina atua em partes do encéfalo relacionadas aos sonhos, reafirmando o sintoma descrito por muitos usuários que dizem ter realizado viagens psicodélicas.
A psilocibina pode ser ingerida através dos cogumelos frescos ou secos, misturados com líquidos, puros, chás ou até mesmo em cápsulas. O seus efeitos geralmente aparecem após 15 a 45 minutos de sua ingestão e os primeiros sintomas podem ser vômitos e leves tonturas, seguido de uma sensação de bem estar evoluindo para alucinações e fuga da realidade, que é capaz de durar de 4 a 6 horas, ou até mesmo dias.
O uso recreativo dessa substância é repudiado pelos médicos, já que elas podem acarretar dores no estômago, diarreia, convulsões, coma profundo e morte devido a parada cardíaca. É habitual que as pessoas intoxicadas fiquem profundamente agitadas, confusas e desorientadas, com a sua capacidade de concentração e discernimento diminuída. Em casos graves, podem ocorrer situações psicóticas agudas, incluindo casos graves de paranoia e perda total da noção da realidade, o que pode conduzir a acidentes, auto-mutilação ou tentativas de suicídio. Relatos de consumidores afirmam a imprevisibilidade da potência.
Porém, há estudos realizados com pessoas que comprovam que uma ou duas doses controladas de Psilocibina ajudam pacientes em estágios terminais que sofrem de depressão e ansiedade, viciados em drogas e pessoas com TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Indivíduos depressivos que já não reagiam a outros remédios receberam as doses necessárias do composto e, ao longo de cinco semanas sem receber novas doses, pode-se verificar efeitos benéficos em quase metade deles, pois há mudanças em regiões do cérebro que estão por trás da depressão, como a amígdala que cuida das relações emocionais. Além disso, essa prática é um modelo inteiramente novo para a Psiquiatria, sendo um medicamento que age rapidamente como antidepressivo e ansiolítico.
O Instituto Heffer de Pesquisas, localizado nos Estados Unidos, inaugurado em 1993, é um dos locais de pesquisa que está financiando testes com psilocibina e outros alucinógenos, que reconhecem o grande potencial no tratamento de várias doenças mentais. A New York University também fez um estudo envolvendo 29 pacientes, em que 83% deles notaram uma redução nos sintomas da depressão sete semanas após terem tomado psilocibina. Nesses casos também foi relatado que sua qualidade de vida melhorou.
Portanto, nota-se que os cogumelos alucinógenos são muito mais que uma busca por euforia momentânea, podendo ser uma possível via alternativa de tratamento contra doenças mentais, não descartando os riscos que oferecem a saúde de seus usuários. Nem todos os cogumelos apresentam a psilocibina em sua composição, alguns são extremamente perigosos e podem levar à morte caso sejam ingeridos.
Bibliografia:
https://even3storage.blob.core.windows.net/anais/70447.pdf
https://psicodelizando.com.br/psilocibina-pode-resetar-depressao/