Fotossíntese Animal?

Mauri Dutra
BioBlog ESEM
Published in
3 min readJun 21, 2018

Escrito por: Mauri Dutra, Rafael Rievers, Danilo Mota — Turma 2D.

A fotossíntese é um processo metabólico realizado pelas plantas, as quais ao longo de seu processo evolutivo por meio do englobamento de bactérias, adquiriram uma organela que as permitiu transformar energia solar em energia química, chamada cloroplasto. É através dessa organela que é possível produzir a glicose que será utilizada, futuramente, na produção de energia, nas plantas e nos outros seres vivos, por meio da respiração celular, com a quebra dessa molécula. Enquanto as plantas realizam a produção dessa molécula, outros seres vivos heterótrofos devem ingerí-las para obter a glicose e assim produzirem energia.

Recentemente, uma descoberta feita por Mary Rumpho, pesquisadora da Universidade de Maine, nos Estados Unidos, quebrou a crença de que apenas plantas realizam fotossíntese. A Elysia chlorotica é uma lesma do mar, muito parecida com uma folha, capaz de reter os cloroplastos das algas ingeridas. Quando a Elysia ingere uma alga, no caso, a Vaucheria litorea, que é a principal espécie de alga consumida pela lesma, os cloroplastos são absorvidos e mantidos por até nove meses no seus interior, realizando fotossíntese e fornecendo lipídios e carboidratos à lesma; não necessitando que ela consuma outros seres vivos para sobreviver.

O que deixa os pesquisadores mais intrigados é como ela mantém essa organela em funcionamento, posto que os cloroplastos não possuem, por si só, a capacidade ou DNA suficiente para codificar todas as proteínas necessárias para a realização da fotossíntese, sendo possível só com a ajuda do DNA presente no núcleo da alga. As hipóteses que explicam esse evento seriam: ou o cloroplasto tem a capacidade de armazenar todo o genoma para a o prosseguimento da fotossíntese, ou a Elysia chlorotica cumpre o papel da alga, complementando o DNA necessário para o processo metabólico.

Nos experimentos que permitiram entender melhor esse evento alimentaram a Elysia chlorotica com a Vaucheria litorea por duas semanas. Após isso, restringiu-se sua alimentação. A lesma conseguiu sobreviver o restante da vida útil de um ser da sua espécie, graças à sua capacidade de “sequestrar” os cloroplastos da alga. Quando a lesma ingere e absorve essas algas, através da digestão, ela faz com que os cromossomos sejam distribuídos aleatoriamente para ela. Assim, quando se reproduzem, as lesmas já nascem com a aptidão de manter os cloroplastos em funcionamento. “O gene é incorporado ao cromossomo da lesma e transmitido para a próxima geração de lesmas” diz Sidney K. Pierce, professor emérito da Universidade do Sul da Flórida e da Universidade de Maryland.

O processo de transmissão de genes de um espécie para outra, já era conhecida, porém é um processo muito raro e mais conhecido em bactérias. Por isso, entender esse mecanismo é de suma importância, uma vez que a compreensão desse evento auxiliará no avanço das terapias genéticas em humanos. “A lesma do mar é um bom modelo biológico para terapia em humanos? Provavelmente não. Mas descobrir o mecanismo dessa transferência de genes que ocorre naturalmente pode ser extremamente instrutivo para aplicações médicas futuras”, diz Pierce.

https://cienciaeastronomia.com/conheca-a-elysia-chlorotica-a-lesma-do-mar-que-faz-fotossintese/

Artigo base usado como referência bibliográfica:

MARY E. RUMPHOA, JARED M. WORFULA, JUNGHO LEEB, KRISHNA KANNANA, MARY S. TYLERC , DEBASHISH BHATTACHARYAD, AHMED MOUSTAFAD, AND JAMES R. MANHARTE, A. (2008). Horizontal gene transfer of the algal nuclear gene psbO to the photosynthetic sea slug Elysia chlorotica. Proceedings of the National Academy Sciences. Vol. 105.

http://www.pnas.org/content/105/46/17867.short

Outras referências:

http://www.biotec-ahg.com.br/index.php/acervo-de-materias/biotecnologiaanimal/472-lesma-do-mar-torna-se-ser-autotrofo

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/02/lesma-do-mar-incorpora-genes-de-alga-para-conseguir-fazer-fotossintese.html

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