Fungo é capaz de decompor micro plásticos em ambientes aquáticos

Emanuel Armando II
BioBlog ESEM
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3 min readOct 26, 2018

escrito por: Emanuel Armando II, Rahab Seixas e Tiago Karitiana Costa

Equipe responsável pela pesquisa | Fonte: Universidade de Aveiro

Na Universidade de Aveiro, em Portugal, estudantes as estudantes de Biologia Ana Beatriz Silva e Ana Sofia Bastos desenvolvem uma pesquisa científica iniciada por Ana Paço, coordenada por Teresa Rocha-Santos sobre um fungo que está dando o que falar no país luso atualmente. O famoso se chama Zalerion maritimum e está sendo visto como uma única alternativa para salvar o meio ambiente aquático de plástico, que demora bastantes décadas para entrar em estado de decomposição. A novidade é que o fungo possa decompor partículas do material em diâmetro menor que cinco milímetros.

Ana Paço, idealizadora da pesquisa, disse, recentemente, “Como ele [o fungo] existe na costa portuguesa e sobrevive em condições entre 16 e 26 graus, tornou-se interessante para tentar arranjar uma solução para o problema dos microplásticos. Sabíamos que degrada celulose e, por analogia, pensámos que seria interessante para degradar o polietileno, que é o polímero existente no plástico mais comum. A pesquisadora afirmou ainda que em experimento realizado durante 30 dias, 77% de um total de 100g de plástico foi removido com a ajuda do fungo.

A orientadora Rocha-Santos, em contrapartida, disse que o fungo é ainda pouco conhecido por ser muito pouco estudado. Ela completou afirmando que ele não existe em grandes quantidades no oceano e mesmo que houvesse, a degradação dos microplásticos aconteceria apenas caso o meio estivesse pobre em nutrientes. Portanto, a ideia agora é criar zonas de tratamento fora do meio aquático natural, para que não haja algum desequilíbrio ambiental com o aumento dos organismos para fins de eliminação do material

Estudiosos disseram também que a pesquisa não para por aqui. “Precisamos saber o que é que está por detrás do metabolismo do fungo que faz que ele seja capaz de degradar estes microplásticos. Só com essa informação será possível “controlar todo o processo.” O ideal seria chegar aos 100% [sobre a porcentagem de degradação dos microplásticos].

Os fungos são seres vivos eucarióticos, desde cogumelos até formatos microscópicos, como bolores e leveduras. São usados para fabricação de alimentos, para a manutenção da saúde dentro de metabolismos animais, além de causarem algumas doenças. Foram considerados vegetais por muito tempo, mas perderam a classificação por não manterem as mesmas substâncias. O Zalerion maritimum, alimenta-se basicamente de carbono e azoto. A procura da espécie pelo primeiro elemento químico citado anteriormente é que acaba fazendo com que estes organismos degradem o material plástico.

Tartaruga-marinha em contato com plástico no fundo de um aceano | Fonte: ANDA

O acúmulo de plásticos nos lagos, rios, mares e oceanos é extremamente preocupante. Segundo uma pesquisa realizada na Universidade de Queensland, na Austrália, mais de 50% das tartarugas do mundo inteiro já ingeriram o material ao menos uma vez na vida. De acordo com os pesquisadores, caso não haja uma intervenção urgentemente, em 2050 haverá mais lixo do que peixes em ambientes aquáticos.

Garrafa plástica flutuando em oceano | Fonte: Ambiente Magazine

Em contraparte, a empresa Biome Bioplásticos criou o bioplástico, uma opção sustentável, que prevê o descarte do material tanto em lixo reciclável quanto orgânico, embora o produto não esteja à venda até a publicação desta matéria. Enquanto os estudos sobre o fungo avançam em Portugal, os brasileiros podem começar a repensar o uso de materiais produzidos com plástico, levando em consideração o tempo absurdo em que ele demora para se decompor, para que todos possam chegar em 2050 com um número grande de peixes nas águas do planeta Terra.

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