Há uma cura para a AIDS?

Mauri Dutra
BioBlog ESEM
Published in
4 min readOct 9, 2018

Escrito por: Mauri Dutra — Turma 2D

A sigla HIV é utilizada para descrever um vírus que causa deficiência no sistema imunológico humano, que, sem tratamento, pode levar à síndrome da imunodeficiência adquirida, mais conhecida como AIDS. Quando um indivíduo contrai o vírus HIV, ele será portador, para sempre, desse organismo, porém, isso não quer dizer que necessariamente terá AIDS. O tratamento para essa síndrome é chamado de terapia antirretroviral (TARV), a qual possibilita uma melhora na qualidade de vida do portador, além de diminuir a possibilidade de transmissão do vírus para outras pessoas. Quando o indivíduo não se trata, pode sofrer com a insuficiência no sistema imunológico, a AIDS, fazendo com que o sistema imune não combata os organismos que invadam o portador do vírus. Com isso, a pessoa contaminada aumenta as chances de problemas de saúde e a possibilidade de morte, causada por outras doenças que invadem o corpo por não conter essa “barreira” contra eventuais bactérias, vírus, entre outros organismos.

Felizmente, nos últimos anos, vários pesquisadores se encontram entusiasmados com a possibilidade de eliminar o vírus do organismo de um contaminado; como mostrado em uma pesquisa chamada “Activation of HIV Transcription with Short-Course Vorinostat in HIV-Infected Patients on Suppressive Antiretroviral Therapy” de Elliott JH, Wightman F, Salomão A, Ghneim K, Ahlers J, Cameron MJ, e outros.

Atualmente existem algumas técnicas e medicamentos usados no combate, que ainda são pesquisadas, contra o vírus do HIV/AIDS como o vorinostat, usado para o combate o câncer. Mesmo esse medicamento sendo utilizado para combater o câncer, ele também pode ser usado para destruir os vírus do HIV, isso porque o remédio desperta as células T inativas, que são células do sistema imune que ficam adormecidas esperando serem despertadas para impedir a entrada de organismos maléficos ao corpo humano. As células T podem ser divididas em ativas e inativas, sendo ambas locais de instalação do HIV. Porém, um antirretroviral só ataca as células T ativas que possuem o HIV, enquanto as inativas mantêm o vírus armazenado em seu interior, e quando despertadas, se a pessoa estiver contaminada, liberam o vírus na corrente sanguínea. O vorinostat, faz exatamente isso, mas de forma artificial; desperta as células T inativas liberando o vírus na corrente sanguínea, assim permitindo que o antirretroviral combata o vírus — pois o medicamento (vorinostat) só consegue agir na corrente sanguínea. Entretanto, o vorinostat pode causar problemas colaterais tanto como uma simples fadiga quanto como a formação de coágulos, além de ter a chance da formação de novos vírus HIV com alguma mutação, transformando-os em organismos imunes aos antirretrovirais. Testes de curta duração já foram feitos com oito portadores de HIV, os quais comprovaram de modo afirmativo a ação do vorinostat na liberação do vírus na corrente sanguínea. Além desse teste, várias outras universidades mundo afora estão realizando estudos acerca desse medicamento. “Ainda temos um longo caminho, mas acredito que a cura para o HIV seja alcançável”, diz Ole Søgaard, líder do estudo dinamarquês.

Um caso interessante de cura do HIV é do americano Timothy Ray Brow, soropositivo que começou a tomar os medicamentos antirretrovirais até contrair, em 2007, leucemia — um câncer nas células T. O oncologista Gero Hüter, médico de Timothy, pensou em utilizar a medula óssea de alguma pessoa do Norte na Europa, onde uma em cada cem pessoas é imune ao vírus da AIDS, por não possuírem a proteína CCR5, que permite o alojamento do vírus nas células T. No primeiro transplante não houve o sucesso esperado; já no segundo, mesmo com várias complicações na saúde, foi curado do HIV. Esse caso ficou conhecido como o “Paciente de Berlim”.

Todavia, ainda hoje, esse caso gera dúvidas e questionamentos sobre seu resultado. Em um congresso científico internacional realizado na Espanha, o virologista Steven Yukl, da Universidade da Califórnia em San Francisco, disse que novas amostras de Timothy trazem sinais de HIV, porém ainda acrescentou que esse resultado pode ter sido resultado de alguma contaminação da amostra.

Desenho esquemático do vírus HIV — Fictício. Fonte: https://medsimples.com/o-que-e-hiv/

Medicamento Vorinostat. Fonte:https://www.tuasaude.com/vorinostat-zolinza/

Referências Bibliográficas

https://super.abril.com.br/saude/a-cura-da-aids/

https://unaids.org.br/2017/03/voce-sabe-o-que-e-hiv-e-o-que-e-aids/

https://veja.abril.com.br/ciencia/cientistas-questionam-cura-do-soropositivo-paciente-de-berlim/

Elliott JH, Wightman F, Salomão A, Ghneim K, Ahlers J, Cameron MJ, e outros. (2014) Ativação da Transcrição do HIV com Vorinostat de Curta Duração em Pacientes Infectados pelo HIV com Terapia Antiretroviral Supressiva. PLoS Pathog 10 (11): e1004473.

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