O acasalamento das espécies

Lis Busatto Santos
BioBlog ESEM
Published in
5 min readJun 20, 2018

Escrito por Lis Busatto Santos, Ewerthy Dowglas e Arthur Tinoco

A natureza indubitavelmente é uma das mais belas entidades existentes; dentre a pequena fração descoberta da natureza cada componente carrega uma certa peculiaridade e relevância fundamental para a manutenção do planeta, e nos cabe respeitar cada ser vivo por mais insignificante que pareça. Uma das mais encantadoras demonstrações de beleza das espécies é o ritual de acasalamento, um conjunto comportamental desenvolvida com o intuito de encontrar e atrair parceiro para reproduzirem e assim evitarem a extinção de sua população. Estes rituais são algo simultaneamente comum entre a fauna e singular entre cada espécie, estando também presente na raça humana em algumas culturas.

Muitas espécies são conhecidas devido à sua forma peculiar de conquista para o acasalamento, mas algumas se destacam nessa arte. O pássaro-cetim, animal nativo da Nova Guiné e Austrália é um ótimo exemplo, esse engenhoso pássaro costuma construir uma arena de exibição para chamar a atenção da fêmea, para isso ele conta com uma variação de adornos para o seu palco, ele coleta pequenos frutos, galhos e objetos variados que possam servir para atrair a fêmea. Após conseguir conquistar essa atenção, ele faz uma performance para chamá-la até ele e, caso este não seja de interesse dela, ela o rejeitará, sendo assim o quanto mais refinada for a dança, maior a probabilidade de acasalamento entre os mesmos.

Entre as diversas espécies que chamam a atenção nesse quesito, o campeão do fundo do mar certamente é o Baiacu Japonês (Torquigener albomaculosus), Ele é provavelmente o maior artista do oceano, devido ao seu método de conquista inimaginável. Em 1995 várias formas circulares semelhantes a uma mandala foram achadas no fundo do oceano, sem ninguém saber quem foi o “artista”.

Foi uma grande surpresa que esse pequeno peixe, de apenas doze centímetros, fosse o responsável pelos desenhos, de dois metros, feitos de sedimentos de areia. Eles o fazem, na verdade, para atrair as fêmeas. Os machos nadam em círculos para dar formato à imagem e utilizam de suas nadadeiras para dar forma as colunas de areia em volta dos círculos, também adornam a obra com conchas e objetos encontrados. Após a finalização, que leva aproximadamente sete dias, a fêmea nada ao redor da figura, nenhum especialista sabe exatamente qual padrão ela procura, mas caso tenha se interessado no feito do parceiro ela aceita o cortejo, ele a leva para o centro onde ela colocará os ovos enquanto ele os fertiliza externamente, a areia fina sedimentada irá para o centro formando um lugar mais macio para os futuros peixes. Então a fêmea se ausenta, enquanto o macho permanece por seis dias com as ovas, para protegê-las.

Uma curiosidade interessante é que as elevações em torno do círculo são radialmente alinhadas, estes picos canalizam a água pra fora, então a velocidade da água no centro é reduzida quase vinte cinco por cento. Como esses cumes, bem como o círculo pode ser facilmente degradado, o pequeno peixe trabalha dias na execução da sua obra, para que tudo esteja perfeito.

Outro exemplo de espécie que tem o acasalamento exótico é o peixe diabo negro (Melanocetus johnsonii).O peixe em questão é carnívoro e vive a cerca de 6000 metros de profundidade nas regiões abissais do planeta onde não existe ou é praticamente nula a incidência de luz. Com isso a dificuldade do ser humano de chegar até essa profundidade fez com que só conseguíssemos registros dele em seu habitat em 2014. O próprio peixe possui dificuldades para encontrar alimento por conta da profundidade e falta de luz presente no ambiente que dificulta muitas vezes os acasalamento.

Sobre o acasalamento da espécie é importante ressaltar que existe um dimorfismo entre o macho e a fêmea.Enquanto as fêmeas medem em torno de 16 a 20 cm, os machos são bem menores, medindo em torno de 3 cm.Devido ao tamanho, o ‘’peixe macho’’ não consegue acompanhar a fêmea, então ele morde a barriga e vive como um parasita e no final acaba sendo bem útil em período de reprodução já que ele sempre está por perto. Na imagem a seguir representa bem o que foi explicado.

Nas espécies hermafroditas temos dois casos curiosos: o primeiro são as lebres do mar(Aplysia sp.), que se assemelha a lesmas, que quando se sentem ameaçadas liberam um líquido de cor púrpura. São espécies que tem o tamanho que varia de 7 a 10 centímetros apesar de já terem encontrado espécies de 20cm. A

espécie em questão, mesmo hermafrodita, necessita de um parceiro para realizar a fecundação, porém nesse caso é comum ter mais vários parceiros,muitas vezes são simultâneos, gerando uma corrente onde os animais desempenham tanto a função de macho como a de fêmea.

O outro hermafrodita é o platelminto (Pseudoceros bifurcus), conhecido pelo ritual de acasalamento que se assemelha a uma luta.O ritual consiste numa disputa pra quem vai ser o indivíduo macho no acasalamento já que a fêmea gasta mais energia e precisa ir atrás de alimento.Por isso, durante a fecundação é frequente um se esquivar do outro para evitar ser a fêmea na situação.

E assim é a natureza incrível e majestosa em pequenos detalhes e cabe a nos manter e cuidar dela para termos essa grandiosidade para as futuras gerações.

Ewerthy Dowglas, Arthur Tinoco e Lis Busatto

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