O corpo humano no espaço

João Lucas
BioBlog ESEM
Published in
5 min readOct 26, 2018

Por: João Lucas e Pedro Luka.

Introdução

Desde as revolucionárias descobertas da física e da astronomia do último milênio, o ser humano sempre quis deixar seu espaço natural chamado planeta Terra e fazer novas descobertas sobre o universo. Com a criação de foguetes cada vez mais modernos, o homem finalmente alcançou o sonho de ir ao espaço e consequentemente conheceu, por meio de experimentos, todos os perigos que a vida enfrenta fora da biosfera terrestre. A Estação Espacial Internacional (ISS) é o principal posto de pesquisas no espaço, justamente por contar com a presença de astronautas para a execução de atividades e pela facilidade de reabastecimento anual com novos equipamentos. Diante dessas atividades, é possível analisar os efeitos da microgravidade e das necessidades humanas fora do planeta.

Astronauta na ISS (Foto: NASA)

A microgravidade

Os astronautas ficam meses na ISS e consequentemente seu corpo se adapta à condição constante de microgravidade a qual é submetido. No planeta terra, justamente pela presença da gravidade, as pessoas necessitam contrair os músculos constantemente para realizar ações cotidianas, e por isso os mantêm em forma e adaptados às condições terrestres. Já no espaço, os músculos atrofiam devido ao pouco esforço que as pessoas fazem sobre eles, assim ocasionando na perda de massa muscular.

O mesmo efeito pode ser percebido nos ossos, os quais perdem densidade e resistência com o tempo. Além disso, os fluidos corporais se distribuem de forma igual pelo corpo humano por não sofrerem ação da força gravitacional, assim causando inchaços em regiões como cabeça e rosto.

Astronauta americano Scott Kelly (Foto: Kirill Kudryavtsev / Pool / via AFP Photo)

Um dos principais desafios para a exploração espacial é justamente o desgaste físico que missões de longa duração causam aos astronautas. Dessa forma, para contornar tal situação, a ISS criou equipamentos apropriados para exercícios em microgravidade para o fortalecimento da estrutura física humana. porém, esses equipamentos ainda não são capazes de simular as condições terrestres.

O sono

Essa certamente é uma hora crucial e que possui uma experiência completamente diferente em um ambiente com microgravidade onde não existe cima nem baixo. Sem a gravidade, nossa cabeça fica sem saber quando estamos deitados, de lado ou de cabeça para baixo.

Para essa tarefa, os astronautas entram em pequenas cabines que possuem sacos de dormir presos à parede. Ao entrar, eles precisam apenas relaxar e dormir, tarefa essa que leva de 8 a 10 horas para garantir que o astronauta permaneça saudável e alerta.

Fonte: Agência Espacial Canadense

A alimentação

Como muitos já pensam, a alimentação dos astronautas não chega a ser tão variada como aqui na terra. Isso se deve ao fato de que certos alimentos como o pão podem deixar migalhas flutuando pela nave, por isso é optado alimentos mais pegajosos como mingau de aveia, ovos e pudins.

No início, todos os alimentos eram desidratados e colocados em embalagens a vácuo. Hoje em dia, essa necessidade diminuiu. Cerca de 5 meses antes de partirem, os astronautas selecionam alguns alimentos de suas preferências e estes passam a ser processados e embalados para que durem a viagem toda. Há ainda um acompanhamento nutricional, para que os astronautas não sofram com falta de nutrientes no corpo.

Fonte: Agência espacial canadense

O ambiente em microgravidade afeta a percepção do cheiro e do gosto dos alimentos. Por conta disso, os alimentos devem ser bastante temperados para estimularem as papilas gustativas, melhorando assim o processo de digestão.

As excretas

Na terra, temos a ajuda da gravidade ao excretar algo. Mas, na ISS, os astronautas não possuem esse tipo de ajuda. Por conseguinte, técnicas foram criadas para garantir o conforto humano no espaço. Assim, necessidades como defecar, urinar, suar, e tomar banho são tratadas de modo especial.

Para o astronauta conseguir defecar e urinar, é necessário que ele use um tubo sugador para que os dejetos não fiquem flutuando pela nave. Enquanto a urina é reaproveitada sendo filtrada e virando água, as fezes são depositadas em uma nave separada, para depois ser lançada à terra e queimada pela atmosfera, evitando contaminações.

Modelo de banheiro de naves espaciais (fonte: Business Insider)

Para a higiene corporal, os astronautas não tomam banho. Em vez disso, eles passam um pano úmido no corpo capaz de reter a sujeira. Já para a limpeza capilar, eles usam um shampoo especial que não precisa ser enxaguado. Ao escovar os dentes, eles usam um creme dental especial que pode ser engolido ou cuspido para um sugador. De acordo com Clayton C. Anderson, astronauta que passou 152 dias na ISS, a experiência de higiene pessoal não se difere muito com a vivenciada na terra.

A mente

Passar até 6 meses no espaço requer também um grande esforço psicológico. Isso se deve ao fato de que os astronautas ficarão em um espaço pequeno e com no máximo 6 pessoas. Problemas como Ansiedade, tédio e depressão devem ser considerados.

Para combater esses males, os astronautas praticam exercícios físicos diariamente, escutam músicas, conversam com seus familiares e até assistem a programas de entretenimento.

É evidente que o fator biológico é um dos maiores desafios para a conquista espacial. Portanto, é necessário que continue o investimento em pesquisas acerca do tema para que essas dificuldades sejam contornadas e o sonho humano de conquistar as estrelas seja conquistado.

Referências:

https://academic.oup.com/jrr/article/55/suppl_1/i61/914101

https://www.businessinsider.com/tim-peake-hardest-things-to-get-used-to-living-in-space-2015-2?utm_source=feedly&utm_medium=webfeeds

http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/aviation/article/view/15843/10427

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2015/08/como-os-astronautas-tomam-banho-no-espaco.html

https://canaltech.com.br/ciencia/seis-mudancas-que-acontecem-no-corpo-humano-apos-meses-no-espaco-59201/

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