Pantera negra: uma outra espécie ou uma mutação genética?

Rafael Marcelo
BioBlog ESEM
Published in
3 min readApr 18, 2018

Escrito por: João Pedro Sousa Figueiredo, Leonardo Baldi, Pedro Soares, Rafael Marcelo

Você conhece a Pantera Negra, certo? Será mesmo?

Embalados pelo grande sucesso do filme “Pantera Negra”, imagino que grande parte da população já tenha ouvido falar do animal de mesmo nome. Mas será que você realmente sabe o que e quem ele é? Eu acho que essa você não vai conseguir responder. Então vamos aprender um pouco sobre melanina, e embarcar nessa viagem biológica rumo aos felinos.

Para começar, vamos aprender o que é a melanina. A melanina é um conjunto de compostos poliméricos cuja função principal é a proteção do DNA contra os raios solares. Pode ser encontrada em representantes do reino Animalia e é o principal responsável pela coloração da pele, olhos e pelos.

(Crianças com diferentes índices de melanina se abraçando.) Imagem disponível em: https://br.pinterest.com/pin/418412621620954376

Há também, uma mutação genética bastante conhecida que tem como efeito a falta de melanina, conhecida como albinismo, os indivíduos com essa alteração apresentam uma tonalidade de pele muito clara. A melanina e suas mutações presentes em humanos não diferem muito no restante do reino. Há várias espécies que podem nascer com essa mutação, inclusive os felídeos, que são a classe das panteras.

Mas isso quer dizer então que as panteras podem sofrer dessa mutação e se tornarem Panteras Brancas? Bem, na verdade não, as Panteras Negras já são uma mutação genética, uma mutação “contrária” ao albinismo, conhecida como melanismo que faz com que os seres nascidos com essa mutação tenham um alto teor de melanina, se tornando totalmente negros. “Aplicando” essa mutação a um leopardo você tem uma Pantera Negra. É, essa eu sei que essa você certamente não conhecia, as Panteras Negras são na verdade leopardos que sofreram uma mutação genética!

(Leopardo ao lado de uma pantera negra) Imagem disponível em: https://br.pinterest.com/pin/507992032951783868/

O melanismo também ocorre em outros felinos, como nas onças pretas, jaguarundis, gato doméstico, entre outras nove espécies selvagens. Há muitas décadas atrás, muitas dessas mutações eram conhecidas como espécies diferentes, no entanto, hoje em dia com o avanço da tecnologia auxiliando novas pesquisas, sabe-se que cientificamente se tratam das mesmas espécies.

Ao contrário das onças-pretas (outro felino que também sofre com a mutação), o melanismo que ocorre nos leopardos é causado por um alelo recessivo (que são formas alternativas de gene), e quando tem esses alelos diferentes juntos em um mesmo gene, pode resultar em uma diferença característica fenotípica, como a pigmentação.

O melanismo pode ser também um fator de seleção natural quando causado pela mudança ambiental proveniente da emissão de gases poluentes por parte das indústrias. Um exemplo a ser usado é a mariposa Biston betularia, típica das regiões industriais na Inglaterra. Originalmente, a maioria das mariposas de determinada região inglesa tinha coloração esbranquiçada e habitualmente pousava em troncos de árvores cobertos por liquens de coloração clara. Por conta da poluição gerada pela industrialização, os líquens desapareceram dos troncos das árvores e, com isso, as mariposas claras ficavam muito expostas aos predadores. Assim, as poucas escuras que existiam começaram a ter mais facilidade de sobreviver, desenvolver-se e reproduzir-se e, com o tempo, elas passaram a existir em proporção muito maior do que as claras.

(Mariposa Biston betularia) Imagem disponível em:http://www.bc.cas.cz/en/article/article-detail/1186/

Referências bibliográficas:

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