Plantas Carnívoras: ameaça ou sobrevivência?

Camilla Lara
BioBlog ESEM
Published in
4 min readJun 22, 2018

Escrito por Camilla Lara e Jayne Chirley Rodrigues

As plantas carnívoras se destacam de outras espécies vegetativas e acabam despertando o interesse e a curiosidade das pessoas motivadas por suas formas exóticas. Entretanto, apesar de sua imagem se apresentar aterrorizadamente reforçada pela mídia televisiva, essas plantas não se devoram seres humanos. Então, afinal, o que são plantas carnívoras e o que as diferenciam de outros vegetais?

Dionaea muscipula, uma das 200 espécies de plantas carnívoras, existente nas matas e ecossistemas

Tais plantas, também conhecidas como insetívoras, são assim denominadas, sobretudo, por possuírem a distinta capacidade de atrair, capturar e digerir pequenos animais, como insetos e aracnídeos, utilizando os nutrientes de suas presas. Tudo isso é possível graças à diversas adaptações: o apresamento é feito por armadilhas elaboradas pelas suas folhas modificadas e a digestão extracorpórea é realizada através de enzimas digestivas. Em geral, essas plantas habitam solos ácidos e pobres em nutrientes como nitratos e, por isso, dependem do nitrogênio contido nas proteínas dos animais. Todavia, como todo vegetal, elas também são dependentes da energia proveniente da luz para garantir sua sobrevivência, fazendo o processo de fotossíntese.

Sarracenia leucophylla, em sua caracteristica comparada a vasos, possui plantas carnívoras com um tipo de tampa que impedem a entrada da chuva no seu interior.

A maior parte das variadas classes dessa espécie se caracteriza por atingir poucos centímetros de altura. A fonte alimentar dessa classe não se restringe exclusivamente à origem animal, pois, como já mencionado, ela também realiza fotossíntese, como todos os outros vegetais verdes. A ingestão de insetos (em sua maioria) é apenas uma forma complementar de alimentação para compensar as carências nutricionais do ambiente pobre em nutrientes que habitam.

A Dionaea muscipula é uma curiosa espécie de plantas insetívoras descoberta no ano de 1768 pelo botânico inglês John Ellis, que ficou fascinado pelo modo excêntrico e inovador pelo qual ela capturava insetos. Logo após essa descoberta, o naturalista Charles Darwin, criador da Teoria da Evolução das Espécies, publicou um livro chamado “Insectivorous Plants”, sendo esta a primeira obra dedicada às Plantas Carnívoras.

Há várias hipóteses sobre a origem das plantas carnívoras. Conforme pesquisas feitas em fósseis, as plantas carnívoras teriam sua origem há cerca de 60 milhões de anos. Alguns pesquisadores acreditam que elas teriam se tornado carnívoras por consequência das chuvas que caíam em seu ambiente selvagem, formando poças em suas folhas, o que atraía o pouso de insetos para que pudessem beber daquela água e acabavam se afogando, sendo subsequentemente decompostos por bactérias na poça. Acredita-se também que sua evolução tenha se dado através de algumas plantas que, para se defenderem de parasitas, os capturavam. Ao ficarem presos nas folhas, os parasitas morriam e apodreciam. Assim, a evolução das plantas carnívoras desenvolveu-se a partir de mecanismos de atração, captura e digestão de suas presas.

Hodiernamente, tem-se o conhecimento de aproximadamente mais de 600 espécies de plantas carnívoras no planeta Terra (com exceção da Antártida), arranjadas em cerca de 15 gêneros e distribuídas em quatro famílias diferentes.

A Dionaea muscipula é nativa de pântanos da planície costeira dos estados Carolina do Norte e Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Embora sua extensão na natureza seja bem pequena, é a planta carnívora mais famosa e mais comum em cultivo dentre todas.

(Estrutura da espécie Dionaea muscipula)

Sua captura de insetos se dá pela liberação de um odor do néctar secretado por minúsculas e numerosas glândulas presentes. Quando o néctar é sugado, a presa toca nos “gatilhos” da planta e é “devorada”. Cada armadilha tem um período de vida limitado. Estima-se que seja capaz de capturar e digerir no máximo três presas, então ela apodrece e morre.

Há também plantas carnívoras do gênero Drosera, constituindo cerca de 194 espécies. Localizada nos Estados Unidos e na África do Sul, ela é caracterizada por sobreviver em solos ácidos. A presa é capturada em suas folhas e quanto mais o animal se debate tentando se livrar do aprisionamento, mais a planta o adere, que o enrosca e o leva para o seu interior.

Planta do gênero Drosera capturando um inseto.

Outros exemplos de plantas carnívoras são a Sarracenia, Nepenthes e Utricularia, sendo esta um gênero aquático que habita as águas dos cinco continentes.

Espécie Sarracênia capturando sua presa.

Portanto, sabe-se que as plantas insetívoras capturam insetos apenas como forma de absorver nutrientes necessários para sua sobrevivência. Dessa forma, não há porque temê-las, pode-se até cultivá-las em casa, sem riscos ou mal algum. Sua preservação passa a ser deveras importante para que suas espécies não sejam extintas, conservando sua diversidade, não só no Brasil, como no planeta.

Bibliografia

-http: //plantas-carnivoras.info/

-https: //pt.wikipedia.org/wiki/Planta_carn%C3%ADvora

https://www.carnivoras.com.br/doencas-pragas-e-parasitas-f54.html

http://www.ladin.usp.br/carnivoras/Portugues/first.html

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Biologia/noticia/2018/03/conheca-relacao-bizarra-entre-uma-planta-carnivora-e-um-mosquito.html

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/08/planta-carnivora-e-flagrada-comendo-passaro-na-gra-bretanha.html

https://mundoestranho.abril.com.br/ambiente/qual-a-maior-planta-carnivora-do-mundo/

-https: //www.greenme.com.br/morar/horta-e-jardim/4369-10-plantas-carnivoras-cultivar

http://www.ladin.usp.br/carnivoras/Portugues/Genera/auxfr/Dionaea.html

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