Imagem 1 -Tipos de vírus. Fonte: Adaptado do Brock, 2016.

Classificação dos Vírus

Deborah Luz
Biolhar
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6 min readJul 13, 2020

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Texto: Samara Soares, Deborah Luz

Se você está aqui, imagino que já tenha passado pelas duas paradas anteriores, caso não, sugiro que antes de avançar volte e reveja os pontos que já foram visitados. Afinal de contas, revisar é sempre bom. Não é mesmo? E a leitura nos ensina sempre alguma coisa. Como diria, Orlando R. Almeida “A leitura reaviva a memória e nos coloca a par do desconhecido.”

Imagem 2 - Terceira parada. Fonte: Adaptado de canva, 2020.

Como já sabemos, os vírus são elementos genéticos que necessitam de uma célula hospedeira para realizar suas funções de: Síntese de proteínas e Produção de energia. Essas terminologias geram muita confusão entre os estudantes, então, antes de qualquer coisa, vamos esclarecer a diferença entre elas. Os processos que podem explicar essa distinção são dois: Catabolismo e Anabolismo.

Imagem 3- Diferença entre catabolismo e anabolismo. Fonte: Adaptado do Brock, 2016

O Catabolismo é constituído por reações que envolvem a liberação de energia, conduzindo a conservação de energia pela célula, geralmente, em forma de ATP, exemplo desse processo é a respiração celular em que consumimos glicose e oxigênio para a produção de energia.

Já o Anabolismo, é constituído por reações onde ocorre gasto de energia, e é responsável pela soma total de todas as reações biossintéticas da célula. Dessa forma, a síntese de proteínas é um evento anabólico, e a produção de energia um evento catabólico.

Imagem 4 - Lembrete. Fonte: Biolhar, 2020.

Agora que vocês já sabem a diferença entre síntese de proteínas e produção de energia. Vamos aos tipos de classificações virais.

Classificação 1. Tipo de célula hospedeira

Os vírus podem ser classificados levando em consideração as características da célula hospedeira, desse modo, temos:

Vírus bacterianos

Vírus animais

Vírus vegetais

Vírus de protozoários

Vírus de arqueias

Entretanto, essa classificação é bastante ampla. Por esse motivo, é necessário que outros tipos de classificações sejam observados para que seja possível especificar um vírus da melhor maneira possível.

Classificação 2. De acordo com os aspectos clínicos-patológicos

● Vírus respiratórios: “São aqueles que penetram no hospedeiro por meio das mucosas respiratórias causando infecções inicialmente no trato respiratório.”

● Vírus entéricos: “Vírus que penetram pela via oral, são transmitidos principalmente pela ingestão de água contaminada, causam infecções e replicam-se no trato gastrointestinal.”

● Arbovírus: “Vírus que são transmitidos por vetores artrópodes.”

● Vírus oncogênicos: “Vírus que induzem a transformação de células, induzindo o desenvolvimento de tumores.”

Imagem 5 - Diferença entre aspectos clínicos e patologia. Fonte: Adaptado de canva, 2020.

Classificação 3. De acordo com propriedades físicas e químicas.

Cada vírus possui receptores de membrana específicos localizados na célula hospedeira. Desse modo, cada um apresenta afinidade por células que possuem características físicas e químicas específicas, essa preferência é denominada de Tropismo Celular.

Imagem 6- Tropismo celular. Fonte: Adaptado do Brock, 2016.

Classificação 4. Genoma (Os vírus podem apresentar genoma de Dna ou Rna)

➢ Genoma de DNA

➢ Genoma de RNA

➢ Exceções: (Usam como material genético Rna e Dna, em etapas diferentes do ciclo de replicação).

Imagem 7- Lembrete. Fonte: Biolhar, 2020.

4.1 Tipo de fita

➢ Dna : Fita simples/ Fita dupla

➢ Rna : Fita simples/ Fita dupla

4.2 Formato do genoma

➢ Linear

➢ Circular

4.3 Formato do vírus

➢ Cilíndrico

➢ Esférico

➢ Complexos ( Bacteriófagos, e alguns outros vírus que apresentam arquitetura complexa).

4.4 Simetria

Simetria é uma palavra derivada do grego que significa medida. “Os vírus são elementos simétricos”, ou seja, apresentam proporções equilibradas.

Os vírus que possuem formato cilíndrico apresentam simetria helicoidal

Os vírus que possuem formato esférico apresentam simetria icosaédrica

Os vírus complexos, podem apresentar as duas simetrias em partes distintas de suas estruturas.

Helicoidal: Os capsômeros (unidades protéicas) são dispostos em forma de hélice, formando um capsídeo com formato cilíndrico.

Icosaédrica: Os capsômeros organizam-se formando um polígono, ou seja, uma figura geométrica que apresenta formato de um icosaedro.

Complexos: Alguns vírus, como, certos bacteriófagos, possuem aspectos morfológicos distintos, com a presença de cabeça, cauda, colar, fibras da cauda, espículas da cauda, e uma placa final, formando a sua estrutura.

Imagem 8 - Vírus helicoidal, vírus icosaédrico, vírus complexo. Fonte: Adaptado de Brock, 2016.

Classificação 4.5 Tamanho

A maioria dos vírus variam entre 20 a 300 nanômetros, o que equivale a 0,02 a 0,3 micrômetros. Algo super interessante, é que as bactérias e hemácias são cerca de 10 a 15 vezes maiores que os vírus

Obs: Alguns vírus são maiores que 300 nanômetros, como é o caso do Vírus Ebola com 970 nm. Além desse, existem aqueles que são chamados de vírus gigantes, denominados megavírus.

Classificação 5. Presença ou ausência de envelope

Vírus envelopados: Envolvidos por um envelope que é constituído de partes da membrana citoplasmática da célula hospedeira e de proteínas virais.

Vírus nus: Ausência de envelope.

Complexos: Os bacteriófagos, normalmente, possuem cabeça, cauda e outras estruturas. Além de alguns outros vírus, como o Mimivírus.

Imagem 9 - Exemplos de vírus de Dna e Rna. Fonte: Microbiologia de Brock, 2016

Classificação 6 : Classificação de Baltimore ( Estratégias de replicação e características do genoma)

David Baltimore, um microbiologista americano, considerado um grande cientista, dedicou parte da sua trajetória para estudar a relação entre o genoma viral e RnaM (Rna mensageiro). Assim, ele descreveu sete classes de vírus.

Imagem 10 - As sete classes de Baltimore. Fonte: Adaptado de canva, 2020.
  • Lembrete 1. Transcrição: Processo onde ocorre a formação do RnaM.
  • Lembrete 2. Tradução: O RnaM carreia informações que serão traduzidas em aminoácidos.

● Classe I Dnadf (+/-). Ocorre a transcrição da fita negativa para a formação do RnaM e o processo de Tradução ocorre no citoplasma da célula hospedeira.

● Classe II Dnafs (+). Nessa classe, uma fita de Dna complementar é sintetizada, formando um intermediário de Dna de dupla fita,denominado de forma replicativa. Dessa forma, ocorre a transcrição da fita negativa, e o processo de Tradução ocorre no núcleo.

● Classe III Rnadf (+/-). Ocorre a transcrição da fita negativa, formando o RnaM e a tradução acontece no citoplasma.

● Classe IV Rnafs (+). A fita é utilizada como RnaM diretamente, e o processo de tradução ocorre no citoplasma.

● Classe V Rnafs (-). Ocorre a transcrição da fita negativa para a formação do RnaM e a tradução ocorre no citoplasma.

● Classe VI Rnafs (+). Utilizam o Dna de dupla fita, para replicação, a informação contida no Rna é transmitida para o Dna, através da enzima denominada de Transcriptase Reversa. Desse modo, a fita negativa do Dna é transcrita, formando o RnaM.

● Classe VII Dnadf (+/-). Utiliza um Rna como um intermediário, são vírus que possuem características incomuns.

Imagem 11- Exemplo de vírus para cada classe de Baltimore. Fonte: Adaptado de Brock, 2016.
Imagem 12 - Como ocorre a formação do RnaM em cada classe. Fonte: Adaptado de Brock, 2016.

Texto escrito por: Samara Soares

Bem, chegamos ao final de mais um tópico, deixem suas dúvidas, comentários e sugestões, se gostaram do post, não esqueçam dos Claps (Palmas). Forte abraço, e até a próxima!

Referências

MADIGAN, Michael T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 987 p.

TORTORA, Gerard J. et al. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 962 p.

LABORATÓRIO, Virologia. Classificação e nomenclatura dos vírus, Ufrgs, 51 p.

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Deborah Luz
Biolhar
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Estudante de Ciências Biológicas, uma bióloga em formação.