O maravilhoso mundo do Twitter

Como e por que essa é a rede social que gera o melhor conteúdo atualmente

Beatriz Guarezi
Bits to Brands

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2018 é o ano da crise de identidade das redes sociais. Diversos fatores (de excesso de anúncios a Cambridge Analytica) fizeram com que o Facebook perdesse muita audiência, especialmente entre o público mais jovem. Isso nos deixou com o seguinte cenário:

- Para o Instagram, migraram os anunciantes. Publiposts, stories patrocinados, perfis comerciais, “arrasta pra cima, meninas”.. You name it. E quanto mais comercial, mais artificial fica a rede que um dia já foi sobre #bestfriends #love #forever, ou fotos de sushi com filtro sépia.

- Para o LinkedIn foram os textões de superação pessoal e os “coaches”. Pode fazer o teste e scrollar pela sua timeline, que em menos de um minuto eu garanto que aparece alguém contando sobre o que aprendeu ao sair do emprego dos sonhos e empreender (ou uma variação disso).

- No próprio Facebook, ficou a família. Pais, tios, primos, avós.. Compartilhando resultados de testes de personalidade, ou fazendo textão sobre política.

O que me traz ao Twitter. Que nesse furacão todo, é a rede social onde sobrou a maior autenticidade.

Como o Twitter se tornou a melhor rede social hoje?

Enquanto no Instagram a sua vida precisa ser perfeita, e no LinkedIn está o seu chefe, o Twitter ainda é aquele lugar com poucos conhecidos da “vida real”. A interação com desconhecidos é estimulada, e baseada em interesses comuns, e não em anúncios.

Não há tanta pressão para impressionar as pessoas, ou para mostrar uma vida que não é a sua. Pelo contrário, quanto mais real ou inusitada uma história, maior é a chance dela se espalhar.

Além disso, o Twitter é a rede social que, desde sempre, melhor abrigou os comentários em tempo real dos acontecimentos. Se no Facebook demora até escrever um textão, ou no Instagram tem que caprichar no FaceTune antes de postar, o imediatismo do Twitter o tornou a “segunda tela” ideal da maioria dos fatos.

Não à toa, a relevância de programas de TV, lançamentos de produtos ou grandes acontecimentos ainda é medida pela velocidade com que se tornam Trending Topics.

Por essas e outras, é a melhor ferramenta hoje para quem quer se manter informado. Seja esportes, reality shows, séries, política, economia.. Seguindo pessoas e canais que compartilhem desses interesses, você certamente se manterá atualizado.

E aí entra outra questão. Já que Facebook, LinkedIn e Instagram são redes em que acumulamos pessoas que conhecemos durante a vida, nossas timelines muitas vezes ficam tomadas por assuntos que não são relevantes para nós. Isso quando não estão tomadas por publiposts ou anúncios.

Há uma obrigação social pairando, de “o que essa pessoa vai pensar se eu apagar ela”. Não à toa, também, todas essas redes sociais tem funções discretas para “deixar de seguir”.

No Twitter, a qualidade do conteúdo é você quem faz, através das contas que segue. E não há tanta obrigação de formar a sua lista de “following” com as pessoas que você conhece. Pelo contrário. É a melhor rede social para acompanhar e interagir com desconhecidos, especialmente se eles forem referência em algum assunto, ou se o seu conteúdo for relevante de alguma forma.

E falando no conteúdo relevante que é gerado por lá..

Sou usuária ativa do Twitter desde 2010. Hoje, eu o utilizo como repositório de conteúdo, onde compartilho tudo de interessante que vi durante a semana (ferramenta essencial para a curadoria da Bits to Brands); fonte de informações e notícias, e oportunidade de interagir com pessoas que compartilham assuntos que me interessam (alô, Startup da Real).

Essa sou eu. Mas seja qual for a sua experiência com a plataforma, não é preciso passar muito tempo por lá para ver que o conteúdo é diferente dos outros lugares. A autenticidade é maior, o potencial de compartilhamento e viralização também.

O senso de humor que é causa e consequência disso, gera muitos dos memes que abastecem perfis no Facebook e Instagram, e matérias do Buzzfeed.

Os três casos abaixo, de 2018, mostram o impacto das interações que acontecem no Twitter. Do mais recente para o mais antigo, temos:

1. A noite em que o iFood faliu (ou quase)

Na semana passada, uma série de cupons com desconto de 45 reais em pedidos via iFood se espalharam pelo Twitter.

Não se sabe ao certo por quem começou, mas a festa dos descontos durou seis horas, e a busca pela palavra “iFood” no dia seguinte gerou muitas, mas muitas imagens desse tipo:

Seja testando para ver se funcionava mesmo, garantindo um desconto bom para o pedido de sempre ou pedindo comida para um exército inteiro, muita gente usou o cupom. E o tumulto foi além das timelines, impactando restaurantes e entregadores.

Aparentemente, foram cerca de 30 mil pedidos. O que, no dia seguinte, gerou uma discussão (também no Twitter) sobre a ética de quem pediu muito mais do que iria consumir só pela “esperteza” de usar o cupom. E uma especulação sobre se o iFood não teria deixado a festa dos pedidos rolar de propósito, já que o aplicativo foi parar no topo da lista dos mais baixados.

Proposital ou não, essa madrugada pode ter sido um prejuízo para a marca, ou uma oportunidade de adquirir diversos novos usuários, que tiveram a experiência completa do pedido — do download à entrega. Coisa que um vídeo com a Jojo Toddyinho pode não fazer tão facilmente..

2. A thread que foi parar na Globo

Thread é basicamente um encadeamento de tweets. Você vai twittando em série, e a ferramenta garante que um tweet estará ligado ao outro, e todos ligados ao inicial.

Isso permite, infelizmente, que a cultura do “textão” se espalhe um pouco pela plataforma, sim. Mas tem gente que sabe usar a cadência de tweets para reunir diversos fatos e construir uma história hilária, de tão inusitada.

Esse é o caso da thread sobre a avó desse menino, e a Boi. Vou deixar o início aqui, com a recomendação de que ela seja acompanhada até o final.

Essa thread viralizou no ano passado, depois que tweet por tweet, o Eduardo foi contando mais detalhes da relação de ódio da sua avó com a vizinha.

Eis que esse mês essa thread foi resgatada pelo próprio Eduardo, ao compartilhar que ele esteve com Miguel Falabella e Gloria Perez para transformar essa relação em uma. série. que. vai. passar. na. Globo.

Uma história com toda a personalidade do Twitter — em formato de thread, cheia de interações de pessoas desconhecidas, contada poucos caracteres de cada vez e (muito) engraçada, agora vai para a TV.

Eu podia parar por aqui. Mas ainda tem:

3. A love story que quase terminou em processo

Em julho desse ano, esse casal entrou num avião nos EUA e pediu educadamente para que uma pessoa trocasse de lugar, para que eles pudessem sentar juntos.

Aconteceu que essa moça sentou ao lado de um cara, e eles conversaram o voo inteiro, trocaram contatos e saíram juntos do avião. Como eu sei de tudo isso? Porque o casal sentado atrás documentou tudo, em uma thread no Twitter que viralizou — e alegrou o dia de muita gente.

Os tweets foram excluídos, mas esse post do Buzzfeed conta toda a história.

Ela fez Stories no Instagram, e twitou um por um dos prints. Os créditos pela viralização, claro, são do Twitter.

Inclusive, o CEO da T-Mobile se envolveu depois que a Rosey comentou que tinha comprado mais dados no voo para manter as pessoas informadas. Ele a reembolsou pelo wi-fi, porque o conteúdo “definitivamente valeu a pena!”.

Já que nem tudo é perfeito na internet, depois de centenas de milhares de compartilhamentos, as identidades dos “plane baes” foram reveladas, e o assédio nas suas redes sociais foi enorme. Isso fez com que a Rosey apagasse os tweets e pedisse desculpas.

Para quem não tinha nenhuma má intenção, foi uma história divertidíssima de se acompanhar, e mais uma prova da espontaneidade e qualidade do conteúdo propagado no Twitter.

Montando a timeline ideal

Agora que estabelecemos as vantagens em relação às outras redes sociais, e o tipo de conteúdo maravilhoso que circula por lá, a pergunta que muitos devem estar se fazendo é: “legal, mas como eu começo a usar?”.

Pela timeline. Novamente, a qualidade da sua experiência com essa rede social depende da timeline que você monta, através de quem você segue. Não é preciso postar para se manter atualizado de tudo que acontece. Basta criar uma conta, seguir outras do seu interesse, e começar a interagir aos poucos — por likes e retweets.

Já que você chegou até aqui, o mínimo que eu posso deixar é a minha dica de timeline ideal para quem quer se manter atualizado nos universos de marca, tecnologia e entretenimento.

Segue em anexo os perfis para você acompanhar:

  • @juzao — influenciadora e funcionária do Twitter, ela é fantástica ao engajar as pessoas em assuntos do dia a dia;
  • @startupdareal — empreendedorismo sem mimimi, conteúdo de qualidade, reflexões e uma rede de pessoas muito legal;
  • @jwallauer- apresentadora do podcast Mamilos, ela repercute o conteúdo do podcast e diversos outros assuntos interessantes;
  • @apassarelli- conteúdo sobre produzir conteúdo, sobre marcas, sobre feminismo e sobre a vida adulta;
  • @thiago_p — para entretenimento de forma geral, de reality shows a premiações, e dicas de séries;
  • @tomfishburne — tirinhas semanais ironizando os comportamentos que merecem ser ironizados no universo de marketing digital e branding;
  • @profgalloway- autor de The Four e sempre compartilhando conteúdo sobre as big tech e outras tendências;
  • @petepachal- editor de tecnologia da Mashable, e a melhor cobertura do evento da Apple que eu acompanhei;
  • @lilianeferrari- conteúdo e reflexões constantes sobre os mercados de marketing digital, influenciadores e comunicação;
  • @modices — sobre ser mulher e tudo que isso implica, das situações mais banais à reflexões profundas;
  • quanto a portais de notícias: B9, FastCompany, The Verge, TechCrunch, Mashable e WIRED são o suficiente para acompanhar as últimas notícias do universo tech.

Ah, e a Netflix. Sigam a Netflix na única rede social que permite que uma marca seja passivo agressiva e engajadora ao mesmo tempo. E bem-vindos à rede social com menos filtros da atualidade.

No Twitter eu sou @beatrizguarezi, e para receber conteúdo sobre marcas e tecnologias por e-mail toda semana é só se inscrever aqui: www.bitstobrands.com

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Beatriz Guarezi
Bits to Brands

estrategista de marcas, curadora de conteúdo e escritora de e-mails. criadora da newsletter Bits to Brands. assine em http://www.bitstobrands.com