INSTAGRAM vs. SNAPCHAT:
Com quem você quer dividir o seu café da manhã?

Paula Pinto
Blend_Juicing Ideas
4 min readNov 26, 2015
Fonte: Blend Juicing Ideas

Outro dia antes de dormir, estava vendo meu feed no Instagram e vi um post do ator/comediante Paulo Gustavo explicando porque ele diz que vai dormir no Instagram, mas continua postando no Snapchat. Ele explica em seu post que diz que vai dormir e manda beijos no Instagram “para fingir que é normal”, mas que, na verdade, ele não vai dormir e descreve seu Snapchat como “HIPERATIVO”. Duas questões me chamaram a atenção ao ler esse post: primeiro, achei muito estranho o fato das pessoas questionarem o Paulo Gustavo a ponto dele ter que se explicar porque não foi dormir — a que ponto chegamos em que uma pessoa pública precisa justificar quantas horas dorme por dia?; segundo, fiquei pensando sobre a escolha dele de dar boa noite no Instagram e continuar a postar no Snapchat.

Por que o comportamento dele é diferente dependendo da plataforma que está sendo usada?

Fonte: Designspiration -Street Art Shows Social Media Culture Through Graffiti — BANKSY

Eu sou uma usuária frequente de Instagram e Snapchat. Comecei a usar o Instagram porque adoro tirar fotos e gostei da ideia de poder editá-las antes de postar. Já com o Snapchat foi diferente. Um dia na mesa de jantar, eu estava lendo um artigo sobre um novo aplicativo onde os usuários podem ver a foto que foi enviada por até 10 segundos, depois ela some “para sempre”. Quando perguntei para a minha irmã mais nova (que tinha 14 anos na época) o que era Snapchat, ela me olhou como se eu tivesse a ofendido e perguntado na frente de todas as suas amigas se ela queria brincar de Barbie. Aparentemente Snapchat já era “O” aplicativo que ela e todas suas amigas estavam usando há um tempo.

A partir desse momento, resolvi entender melhor sobre a relação entre o uso das plataformas digitais e a geração dos usuários.

Fonte: Re/code — Here’s the Chart That Explains Why Media Companies Are Obsessed With Snapchat

O Facebook comprou o Instagram em 2012, um ano depois do lançamento do Snapchat. Desde então, o Instagram e o Snapchat competem para manter seus usuários e atrair as gerações mais jovens que se distraem facilmente e não estão acostumados a ler textos mais longos que 140 caracteres.

Essa gentrificação digital, onde nós nos vemos constantemente migrando de uma rede social para a outra, baixando um novo aplicativo todo dia (em especial as gerações Y e Z), não acontece por acaso.

Os adolescentes de 18 anos pra baixo não veem mais interesse em estar no Facebook se seus pais também estão lá postando diariamente e seus avós comentam nas suas fotos. Em resposta à invasão da geração X no Facebook, os Millennials e as gerações mais novas imediatamente migraram para o Instagram e o Snapchat, como pode ser visto no gráfico acima.

Mas a grande questão é: para qual aplicativo eles estão migrando e como eles estão sendo usados?

Existe uma constante competição entre as duas plataformas que, no final das contas, possuem ofertas parecidas — dividir fotos e vídeos — mas formatos diferentes. A tabela abaixo mostra o que faz com que eles sejam usados em situações diferentes e, consequentemente, atraiam perfis diferentes que não incluem só as gerações mais novas, mas pessoas que se identificam com o conteúdo que é gerado e o formato que ele é apresentado.

Fonte: Blend Juicing Ideas

No Instagram, blogueiras mostram o cabelo perfeito; restaurantes, o prato que mais sai; e marcas revelam seus produtos em primeira mão, mas é no Snapchat que é possível ver a blogueira chegando no cabeleireiro com o cabelo molhado, o prato sendo preparado na cozinha e o making-off da foto que a marca postou.

Os seguidores do Paulo Gustavo estão acostumados a ver posts no Instagram sobre as peças e programas de TV que ele faz, mas é no Snapchat que ele mostra sua mãe de camisola, conta histórias antes de dormir e permite que seus seguidores conheçam mais sobre quem ele é de verdade.

Tudo isso mostra que, no mundo do Big Data, é preciso ter plataformas diferentes para que os usuários, que estão no controle, possam escolher a ferramenta que vai melhor se encaixar à sua necessidade de se comunicar e expressar. Seja com um post no Facebook sobre seu voto na última eleição, uma foto do seu almoço no Instagram ou um vídeo de 8 segundos no Snapchat sobre o caminho fez de manhã indo para o trabalho, cabe a nós escolher qual plataforma nos permite dividir o conteúdo da forma que queremos que ele seja visto.

Em um mundo onde somos inundados de informação diariamente é importante que empresas como o Instagram e Snapchat tenham em mente que os usuários querem ser capazes de personalizar o próprio conteúdo e, com isso, se sentirem confortáveis o bastante para compartilhar.

A forma como o conteúdo é gerado, muitas vezes, implica em qual geração vai se adaptar com maior facilidade à tecnologia oferecida, mas também é possível notar com os exemplos citados acima que o formato como o conteúdo é exibido pode fazer toda a diferença na hora de decidir qual plataforma vai ser usada, seja você da geração, X, Y ou Z.

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