O que te move?
Se você escrever a palavra ‘movimento’ no Google um dos significados que aparece é: “um grupo de pessoas trabalhando juntas para fazer avançar suas idéias políticas, sociais ou culturais comuns”. Notamos que um ‘movimento’ pode começar quando um grupo de pessoas compartilham a mesma preocupação ou começam a trabalhar em conjunto para lutar por aquilo que acreditam. Neste processo, mais pessoas se juntam ao grupo e se esse grupo atinge um número grande, ele começa a receber muita atenção e cria uma grande buzz. Este tipo de movimento pode ser muito eficaz e mudar a história, como o Movimento dos Direitos Civis que até hoje tem grande influência na sociedade.
Mas este não é o único tipo de movimento que existe. Pequenos movimentos também podem ser muito impactantes. Para saber mais sobre essa dinâmica, li o artigo do estrategista John Hagel, chamado Fazendo um Movimento: Narrativas e Criação de Espaços, onde ele fala sobre como a combinação de uma narrativa significativa e um espaço de criação pode ser a melhor maneira de se constituir um movimento.
NARRATIVA + CRIAÇÃO DE ESPAÇO = MOVIMENTO
Hagel acredita que estes são os dois pilares sólidos para criação de um movimento hoje em dia, porque as narrativas não necessitam de um final, como histórias, e podem funcionar como catalisadora. Já os espaços de criação são a forma de acelerar o aprendizado e criar conexões significativas em torno desta narrativa em comum — sempre em um pequeno grupo.
Esta fórmula que Hagel sugere pode ser muito útil, especialmente na “Era da Informação”, onde a Internet desempenha um papel central nos movimentos. Ela ajuda tanto pequenos grupos locais quanto milhões de pessoas espalhadas pelo mundo inteiro a se conectarem no elo comum de um ideal e espalhar o movimento de forma exponencial. A escala do impacto depende apenas do tipo de movimento que está sendo feito e sua intenção. As Mídias Sociais podem ser uma ferramenta poderosa para ajudar um movimento evoluir para uma escala maior, mas também podem fazê-lo perder a sua força se o público ficar muito pulverizado. Por outro lado, é comum notarmos pequenos grupo de pessoas bem articuladas alcançando rapidamente níveis astronômicos de impacto digital, mas isso me faz pensar: o quão grande o impacto deles pode ser?
Movimentos também podem ser criados com base em “storytelling”. Muitas marcas têm tentado iniciar movimentos contando uma história convincente que gere identificação entre as pessoas ou que apoie uma causa já existente para adicionar empatia e constituir, nem que seja conceitualmente, um movimento. Tome o case Self-esteem Movement da Dove como um exemplo. Eles começaram um movimento de auto-estima, incentivando mulheres a aceitarem seus corpos do jeito que eles são. Dove quer que a beleza natural das mulheres seja uma fonte de confiança. Não só isso, eles também encorajam mães a começarem a apreciar seus corpos para que suas filhas aprendam a fazer o mesmo. Este é um bom exemplo de uma narrativa forte usada para iniciar um movimento. Mas para que este movimento tenha real efeito na vida das mulheres, ele necessita de um espaço de criação onde esse debate continuará, criando assim novos grupos ao redor do mundo que começarão seus próprios movimentos de luta contra os estereótipos sociais.
O movimento de auto-estima pode ser visto como um ecossistema que foi criado pela Dove e, se outros grupos de mulheres começarem a se reunir para resolver o mesmo problema, elas vão criar organismos que irão potencializar o movimento. E mais importante ainda, vão começar aos poucos a mudar como as pessoas pensam.
Criadores de movimentos são agentes de mudança. Não importa o tamanho do movimento, é fundamental que ele tenha uma identidade forte e uma meta clara para que todos compartilhem os mesmos valores, consequentemente gerando identificação e consistência. Eu tendo a concordar com Hagel quando ele diz que um espaço de criação que é construído com uma narrativa forte pode ter um impacto poderoso.
Pequenos grupos podem gerar mudanças e um movimento terá sempre um impacto desde que nós nunca paremos de lutar por aquilo em que acreditamos.
