Uma Década de Bitcoin

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3 min readNov 1, 2018
Uma década de Bitcoin

Durante séculos a percepção e o uso do dinheiro evoluiu de forma lenta e centralizada. No entanto, ano passado grande parte da população mundial, através de veículos de informação, teve o primeiro contato com o que pode ser o substituto da moeda fiduciária.

Preço do Bitcoin segundo a exchange Bitfinex.

Há exatos 10 anos, Satoshi Nakamoto lançava o whitepaper do Bitcoin, intitulado Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System, cujo conteúdo causaria uma enorme corrida do ouro, pertecendo a uma classe de ativos que mais valorizaram no mundo. A bíblia do Bitcoin apresenta as regras e condições programacionais que, por design, apresentam um formato incorruptível e transparente, voltado ao registro de valores digitais.

No âmago desse sistema incorruptível e altamente automatizável, máquinas (de qualquer lugar do mundo) dotadas de poder de processamento verificam transações, eliminando terceiros confiáveis (tais como bancos) e, ao final do trabalho, recebem recompensas para alimentar a rede com seu poder computacional. Uma tendência de tópico na sociedade é: seu aparelho celular ou qualquer outro device deixará de ser um bem passivo para se tornar um bem ativo. Isso porque o seu aparelho apresenta um tempo de ociosidade gigantesco comparado ao o que seu processador é capaz de fazer.

Toda a revolução sócio-econômica é precedida de uma revolução nos meios de produção e/ou mudanças de commodities de mercado. Por exemplo, David Ricardo, pensador econômico, viu que no século XVIII, o acúmulo de terra era o capital a ser inflacionado, uma vez que o crescimento populacional era absurdamente alto. Já Marx, que viveu os primórdios da revolução industrial, viu o capital se acumular nas mãos de pessoas que apostaram em máquinas para produção. Hoje temos uma nova commodity no mercado: o processamento. E com a produção de dados crescendo exponencialmente, torna-se quase impossível pensar em um futuro sem o processamento compartilhado. Essa é justamente a alma da Blockchain — possivelmente o seu aparelho celular no futuro seja conectado a uma rede Blockchain, e quem sabe você poderá até lucrar por estar ingresso nessa rede, cedendo parte do seu poder de processamento.

As máquinas que executam o “trabalho” estão consumindo grandes quantidades de energia enquanto fazem isso. O Bitcoin consome tanta energia elétrica quanto o país da Austria (40° no ranking de gasto energético).

Mapa comparativo de países que consomem menos energia elétrica que a mineração de Bitcoin.

Para o Bloco, o impacto causado por esse whitepaper na sociedade é tão gigantesco, que mesmo após anos de discussões sobre descentralização, a primeira revolucionária tecnologia descentralizada é posta em prática e em cheque, chamando atenção de pessoas e instituições. Muitas pautas são discutidas e criticadas a respeito da descentralização do Bitcoin, e do grande gasto energético para sustentar a mineração, tendo em vista que grandes complexos industriais chineses dominam este mercado atualmente.

E agora, 10 anos depois, após tudo ter tido o seu início com um simples código computacional, o Bitcoin é a prova da onipotência da inteligência humana e da ingenuidade do ser humano de construir riquezas materiais ou imateriais. Com sorte e persistência, podemos emergir junto a este fenômeno que apresenta uma enorme utilidade e pouca utilização, ou podemos simplesmente ser parte de mais uma ilusão, de uma das mais escuras cavernas que o homem já entrou.

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