Com Robert De Niro, série argentina “Nada” só é ruim porque é curta

Dica da Bere #137

Berenice Criativa
Blog da Bere
3 min readOct 25, 2023

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“A amizade entre personagens: Robert De Niro se junta ao elenco de “Nada” em seu último episódio.” Imagem:divulgação

Com Robert De Niro no elenco, a série argentina “Nada” se destaca, mas deixa um gosto de quero mais devido à sua brevidade. O renomado ator norte-americano, aos 80 anos, assume seu primeiro papel recorrente em uma série de televisão, conferindo à produção argentina, recém-incorporada ao catálogo do Star+, um toque de prestígio e singularidade em meio à saturação do mercado de streaming. No entanto, a única falha notável é sua extensão, composta por apenas cinco episódios com duração de meia hora cada.

De Niro assume o papel de narrador e, curiosamente, faz sua aparição presencial apenas no último episódio. O protagonismo recai sobre Luis Brandoni, que aos 83 anos, é um amigo de longa data do ator norte-americano. A série, criada pela talentosa dupla Mariano Cohn e Gastón Duprat, responsável por obras como “O Cidadão Ilustre” (2016), integra de forma ficcional a amizade real entre De Niro e Brandoni, uma escolha narrativa intrigante.

A história gira em torno de Manuel, interpretado por Brandoni, um crítico gastronômico portenho de gosto refinado, cuja vida gira em torno de sua dedicada empregada, Celsa (María Rosa Fugazot), que o atende há 40 anos. Manuel, desprovido de tecnologia moderna como celular, cartão de banco e carteira de motorista, encara uma reviravolta após a morte de Celsa, retratada de forma viral em um vídeo que revela sua inaptidão para lidar com o mundo real. A entrada de Antonia (Majo Cabrera), uma jovem paraguaia com uma perspectiva de vida totalmente distinta da de Celsa, desencadeia uma transformação na vida de Manuel.

A narração é conduzida por Vincent Parisi (De Niro), um jornalista e escritor distinguido com dois Prêmios Pulitzer, que considera Manuel um “dândi de passado impreciso” e um dos seus mais próximos amigos, embora tenham passado anos sem se encontrarem. Manuel, embora um tanto presunçoso, oferece observações perspicazes, seja em relação à gastronomia ou à cultura argentina. Cada episódio se inicia com uma introdução de Parisi sobre o seu amigo e seu país, proporcionando uma perspectiva enriquecedora para a narrativa.

A série explora a vida cotidiana de Buenos Aires, destacando as nuances da cidade, como os cambistas de câmbio, em contraste com os clichês turísticos. Grande parte das cenas se desenrola no bairro La Boca, onde está localizada a residência de Manuel, um local de culto para os amantes da culinária, com sequências memoráveis dedicadas à carne. Em um almoço em uma parrilla no bairro de Once, os espectadores são presenteados com a paixão do garçom ao dividir um generoso bife de chorizo de 900 gramas com uma colher.

Em resumo, “Nada” é uma série que brilha graças à atuação de Robert De Niro e à habilidosa narrativa de Cohn e Duprat, embora sua única falha seja sua duração limitada. A história cativante de amizade e transformação, embalada pela atmosfera única de Buenos Aires, faz desta produção uma adição bem-vinda ao mundo das séries televisivas. Ela nos convida a explorar o cotidiano da cidade de uma maneira que vai além dos cartões postais e a mergulhar na culinária argentina com uma apreciação renovada.

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