Eu não sei ficar triste
Já levei para a terapia isso, mas queria falar aqui também. Eu fui a criança criada para ser perfeitinha, sabe? Educado, inteligente, comportado. Desde sempre senti que a cobrança em torno de mim era muito grande, como se a perfeição fosse o mínimo que eu devesse oferecer.
Junte a isso a culpa que nós LGBTs ainda carregamos e pronto: a fórmula para eu ser aquela pessoa que precisa mostrar perfeição está montada. Com o passar dos anos, fui me entendendo e me aceitando. E, principalmente, bancando eu não ser a pessoa que o mundo espera.
Mas uma barreira ainda me atinge com força: a tristeza. Eu não sei ser triste. Explicando: eu sei ficar triste, claro que eu sei. Mas o que eu faço com isso é onde eu esbarro.
Ser triste, assim como ser feliz, é parte da vida, da humanidade. E, por mais que eu fale isso aqui, tornar esse fato algo orgânico ainda não aconteceu. Aí, quando bate tristeza e, acredite, ela bate, eu me isolo, me perco, fico sem saber o que fazer.
Estar triste não é se fechar ao mundo. É sim ser um pouquinho mais introspectivo, mais cuidadoso consigo. Mas viver a experiência da tristeza faz parte da vida.