Dia Nacional do Livro Infantil: 10 autores que amamos tanto

Jacob Paes
Blog do Book4you
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9 min readApr 17, 2017
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Emilia, Narizinho, Visconde de Sabugosa. Personagens dos quais todos nós provavelmente já ouvimos falar, e que até hoje fazem parte da infância de muitas crianças. É por isso que o dia 18 de abril é conhecido como o Dia Nacional do Livro Infantil: foi nesse dia, em 1882, que Monteiro Lobato, criador de 'O Sítio do Picapau Amarelo', nasceu. Pôlemico, o autor foi uma das maiores figuras da área no século 20, pois além de ter sido um dos precursores na escrita desses livros em âmbito nacional, acabou atuando também como editor e levando o Brasil a avançar na publicação, impressão e comercialização de livros.

Para marcar essa data, que hoje em dia continua tendo contornos tão importantes — e não apenas como uma homenagem a Lobato, mas também como uma forma de incentivo à leitura, de formação de novos leitores — o Book4You selecionou 10 autores do Brasil e do mundo muito ligados ao gênero infantojuvenil, responsáveis por, de certa forma, liderar avanços tal como Monteiro Lobato fez por aqui em sua época. Eles merecem, com certeza, continuarem sendo lidos nos dias de hoje, para ampliar a perspectiva dos novos leitores em formação e para que os adultos também possam sentir aquela deliciosa nostalgia!

Se você quiser mais dicas de livros infantis, não deixe de conferir a nossa lista com 30 obras, prontas para serem escolhidas pelo que mais importa: a história.

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1. Jacob (1785–1863) e Wilhelm (1786–1859) Grimm

Conhecidos como irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm nasceram na região de Frankfurt, na Alemanha, e dedicaram-se ao registro de fábulas infantis a partir das histórias orais contadas em seu país. Além disso, realizaram estudos de linguística e folclore, tendo dado grandes contribuições à língua alemã. Os irmãos (que na verdade eram dois de nove) viveram num contexto de forte nacionalismo, e suas obras acabaram por impulsionar essa onda ao criar uma espécie de identidade nacional. Jacob e Wilhelm buscavam trabalhar apenas com histórias germânicas, apesar de algumas terem tido versões difundidas em toda a Europa antes mesmo de seus trabalhos ganharem projeção mundial. Algumas adaptações realizadas por eles são as de 'Chapeuzinho Vermelho', 'João e Maria', 'Branca de Neve', 'A Bela Adormecida' e 'Rapunzel'. Hoje, elas podem ser encontradas por editoras como a Zahar no Brasil.

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2. Hans Christian Andersen (1805–1875)

Andersen foi um escritor dinamarquês, nascido em meio a uma família muito pobre. É considerado o responsável por revigorar os contos de fadas, explorando melhor os seus limites e adicionando novos desejos e fantasias. O autor, que escreveu mais de 150 contos, se inspirava em alguns daqueles que ouvira na infância, mas também gostava de afirmar o poder de seu próprio gênio e imaginação na elaboração das histórias. Suas obras trazem uma espécie de crueldade psicológica que pode levar as crianças a seus limites, e são muito ricas em mostrar os confrontos advindos das diferenças sociais, o que promove um debate sobre a igualdade. Hoje, por conta de sua importância para a literatura infantojuvenil, no dia de seu nascimento (2 de abril) é comemorado o Dia Internacional do Livro Infantojuvenil, e o prêmio internacional mais importante do gênero, o Prêmio Hans Christian Andersen, leva o seu nome. No Brasil, tem obras publicadas pela Zahar e pela Companhia das Letrinhas.

Cortesia da National Trust ao site Peter Rabbit

3. Beatrix Potter (1866–1943)

Dona de uma linda biografia, Potter nasceu em 1866 na cidade de Londres. Ainda criança, descobriu o seu amor pelos animais e pela natureza nas viagens que fazia com os pais para o interior e para a Escócia, onde passeava pelas florestas e capturava animais. Ela começou a desenhar esses animais e quase todos eles viraram personagens de suas obras. Por conta dessa relação com a natureza, os efeitos da industrialização sobre o meio ambiente viraram uma questão central de sua vida. Reservada e introvertida, a autora era dona de opiniões fortes, e o seu livro de maior sucesso — 'As Aventuras de Pedro Coelho' (Companhia das Letrinhas) — foi uma espécie de antecedente da autopublicação: ela só conseguiu fazer com que a obra fosse publicada por um editor depois de ter impresso um exemplar pronto do livro. A história fez — e faz até hoje — enorme sucesso e tem até um filme sobre a autora: ‘Miss Potter (2006)’, com Renée Zellweger.

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4. Monteiro Lobato (1882–1942)

Nascido em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril, foi escritor e editor, sendo 'O Sítio do Picapau Amarelo', como ficou conhecida sua coleção de aventuras para os pequenos leitores, sua obra de maior destaque na literatura infantil. Apesar de também ter escrito textos adultos (como suas críticas de arte, por exemplo), ficou mesmo conhecido como um dos primeiros autores de literatura infantil em nosso país e em toda América Latina — estima-se que metade de suas obras é formada desse gênero. Em 1917, seu primeiro livro, 'Urupês', é publicado e rapidamente se esgota. Para publicar os seus livros, fundou as editoras Monteiro Lobato e, mais tarde, Companhia Editora Nacional (hoje, um dos selos da Ibep), tendo sido uma figura importante também no ramo da editoração, tanto em termos de modelos de negócio quanto na atualização do parque gráfico brasileiro. Em 1921, publicou 'Narizinho Arrebitado', livro de leitura para as escolas. Por conta de seu sucesso, Lobato prolongou as aventuras da personagem em outros livros, nascendo aí o 'Sítio do Picapau Amarelo', que teve adaptações para a televisão — a primeira delas, por Tatiana Belinky, outra autora muito importante de obras infantis — , influencia as crianças até hoje.

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5. C.S. Lewis (1898–1963)

Nascido na Irlanda, Clive Staples Lewis foi professor de Literatura Medieval e Renascentista em Cambridge. Ateu durante muitos anos, em 1929, se converteu ao cristianismo, experiência que o ajudou a entender não somente a indiferença como também a indisposição de aceitar a religião. Com sua mente lógica e brilhante e seu estilo vivo e lúcido, escreveu livros adultos e histórias infantis conhecidas por milhões de pessoas no mundo inteiro. Entre elas estão 'As Crônicas de Nárnia', sucesso mundial publicado no Brasil pela WMF Martins Fontes, cujo destaque é a proposta de escapismo para um mundo no qual o mítico e o moralismo são muito próximos e estão conectados por meio de uma espécie de ensinamento religioso.

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6. Antoine de Saint-Exupéry (1900–1944)

Terceiro filho do conde de Saint-Exupéry, Antoine nasceu em Lyon, na França, e tornou-se militar, no Regimento de Aviação de Estrasburgo, após ter sido reprovado para a Escola Naval. Durante a Segunda Guerra Mundial, voou com as Forças Francesas Livres e lutou com os Aliados num esquadrão do Mediterrâneo. Na noite de 31 de julho de 1944, ele partiu de uma base aérea na Córsega e não voltou. Em 2004, os destroços do avião que pilotava foram achados a poucos quilômetros da costa de Marselha. Além de atuar como piloto, escreveu para jornais e revistas franceses e publicou diversas obras, sempre com temas ligados à aviação e à guerra, entre elas 'O Aviador' — mas seu grande sucesso é mesmo o livro infantil 'O Pequeno Príncipe', que começa justamente após uma pane num avião. Hoje em domínio público, essa obra possui uma míriade de edições, como as da Autêntica, Ediouro, Zahar e Companhia das Letrinhas, além das da Geração (em formato pop-up) e Amarilys (que mostra o protagonista um pouco mais velho). É um dos maiores best-sellers da história.

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7. Cecilia Meireles (1901–1964)

Nascida no Rio de Janeiro, é considerada a primeira grande escritora da literatura brasileira e a principal voz feminina de nossa poesia moderna. Era professora e dedicou muitos anos de sua vida ao magistério, enquanto desenvolvia uma intensa atividade literária e jornalística e também publicava artigos sobre educação. Suas obras são permeadas de musicalidade e combinam versos regulares e livres, além de metros diversos. Seus poemas não ficam restritos à leitura infantil, permitindo diferentes níveis de leitura, sendo a sua obra mais famosa voltada a esse púlico o livro 'Ou Isto ou Aquilo' (publicado pela Global Editora), que tem como mote mostrar como a vida é feita de escolhas, que são muitas vezes difíceis de serem tomadas.

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8. Roald Dahl (1916–1990)

Foi espião, piloto de caça, historiador de chocolate e inventor médico. Isso tudo pode parecer um exagero típico das obras do autor, nascido no País de Gales, mas é real. Ele também foi o autor de livros como 'A Fantástica Fábrica de Chocolate', 'Matilda' e 'O BGF', além de ter escrito roteiros para a televisão e o cinema — o que inclui o do filme 'Com 007 só se Vive Duas Vezes' (1967). Dahl recebeu o seu nome em homenagem a Roald Amundsen, norueguês que foi o primeiro homem a visitar o Polo Sul. Logo em seus primeiros anos de vida, sua irmã mais velha e seu pai falecerem e, por conta disso, sua mãe o mandou para o internato, onde muitos eventos bizarros e memoráveis mais tarde seriam relatados numa autobiografia. Dessa época vem também o seu maior sucesso, já que certa vez os alunos foram convidados a julgar barras de chocolate — memória que ficou com Dahl ao longo de sua vida e inspirou 'A Fantástica Fábrica de Chocolate', publicado no Brasil pela Martins Fontes — Selo Martins. Em 2016, ele foi lembrado no mundo todo pelo seu centenário de nascimento.

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9. Ziraldo (1932)

Nascido em Minas Gerais, é pintor, cartazista, jornalista, teatrólogo, chargista, caricaturista e escritor. Explodiu nos anos de 1960 com o lançamento da primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um só autor: 'A Turma do Pererê'. Durante a ditadura militar, fundou com outros humoristas 'O Pasquim', um jornal não conformista, e também criou quadrinhos para adultos. A partir de 1979 — após ter publicado em 1969 o seu primeiro livro infantil, 'FLICTS' — Ziraldo concentrou-se na produção de livros para crianças, e em 1980 lançou 'O Menino Maluqinho', um dos maiores fenômenos editoriais do Brasil no gênero. O livro já foi adaptado para teatro, quadrinhos, ópera infantil, vídeo-game, internet e cinema. Seus trabalhos já foram traduzidos para diversos idiomas, como inglês, espanhol, alemão, francês, italiano e basco.

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10. Mauricio de Sousa (1935)

Nascido em Santa Isabel, no interior de São Paulo, e filho de poetas, Mauricio de Sousa desenhava cartazes e pôsteres ainda quando estudava, para ajudar no orçamento doméstico. Mas seu sonho era se dedicar ao desenho profissionalmente. Nessa direção, chegou a fazer ilustrações para os jornais de Mogi, onde passou a morar quando era criança, antes de pegar amostras do que já tinha feito e ir para São Paulo em busca de emprego. Como não conseguiu nada na área, passou a ser repórter policial. Depois de cinco anos, quando estava dividido entre a polícia e a arte, ficou com a velha paixão e criou uma série de tiras em quadrinhos com um cãozinho e seu dono, Bidu e Franjinha, e ofereceu o material para os redatores da Folha, que aceitaram o trabalho. Nos anos seguintes, Mauricio criaria outras tiras: Cebolinha, Piteco, Chico Bento, Penadinho, Horácio, Raposão e Astronauta. Ele criou um serviço de redistribuição que atingiu mais de 200 jornais ao fim de uma década. Depois, veio a Mônica, em 1970, e toda a sua turma, que fazem um sucesso estrondoso até hoje.

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Jacob Paes
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Editor de livros, graduado em Produção Editorial e estudante de Letras/Italiano. No tempo livre, curte séries, filmes, carros e, claro, livros @tresemeiopodcast