“Ninguém Nasce Herói”, novo livro de Eric Novello

Ninguém Nasce Herói: Primeiro capítulo.

Eric Novello
Blog do Eric Novello

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Site do autor: http://ericnovello.com.br/

Se eu pudesse congelar o tempo

Hoje é o dia D, o ponto G, uma letra à sua escolha em nossa luta diária contra o ódio que se instaurou no país. É triste ver o quanto as pessoas se acomodam, como a tudo se habituam, um dedo que aponto para mim também. Se tivéssemos um pouco mais de atitude e inteligência, o pior teria sido evitado.

Seguindo o combinado, pego a mochila e vou à praça Roosevelt, ao lado da Igreja Nossa Senhora da Consolação. O ponto de encontro não foi definido ao acaso nem por provocação. Quarteirão cultural, reduto de artistas, local de reunião dos que lutaram contra a ditadura, ponto final da extinta Parada do Orgulho lgbt, terra de sátiros e atores de teatro, a história da Roosevelt faz dela mais do que uma amálgama de ferro, cimento e obras superfaturadas. Além disso, tem boas rotas de fuga, caso precisemos correr.

Não é fácil ser um pacifista em tempos de repressão. Fazer a diferença sem pegar em armas. Manter o senso sem deixar que o medo cale nossa voz.

Meus anos de terapia me ensinaram três coisas: primeiro, tenho uma tendência a tentar controlar situações que não estão sob meu controle; segundo, eu faria qualquer coisa pelos meus amigos, qualquer coisa mesmo; terceiro, minha relação com a realidade é ligeiramente diferente da mantida pelo restante das pessoas. Ontem à noite, a combinação dessas três coisas acabou com a possibilidade de um sono tranquilo. Por mais que me concentrasse em dormir, só conseguia pensar no que poderia dar errado hoje quando me encontrasse com Amanda e Cael.

O truque foi apelar para um café forte quando acordei. A ansiedade ao chegar ao ponto de encontro deixa minha respiração pesada, e as paredes do pulmão parecem colapsar. Preciso de uns segundos para recuperar a calma, então vou para o meu canto favorito da praça esperar pelos dois. A pista de skate tem um bom campo de visão, com uma tartaruga voadora grafitada sobre uma floresta de edifícios. O tanto de verde faz lembrar os antigos jardins verticais que ladeavam o Minhocão, hoje só mais um caminho cinzento.

Sentado ali na borda vendo um menino e uma menina de mochila nas costas improvisarem manobras, eu espero. Vinte minutos de tombos e skates no ar se passam, e resolvo ligar para meus amigos. É claro que nenhum dos dois atende o celular. Sabem que vou falar um monte pelo atraso. Me resta ficar de olhos atentos.

É incrível como amanhece cedo nesta cidade. A gente já acorda na pressa, com caminhão buzinando, cachorro do vizinho latindo, radialista contando a extensão do engarrafamento como se fosse final de novela. Mais uma estranheza à qual a gente se acostuma, mas que não precisava estar aqui. Bastaria alguém e força de vontade. Bastaria dizer chega. O problema é que o “basta” abre as portas para o desconhecido. E, hoje, o desconhecido causa medo. Infelizmente, é essa a nossa cidade. Desperta para a rotina louca do trabalho, narcoléptica para todo o resto.

Amanda e Cael atrasam quase uma hora, me deixando preocupado e meio puto ao pensar na cama que abandonei ainda de madrugada. Ao vê-los no fundo da praça, contudo, respiro aliviado. Pulo do muro onde estou e me despeço da tartaruga.

Eles vestem roupas discretas, conforme combinamos, cada um com uma mochila nas costas. Amanda se aproxima acenando. Se desculpa com um abraço gostoso, sua especialidade. Ela é macia como ninguém mais sabe ser. Com dezessete anos, é a mais nova entre nós. Acabou de terminar o ensino médio e parece estar sempre ligada no duzentos e vinte.

Cael vem logo atrás. Caminha de um jeito elegante, seu cabelo grosso e cacheado balançando com a preguiça de quem acabou de acordar. Os dois são irmãos, cópias quase idênticas dos pais, e parte do grupo que chamo de melhores amigos.

— Muito bonito ignorar minhas ligações — já vou reclamando.

Para desarmar meu bico persistente, Cael puxa meu mamilo como se fosse um elástico. A cara de dor que faço não é das melhores.

— Ei… mamilos. Já tivemos essa conversa.

— Bom dia pra você também — ele responde. — E foi mal o atraso. Tinha gente suspeita por perto, preferi não atender.

— Sem problema — digo, conformado. Numa época como a nossa, onde qualquer um pode ser um maluco seguidor do governo e potencial dedo-duro, não dá mesmo para arriscar. — Aproveitei para sondar o ambiente.

— Algo suspeito? — pergunta Amanda.

— Parece tranquilo. Querem tentar um double kickflip antes de começar? — Aponto para uma skatista. Fico à espera de um comentário espirituoso de Cael, esticando o momento de descontração, uma frase mágica que diga sem dizer: vai ficar tudo bem. Mas a ansiedade parece embolar as palavras em nossas gargantas.

— Já passaram três meses sem nenhum incidente — Cael diz por fim. Ele sabe que não acredito no Pacto de Convivência; só está comentando pra tranquilizar a gente. Mas estamos uma pilha, não dá para disfarçar. Posso sentir o suor na palma da mão que segura a alça da mochila.

— Se quiserem voltar, eu faço sozinho. Não tem problema nenhum.

— Cala essa boca, Chuvisco. Ninguém vai te largar aqui.

— Essa é a versão da Amanda de um comentário carinhoso.

— E aí, vamos trabalhar ou vão ficar de conversa mole? Quanto antes a gente começar, mais cedo vamos para casa. Quero falar sobre os amigos que sumiram do mapa. Colegas de turma que um dia estavam lá, estudando, conversando e bebendo conosco, e no outro desapareceram. Vontades que eu calo, simplesmente. Apesar da cautela, me recuso a deixar o medo germinar.

Amanda e Cael sabem de cada história tão bem quanto eu. Às vezes de longe, às vezes de perto, acompanhamos cada passo do Escolhido à presidência da República e as manobras políticas que o levaram a dominar o Congresso.

Nosso ponto de discordância é o recente Pacto de Convivência anunciado pelo governo. Tudo muito bonito no discurso.

O símbolo de uma era de paz, do fim da perseguição a minorias e a pessoas com ideais divergentes dos que formam sua base de apoio. Mais uma peça publicitária para ele se fingir de bom moço enquanto manda a polícia nos encurralar e descer o cacete. O ministro de Sei Lá o Quê fez o pronunciamento na tv, três meses atrás, sem nenhuma ironia ou ambiguidade. O problema é que, mesmo com toda a minha imaginação, deixei de acreditar em Papai Noel há bastante tempo.

É meu papel manter meus amigos despertos. O deles é me manter são. Repetimos a conversa em dezenas de oportunidades nos últimos dias. Sabemos do risco de estar ali, testando os limites de nossa liberdade de expressão. E no fundo no fundo, assim como eles, também quero acreditar que vamos ficar bem. Se o Pacto for real, ninguém vai se incomodar com três amigos distribuindo livros de graça em uma praça, certo?

E é isso o que fazemos.

Depois de uma rápida olhada ao redor, nos dispersamos, cada um indo para o ponto acertado. Caminhamos até formarmos um triângulo equilátero. Amanda e Cael, perto de cruzamentos, podem fugir facilmente se for preciso. Eu tenho os fundos da praça e as transversais que levam para a rua Augusta, área que conheço de cabeça dos happy hours depois da faculdade.

Abrimos as mochilas e começamos a entregar livros aos sonolentos que passam por nós. Seja simpático, Chuvisco, e tudo vai dar certo. Além da estação de metrô, a região agrupa pontos de ônibus de várias linhas, o que a torna um local perfeito para interagir com a população. Alguns recusam o livro logo de cara, sem saber do que se trata, apenas porque rejeitam qualquer coisa diferente da programação habitual. Outros pegam e agradecem, indo embora após uma olhada rápida na capa. O que mais dói são os que se afastam por medo, como se estivéssemos distribuindo armas de destruição em massa.

Talvez estejam certos.

Sei que vários vão deixar o livro sobre os muros e lixeiras do metrô, mas precisamos tentar. Uma leitura durante o trajeto, ou talvez em casa, escondido no banheiro. Uma página, cinco, as duas orelhas — o que vier é lucro.

O título escolhido para distribuição é Rani. É um dos livros banidos pelo governo por seu conteúdo abre aspas ofensivo a um país cristão fecha aspas. Ele conta a história de uma menina que descobre ser xamã e precisa ajudar amigos sobrenaturais como bruxas, demônios e lobisomens a encontrar um amuleto antigo e poderoso. Não sei se ofende mais os fundamentalistas pelo aspecto fantástico ou por ter como protagonista uma mulher negra que ouve rock e gosta de futebol. Sua venda foi proibida tempos atrás, numa das medidas saneadoras do novo governo. Outras centenas de títulos também sumiram das livrarias e sebos. Mês a mês, compramos edições encalhadas por um preço ridículo e as trazemos para as ruas em pequenas levas.

O contato inicial com os pedestres é tenso, como de costume.

Falar com estranhos sem o conforto de uma tela não é minha especialidade. Mas a cada “oi” vou me soltando. Ou pelo menos tento. Interpreto as caras fechadas como o prenúncio de um murro. Me esforço para manter o sorriso no rosto a cada “Tá louco?”, “Vai ler a Bíblia, garoto” e “Isso é crime” que escuto, e respondo com um gentil “Obrigado”.

Apesar dos pesares, nos mantemos firmes em nosso objetivo durante vinte e dois minutos e vinte e quatro livros. Então, uma dupla de policiais aborda Cael. Numa época em que preconceitos antes velados são gritados com orgulho, não me espanta que tenha sido ele o eleito. Para nossa sorte, nenhum dos dois ostenta a asa dupla na frente do uniforme, uma liberdade concedida pelo governo a policiais e militares que querem demonstrar abertamente seu apoio aos fundamentalistas.

De longe, o sujeito parece durão. A mulher com ele, precavida. Ambos mantêm as mãos afastadas das armas. Cael fala baixo, tenta não gesticular demais. Para o bem e para o mal, sabe que comportamento adotar numa abordagem. Não pode dar motivos para a ação. Daquela distância, ninguém erraria. Seria virar as costas para correr e cair morto.

Vou me aproximando a passos lentos, pensando na melhor forma de interromper o ritual de intimidação. Estou no meio do caminho quando Cael sobe o tom de voz e Amanda acelera o passo, deixando a prudência de lado. Ela marcha pela praça com cara de poucos amigos, e o receio de que estoure num rompante para defender o irmão me faz correr também.

Chegamos quase juntos, e peço calma com as mãos. Ela engole o desaforo já na ponta da língua. O policial nos examina com um olhar de desdém, tentando identificar nossa relação com Cael. Tenho a impressão de que parece mais interessado em demonstrar sua superioridade do que em nos machucar. Ainda assim, não podemos dar bobeira.

— Não estamos fazendo nada de errado — começa Amanda.

— Vocês não podem tratar a gente assim.

A atitude dela desagrada o policial.

— Abram as mochilas — ele manda, quase derrubando a de Cael no chão. Posso jurar que vai sacar a arma a qualquer momento. — Quem não deve não teme.

Antes fosse verdade. O policial estende a mão para iniciar a revista, e Cael recua.

— Quem me garante que você não vai jogar nada dentro dela? — ele pergunta.

O sujeito não esconde o mau humor.

— Tá me chamando de desonesto?

Sua parceira fica impaciente com a situação. Para nossa sorte, mais com ele do que com a gente. Pede para o homem dar uma volta enquanto conversamos. Ele ignora. Pergunta se tem mais alguém com a gente. Digo que não. Repito devagar, quase num juramento. É a verdade.

O policial carrancudo não arreda o pé. Dá uma espiada por alto na minha mochila e na de Amanda. Na de Cael, mexe em cada bolso, cada divisão que encontra. Até um papel de chiclete amassado ele desdobra. No fim, pede para ver o livro.

Noto pela cara dele, pelas sobrancelhas grossas se tocando no alto do nariz, que só as cores da capa já o incomodam. O texto da quarta capa é seguro, e ele parece até achar graça.

Então vai para a orelha, e sua expressão se transforma.

— Punk. Death. Metal — ele fala, saboreando cada palavra.

— Sabia que tinha coisa errada aqui assim que vi você. Você.

Ele aponta o dedo branco para a pele negra de Cael. É como se não estivéssemos mais por perto. Antes que Amanda faça uma besteira, o irmão a segura pelo punho, a puxa mais para perto. Olha rápido para mim, com uma expressão de censura no rosto. Ambos entendemos o recado e não reagimos.

Não vamos ser a desculpa de que o policial precisa para usar a arma.

— É só um livro — Amanda argumenta, indicando com a cabeça o volume nas mãos do homem. Sua voz está tranquila agora. A estratégia parece dar certo. A carranca do policial se ameniza.

Punk. Death. Metal. Nunca foi esse o problema.

— Só tem um livro que importa nessa vida, e duvido que um dos três esteja com ele na mochila.

A policial respira fundo.

— Tá resolvido aqui, Constantino?

Ele olha de Amanda para Cael, indeciso, então de volta para sua parceira.

— Vou mostrar que sou boa gente, um seguidor da palavra, e liberar vocês por hoje. Por hoje. Mas, se aceita um conselho — ele fala para Amanda, galanteador — , você é bonita demais para se envolver com bandido.

— Ele é meu irmão — ela diz. Mesmo com as bochechas vermelhas de raiva, consegue manter a fachada de inofensiva, graças aos anos de aulas de teatro.

A resposta o deixa visivelmente desorientado. A pele dela é mais clara que a de Cael, o suficiente para dar um nó na cabeça do cão raivoso. Ele olha de um para o outro sem parar, como se estivessem lhe pregando uma peça. Posso ver a fumaça saindo por seus ouvidos, os miolos entrando em curto.

— E ele é ator, não bandido — Amanda completa.

O policial olha Cael com mais atenção, como se tentasse reconhecê-lo. Mas duvido que se importe com a fama do meu amigo.

Antecipando o recomeço da discussão, sua parceira se manifesta:

— Escuta aqui, garotos, deem o fora e ninguém se prejudica.

Era tudo o que eu precisava ouvir. Basta recuarmos. Deixarmos que o policial sinta o gostinho ilusório de sua vitória por ter nos tirado da praça.

O mais discretamente possível, fecho a mochila. Pego a barra das camisetas de meus amigos e os puxo para trás. Quando sinto Amanda começar a ceder, engavetando a frustração do dia, Cael dá um passo à frente e fala:

— O Pacto de Convivência garante nosso direito de estar aqui. Não estamos fazendo nada de errado.

Droga, Cael.

Ele é esperto. Ou tão esperto quanto alguém que discute com um louco armado pode ser. Sabe que deve evitar a isca lançada pelo policial, o preconceito que transborda em sua baba raivosa, e tenta vencê-lo no seu próprio jogo. Mas aquele jogo vem de muito antes da ascensão dos fundamentalistas.

E é possível que o Pacto signifique ainda menos para ele do que para nós.

Antes que alguém faça bobagem, me enfio na frente dos dois. Mantenho o olhar firme no sujeito.

— Vamos embora, Cael — peço. Busco o apoio da policial que demonstrou sensatez. Sua cara de cansaço mostra que teve uma semana cheia. Já na minha se vê apenas desespero. Não saberia fingir outra coisa no momento.

Para não perder o controle da situação, aperto os dedos contra a palma e congelo o cenário ao nosso redor. Os carros simplesmente param, as ruas se transformando num cenário inerte. Os pedestres parecem estátuas: há rostos virados na nossa direção, preocupados, outros foram congelados enquanto disfarçavam, fingiam que nada estava acontecendo, provavelmente mais interessados em chegar ao trabalho no horário para não ter problemas com o chefe. Apenas o vento continua a soprar, levando com ele folhas mortas, poeira e embalagens.

Não posso deixar que saque a arma. Nada de virarmos novos nomes na lista de vítimas do governo. Fotos na parede, parte do memorial de parentes e amigos. Por sorte, a policial está mesmo disposta a resolver a situação. Tira o livro da mão do seu companheiro e me entrega com tanta calma que, mais uma vez, ele fica sem reação.

“A paz não pode ser mantida à força, apenas pelo entendimento”, tenho vontade de citar, mas chega de bocudos por hoje.

— Deixa eles comigo — diz a mulher. — Não são nem oito da manhã. Quer realmente voltar pra dp e preencher relatório de apreensão de três garotos distribuindo livros infantis? Quer explicar pro chefe por que encrencou com um ator de tv? Ele anda soltando os cachorros pra cima da gente por tudo e por nada. Imagina com mais essa confusão? Além disso, é fim do mês. A gente vai estourar as estatísticas.

O policial bufa, mas finalmente cede. Joga a mão para o alto como quem diz “vocês que se entendam” e segue seu desfile de autoridade pela praça. A policial só se vira para nós quando ele chega a um balcão de padaria do outro lado da rua. Ela insiste que é melhor irmos para casa, já que os ânimos se exaltaram mais do que o necessário.

— Não quer ficar com ele? — Estico o livro de volta. Ela ergue uma sobrancelha, como quem tenta decidir se sou burro ou petulante. — Um presente pela ajuda.

— Vou guardar no carro. Gostei muito do último. — Ela deixa a frase no ar e vai embora. Não sei se é uma pessoa consciente ou se está passando o recado de que tem observado nossas ações. Talvez seja hora de escolher um lugar diferente para nossas distribuições semanais.

Cael engole em seco, xinga baixinho. Nós três nos abraçamos de um jeito atrapalhado, narizes colidindo com ombros e cotovelos. Por trás do ódio cuspido em nossa cara, a reação da policial me deixa com uma ponta de esperança que prefiro afastar. Mesmo que seja real, não é suficiente. Não depois de tudo o que tiraram de nós.

— Achei que iam matar a gente.

Quem fala é Amanda. O rosto dela segue vermelho, o choro pedindo para ser liberado. Cael continua me olhando firme, mas seja qual for sua mensagem telepática, ela se perde no vento.

Só então noto que as pessoas ao nosso redor permanecem paradas, os pés levantados no meio de um passo, celulares na mão. Apertando os dedos novamente, respiro fundo e deixo o mundo seguir seu fluxo normal.

— Tá tudo bem? — pergunto, sei lá por quê. A resposta de Cael é abafada pelo barulho do tráfego retornando. Depois de verificar se os policiais não estão nos espreitando e repassar o combinado com meus amigos, digo um “vamos cair fora”, viro de costas e me afasto como se não os conhecesse. Por questão de segurança, cada um de nós toma uma rua diferente e some pelo centro de São Paulo sem olhar para trás.

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