A importância da autorregulação do aprendizado em tempos de pandemia

Semana passada, enquanto estava em aula remota com meus alunos do pré-vestibular (um beijo, queridos!), as novas datas para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio foram liberadas pelo governo federal. E como uma das nossas premissas enquanto instituição de ensino é também zelar pela saúde mental dos nossos alunos, deixamos as funções orgânicas e as regras da IUPAC um pouco de lado para que eles pudessem extravasar o que sentiam nesse momento.

Nós sabemos bem que o ano de vestibular é emocionalmente carregado para nossos alunos, nós já calçamos estes sapatos há algum tempo atrás. Mas o que eles experimentam agora, ou seja, ano de vestibular em situação de pandemia, é algo novo, desafiador e cansativo. Em meio às preocupações que compartilhamos, algumas eram mais recorrentes: “será que estamos preparados?”, “será que teremos tempo de terminar o conteúdo até a prova?”. Quantas dúvidas…

Somado a isto, nós entendemos também que não é possível e nem saudável sermos produtivos em 100% do nosso tempo. Os alunos acabam com um mar de coisas na mente: a data da prova se aproximando, não conseguem estudar o tanto quanto gostariam, estão preocupados com a saúde de familiares e amigos, preocupados com aqueles que não tem acesso a educação neste tempo… É muita coisa pra um momento tão importante.

É uma realidade complexa e todas essas sensações são legítimas e compreensíveis, mas, além de gerar esse turbilhão de sentimentos, nosso momento atual deve gerar ação. Sobretudo, ações que sejam realmente eficazes. E para tentar te ajudar nisso, quero te propor um exercício: pensar um pouco sobre autorregulação do aprendizado.

Calma que isso não significa ser autodidata, se virar sozinho, nem nada desse tipo. A autorregulação do aprendizado pode te ajudar muito agora. Pensa, por exemplo, que o autoconhecimento é muito importante em vários setores da nossa vida. Saber aquilo que nos é favorável sempre tem efeitos positivos e no processo de ensino e aprendizagem é semelhante.

Acho, inclusive, que uma das belezas deste processo é justamente essa: não importa como a mensagem seja emitida, cada receptor constrói seu conhecimento de formas diferentes. O segredo da autorregulação do aprendizado é justamente identificar essa forma que é mais proveitosa para você. É um processo de autorreflexão e ação no qual o aluno estrutura, monitora e avalia o seu próprio aprendizado.

Você já deve ter vivido alguma experiência de prova em que você passou dias estudando e, ainda assim, não teve o resultado que esperava. Nós logo achamos que não temos aptidão para aquela matéria, mas eu te pergunto: será que você está estudando certo? E antes que você questione, não tem uma receita. O que pode funcionar para o meu aprendizado pode não funcionar para o seu e vice versa.

É importante que vocês, alunos, se vejam como protagonistas deste processo. Você é o agente principal da sua aprendizagem. A autorregulação do aprendizado exige autoconhecimento, autorreflexão, controle de pensamentos e domínio emocional. É necessário que você combine esses fatores para identificar comportamentos que sabotam o seu aprendizado e passar a ter uma postura diferente quanto a isso.

Pense em quais estratégias te auxiliam a compreender melhor um assunto: sublinhar em um texto? Escrever resumos? Fazer fichas ou mapas mentais? Perguntas e respostas? Uma vez que você tenha identificado esta primeira etapa, a segunda tarefa vai ser relacionada a criar um ambiente propício para o seu aprendizado. Se organize, separe seu material com antecedência, faça um plano de estudos.

Entender o processo de aprendizado é uma ação introspectiva. De reflexão e de análise de resultados. É uma maneira de perceber que, devido a pluralidade de uma sala de aula, é impossível que todos aprendam de uma mesma forma. E o momento em que você descobre a sua melhor forma de aprender é um encontro!

Autorregular o aprendizado nesse momento em que vivemos se faz essencial. Otimiza nosso tempo, ameniza ansiedades e, sobretudo, nos auxilia na jornada rumo a realização dos nossos sonhos. É uma forma de tornar o estudo mais objetivo, direto e com sentido individual. Minha dica para hoje é: torne o processo de aprendizagem mais consciente. Observe o que funciona para você e principalmente não se compare com outros estudantes. Cada um de nós tem uma jornada.

Para terminar, como de costume, deixo vocês com uma frase de Paulo Freire, patrono da Educação Brasileira:

“Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho e na ação-reflexão”