Ciência&Educação: O que é Ciência? Será que você é um cientista?

José Araujo
Blog do Fator
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3 min readJul 10, 2020

Para começar esta coluna, é necessário primeiro estabelecer alguns acordos com o leitor, ou seja, você. Sendo o núcleo temático dessa parte do blog “Ciência e Educação”, a cada quinze dias trarei um novo post sobre tópicos diversos, como novas metodologias educacionais, resenhas sobre teorias do conhecimento e olhares científicos sobre assuntos comumente tratados nas escolas, sendo exemplos a política internacional e a biotecnologia. Além disso, na semana seguinte a esses posts, farei um trabalho de divulgação científica, contando a história de um cientista e sua contribuição. Inclusive lá vai o spoiler de semana que vem: um cientista educacional brasileiro e crítico ferrenho do modelo “bancário” de educação.

Agora, já podemos seguir para o tema de hoje. Peço que dedique os próximos segundos refletindo sobre as perguntas: o que seria fazer ciência? É possível fazer ciência fora do laboratório? Como você imagina um cientista? Um professor pode ser um cientista? Você consegue lembrar o nome de um cientista ainda vivo? Possivelmente, a sua resposta para essas perguntas deve ser bem clássica, aquela na qual a ciência é ligada à pesquisa laboratorial e à cálculos. Ademais, a figura clássica do cientista — idoso, com jaleco e até meio cômico — pode ter aparecido. De fato, essas visões não estão completamente erradas, mas elas representam somente a ponta do iceberg.

Nesse sentido, é evidente que nós hierarquizamos o conhecimento, conferindo maior prestígio a certas áreas, como a medicina e as engenharias. Com essa crença cometemos o equívoco de atribuir a produção de ciência apenas a essas áreas. Um exemplo disso é quando pensamos no estudo da origem da fala e da linguagem. Muitos acham que esse campo é pesquisado por médicos e psicólogos, porém ele é o principal objeto de estudo dos linguistas. Para sanar esse estereótipo, precisamos considerar o dicionário de Oxford, que define ciência como “conhecimento sobre a estrutura do mundo natural e físico, baseado em fatos que possam comprová-lo, como experimentos”. Portanto, fazer ciência pode ser interpretado como a produção de informações comprovadas experimentalmente, independente de área de conhecimento.

Nessa definição fica implícito algo crucial para uma pessoa ser considerada cientista: o método científico. Nessa perspectiva, essa abordagem consiste na observação, formulação de hipótese, experimentação e, por fim, validação da hipótese ou formulação de uma nova. Logo, um cientista nada mais é do que a pessoa que age sob o método científico, ou seja, aquele que faz uma pergunta impertinente e cai no caminho da resposta pertinente, parafraseando o matemático Jacob Bronowski. A partir do ilustrado, fica fácil pensar que a ciência pode ser feita fora do laboratório, tendo em vista a comprovação de hipóteses por meio de experimentos como estatísticas e questionários.

Outrossim, é fundamental lembrar que todas as formas de ciência são importantíssimas para nossa sociedade. Nós precisamos da ciência na medicina para a elaboração de vacina. Precisamos da ciência na física para o estudo da origem do nosso universo. Precisamos da ciência na sociologia para determinar os impactos do avanço tecnológico na nossa integração social… Enfim, precisamos da ciência em todas as áreas, inclusive na educação. Nesse cenário, professores podem ser considerados cientistas quando testam novas metodologias educacionais para tentar potencializar o rendimento de seus alunos.

Por fim, vale endossar que “aqueles que não aprendem com o passado estão condenados a repeti-lo”, como o escritor Stephen King diria. Por isso, é fundamental que nós aprendamos com pesquisas anteriores para construir novas ideias, teorias, protótipos e aprendizados. É justamente nesse ponto que entra a divulgação científica, possuindo o propósito de informar às pessoas sobre quem faz ciência hoje e o que elas pensaram.

Antes de finalizar este primeiro post, estava quase esquecendo, uma informação muito importante é que a ciência não depende de idade. Assim, se você (leitor) é um jovem apaixonado por ciência, saiba que você não precisa chegar a faculdade para isso. Você pode começar agora! Seja um jovem cientista, analise o mundo ao seu redor, faça hipóteses, comprove-as, frustre-se e repense. Além disso, caso tenha oportunidade, proponha um projeto ao seu professor, leve isso adiante, quem sabe você não estará apresentando esse trabalho em uma feira de ciências nacional ou até internacional um dia? Então, não desacredite dos seus sonhos, pesquise, arrisque-se, valorize a ciência e leia o próximo post na semana que vem.

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José Araujo
Blog do Fator

Estudante do CEFET/RJ e embaixador do Sistema Fator. Apaixonado por ciência, política internacional e educação, será que um dia consiguirei unir tudo?