LAB.Rio participa da XV Conferência do Observatório Internacional de Democracia Participativa

Nosso coordenador, Luti Guedes, esteve em Madrid em março e conta neste post como foi a experiência

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2 min readApr 17, 2015

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Luti Guedes apresentou o painel “Os desafios para novas políticas de Governo Aberto”.

“Estive em Madrid para a XV Conferência do Observatório de Democracias Participativas. Foram três dias e tive a oportunidade de falar na plenária final. Fui ver de perto: a velha política caducou!

Antes de mim, falaram prefeitas, prefeitos, deputados, deputadas, secretárias, secretários e especialistas. Só falou um negro em toda a conferência — um negro africano (porque no seu caso, continente vira pátria), e teve 15 minutos para contar sobre tudo o que está acontecendo no continente berço do mundo. Uma das intervenções mais incríveis. Pra situar a gente, só em 2014 aconteceram por lá mais de 340 experiências de orçamento participativo!

Lá, num momento de democracia eletiva, eu votei, pelo Rio e por todo sangue negro derramado na construção dessa cidade e de sua história, na cidade de Matola, em Mozambique, que venceu: vai ser a primeira cidade africana a presidir a rede. Lindo! Antes de mim, nenhum(a) jovem falou em toda a conferência. Depois também não. Pensar novas formas de governo com as mesmas pessoas do governo de sempre não é reformar a política.

Subi pra falar com todos os sonhos do mundo. Fui pra conferência esperando um espaço de compartilhamento sincero e trocas frutíferas — não era. Se eu descesse do palco sem desatar os nós que foram fazendo na minha garganta, engasgava na forca. Mais do que politizado, o espaço era político e conservador na versão europeia. Quando perguntaram sobre eleições em experiências de radicalização da democracia participativa, deputado, deputada e especialista ficaram tensos e, em defesa da democracia, começaram a apelar pra soberania da maioria — não entenderam que não é o jogo que questionamos, mas suas regras.

Vida longa à democracia, mas à democracia que é viva e cresce com o tempo, não uma que se petrificou em instituições anacrônicas.

Eu, que prefiro ser dono de meus passos a fazer roda girar, preferia ir caminhando pra conferência a ir no ônibus fretado. No primeiro dia, a flor da organização já me disse: ok, agora que sei que você sabe voar, não te esperarei pra ir conosco. Sorriu.

Sorri: esses dias descobri que ser livre não é voar vidinteira, mas voar e poder pousar quando quiser. No LAB.Rio, estamos na labuta diária de tentar transformar esta democracia por dentro — ouvindo, dialogando, construindo de-mo-cra-ti-ca-men-te”.

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Laboratório de participação da Prefeitura do Rio, para aproximar o poder público dos cidadãos e cidadãs cariocas. Mais em: lab.rio.gov.br