Um desabafo + Romagaga, e um pouco além.

Matheus Gaudard
Diversificando
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5 min readFeb 21, 2016

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Por Matheus Gaudard | Você pode acessar o post original aqui!

Sobre o que aconteceu com a Romagaga esta semana? Infelizmente ainda é a realidade, mesmo que ela tenha criado toda a situação para se “autopromover” na mídia. Ainda assim é a realidade. Hoje você não pode ser nada que fuja dessa moral forjada, por uma sociedade ainda mais inventada que seus valores, e já é mira para ameaças. Quando falamos que temos medo, não é bobagem, nem fraqueza ou vitimismo, é porque sabemos — embora difícil seja entender — o quanto o ser humano ainda é moldado pela crueldade e possui um ego estranho por isso.

Em A Esperança (último livro da trilogia Jogos Vorazes), Suzanne Collins deixou claro, na visão do personagem Gale, que nunca é para subestimar a crueldade daquele que enfrentamos. Certo. Mas ponto negativo para todos nós, que ainda pensamos que temos como inimigos as pessoas, quando o único inimigo é na verdade a Moral. Mas como quebrá-la? Uns são escravos dela, outros, como eu e feministas e não-monogâmicos e antipatriarcais e mulheres trans e homens trans e pessoas não-binárias e negros e etc. procuramos a cada dia somente ser mais livres.

É um erro?

Não estou me acorrentando a inferno algum por simplesmente querer ser eu, e não ser você. Não ser como você. Por querer ser livre. Já ouvi tanta coisa do tipo “Deus não aprova isso”, e estou cansado desta tal ladainha. E mesmo assim tenho a educação de me desculpar, quando vou rebater, dizendo que, em minha vida quem aprova algo sou eu, não é você nem o seu deus.

Nhaí, deu para entender?

Não? Poxa. Por que você deve vetar meu casamento com uma pessoa do mesmo sexo que o meu, quando eu sou daqueles que se calam para sempre após a pergunta clichê dessas cerimônias, em qualquer casamento heteronormativo, porque sei que não é da minha conta meter a colher na sua vida de homem com mulher? Tipo, não é também da sua conta com quem escolhi passar o resto da minha vida, ou um pedaço dela, que seja. Não é da sua conta se estou sentando na vara ou estou deixando com que se sentem na minha. E não é da sua conta se falo com esse linguajar, ou não.

NÃO É DA CONTA DE NINGUÉM.

É tão difícil “viver, e não ter a vergonha de ser feliz”? É tão difícil viver, e DEIXAR com que o outro não tenha a vergonha de ser feliz? Por que você tem que se intrometer dentro da minha casa, dentro da minha cueca, dentro da minha alma, mexer no meu espirito e reverter meus sentimentos, que não ferem a ninguém, a pessoa física nenhuma? Porém, fere, sim, às instituições e suas morais. Morais que são delas, e não suas. E só. É ridículo achar que seu jeito fere o meu de ser, e vice-versa. Ou melhor dizendo, ferir fere, sim, quando pessoas de um grupo são assassinadas por causa da opinião do outro.

Com tanto ódio gratuito, fico a me perguntar, todos os dias, para que serve essas instituições que dizem pregar o amor ao próximo nesse mundo, se, com exceção de nenhuma, parecem não estar funcionando? Nem essas e nem outras que nos abrem os braços, ou que pelo menos deveriam, nem que fosse na merda da educação que parimos? — o que é mais uma porra de instituição. Sem contar a família, pouco se lixando também. Outra porcaria de instituição.

As engrenagens que deveriam rodar e se emaranhar umas nas outras e colocar para funcionar as relações interpessoais estão faltando óleo, posso pensar que sim. Porém não. Perderam o sentido de rotação. Rodam inversamente.

As pessoas têm deixado, dia após o outro, de ser por outras pessoas. E agem como se estivessem sendo por elas mesmas, mas estão sendo por um mecanismo já quebrado. Estão sendo como crianças, quando insistem em andar de bicicleta com rodinhas, tendo já, na verdade, equilíbrio para dar as primeiras pedaladas sem elas. Essa moral que teclam sempre já tem o segundo preço mais baixo no mercado atual dentre o que é produto de uma sociedade. E as pessoas a compram talvez por isso: o acesso fácil, o preço em conta, e assim sustentam essa superprodução. Enquanto aquele que lidera o ranque dos preços mais baixos, ao analisar a intolerância, tem sido o homem, que ao invés de estipular seu valor frente a moral, e dizer que vale mais, tem deixado valer-se mísero 1 centavo.

Um absurdo!

Ninguém mais aposta no ser humano, pois me diz quem espera o troco de 1 centavo no mercado!

Mas eu vivo aqui, sem minhas apostas, ou com elas bem limitadas, como tantos outros, pois 1 centavo ainda é dinheiro para o pobre, negro, travesti morador de periferia… E meus pais bem me ensinaram que de grão em grão a galinha enche o papo, então não vale desperdiçar, nada, NEM UM SER HUMANO. Valemos o mesmo valor. Você, eu, ela… Nós. O rico, o pobre, etc… E quando invisto e aposto nisso, na verdade não estou perdendo quantia nenhuma que eu tinha, apenas acrescentando. Olha que bacana. E eu posso deixar de ser só objeto nas garras da sociedade e fazer dela o meu produto, também. Eu posso ser sujeito…

Pensemos nisso:

Investir nessa moralidade costumeira não tem sido muito seguro para arrecadamentos interpessoais.

Iniciemos, agora, uma reforma no moralismo, e caminhemos em seguida para a sua extinção, ou deixemos o homem esquecer de ter sido um animal racional que um dia esteve no topo da cadeia alimentar.

Nhem-nhem, estou sendo exagerado, mas é para ver se faz algum efeito. Uma aposta. Não está me custando nada, não é? Então, pois é. ;)

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Matheus Gaudard
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Desde 1989. BICHA NÃO-BINÁRIA, ILUSTRADOR, PÓ(ÊTA), ESCRITOR LGBTT e AQUARIANO que liga pra flores 🌈